terça-feira, 2 de setembro de 2014

COLUNA DO JAECI » Mudança de atitude é fundamental‏

COLUNA DO JAECI » Mudança de atitude é fundamental
É claro que a vida segue, mas se esses jogadores não forem capazes de admitir a vergonha, o erro, o péssimo futebol do Mundial, será difícil dar a volta por cima 
 
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 02/09/2014


 (alberto escalda/em/D.A Press %u2013 17/7/94)

Miami – Cláudio André Mergen Taffarel. Quem não se lembra dele no Brasil? Tetracampeão mundial (foto), ídolo do Internacional e do Atlético e agora preparador de goleiros da Seleção Brasileira. Nós nos reencontramos ontem de manhã, depois de alguns anos. Ao lado da mulher, Andrea, com o mesmo sorriso simples, careca, de barbicha branca. Será o responsável por preparar um jogador da posição até a Copa do Mundo de 2018. É claro que tem todos os predicados para isso. O problema é que a safra também é ruim e ele preferiu apostar por enquanto em Rafael, do Napoli, e em Jefferson, do Botafogo e remanescente do grupo fracassado no Mundial do Brasil. Bati um papo também com o coordenador Gilmar, reserva de Taffarel no título de 1994.

Num primeiro momento, todos os encontros são amigáveis. E espero que continue assim. A CBF contratou três campeões do Mundo de 20 anos atrás: Dunga, Taffarel e Gilmar, além do provisório Mauro Silva. A ideia é boa, pois nada melhor do que reunir vencedores que conhecem o histórico da Seleção, mas, sem nova mentalidade, tudo é mais difícil. Não adianta querer mudanças de atitude em apenas um ou dois encontros. A filosofia básica precisa ser alterada, pois estamos partindo praticamente do zero, por causa do estrago provocado pelo alemães naqueles 7 a 1 de lascar. Curiosamente, o discurso aqui dos jogadores que estavam naquela horrorosa partida é tranquilo. A maioria acha que foi acidente de percurso, quando era uma morte anunciada havia tempos, pela falta de futebol de qualidade no Brasil.

Vocês que me leem conhecem bem minha posição: do grupo que fracassou, só convocaria Neymar. Talvez abrisse um espaço para Tiago Silva, mas jamais para o chorão David Luiz, zagueiro limitado, de marketing impressionante. A maioria dos colegas que estão em Miami o considera um senhor zagueiro. Para cantar o Hino Nacional a plenos pulmões, não teria melhor, mas, como jogador... Ouvi de Ricardo Lopes, goleiro campeão brasileiro pelo Fluminense em 1984 e vivendo aqui há 27 anos, que em sua época, se tomasse de sete de outro time, pegaria justa causa e a vergonha jamais iria embora, mas, para os remanescentes da Copa (só Fernandinho ainda não chegou, por problemas de visto), tudo parece normal.

É claro que a vida segue, mas se esses jogadores não forem capazes de admitir a vergonha, o erro, o péssimo futebol do Mundial, será difícil dar a volta por cima. Se acharem que foi um fato extra aquela derrota, não mudaremos nossa postura. A arrogância deve ser deixada de lado, já não somos os donos do planeta bola há tempos.

Acho até que Dunga tinha a intenção de chamar mais jogadores que atuam no futebol brasileiro. Mas, com esse calendário, em que os times continuam jogando mesmo que haja amistosos da Seleção, fica difícil. Ele vai prejudicar Cruzeiro e Atlético em três rodadas, pois trouxe Ricardo Goulart, Éverton Ribeiro e Diego Tardelli. Se o Brasileiro fosse interrompido, poderíamos ter mais jogadores do país aqui e eliminar mais alguns fracassados. O que Maicon, por exemplo, vai acrescentar? Ou o próprio Robinho, chamado às pressas? É esse tipo de comportamento que deve ser condenado. E é preciso dizer também que nosso objetivo é a Copa do Catar’2022. Para a Rússia’2018 é ilusão sonhar com a taça. Estamos apenas iniciando um projeto, com time fracassado, sem craques e com apenas um jogador em condições de chegar a tal condição: Neymar.

Lembram-se de quando Robinho surgiu? Chegou a ser apontado como novo Pelé, mas aos poucos foi se esvaziando, com atuações pífias no Real Madrid, no Manchester City e no Milan. Agora, repatriado, o que tem a oferecer à Seleção? Claro que precisamos de uma base para o começo do trabalho. Mas apostar em quem leva 10 gols em dois jogos de Copa do Mundo é demais. Tomara que 2015 chegue logo e traga com ele um calendário mais humano, em que os campeonatos parem sempre que a Seleção entrar em campo. Será saudável, pois poderemos ter mais jogadores que atuam no Brasil jogando pela Seleção. É um desejo antigo da torcida. E, na atual condição, Dunga não deve contrariar a opinião pública, sob pena de não ter respaldo para prosseguir o trabalho.

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