segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Windows 8


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Pressionada pelo crescimento do mercado de aparelhos móveis, Microsoft lança na próxima quinta-feira o Windows 8, nova versão do sistema operacional mais usado no mundo e que foi totalmente reformulado
Windows 8
Windows 8


BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na próxima quinta-feira, em uma série de eventos simultâneos em vários países, a Microsoft fará o mais importante lançamento de sua história recente: apresentará oficialmente o Windows 8, a nova versão do sistema operacional utilizado por 92% dos computadores do mundo.
O novo programa não carrega só o peso de repetir o sucesso do Windows 7, lançado em 2009 e que teve 650 milhões de licenças vendidas, ou de manter a hegemonia da Microsoft no mundo da computação pessoal, que dura mais de duas décadas.
O Windows 8 será a principal peça na transição da companhia para aquilo que Steve Jobs batizou de "era pós-PC", em que máquinas são ultramóveis, telas respondem ao toque, interfaces são mais atraentes, e dispositivos estão conectados à web e sincronizados entre si.
Para isso, o sistema operacional mudou: foi projetado para telas de toque e ficou com visual de smartphone.
A Área de Trabalho, interface tradicional do sistema, e o menu Iniciar, deram lugar a uma tela inicial com grandes e coloridos ícones retangulares, que se distribuem na horizontal e exibem dados atualizados em tempo real.
Outra novidade é o menu Charms, que permite acesso rápido a funções básicas, como busca, compartilhamento e configurações do PC.
O Windows 8 se conecta à nuvem. Os documentos e arquivos guardados na máquina se misturam aos que estão hospedados na internet -uma busca no aplicativo de fotos, por exemplo, traz tanto as imagens depositadas no PC como as publicadas no Facebook ou no Flickr. E esse conteúdo da máquina pode ser compartilhado com a rede por meio de um toque.
Há ainda uma loja de apps nos moldes das controladas pela Apple (App Store) e pelo Google (Google Play).
"O Windows 8 é mais importante do que o Windows 95", declarou em setembro Steve Ballmer, executivo-chefe da Microsoft, em referência à versão do sistema operacional que introduziu elementos que pareciam cimentados à plataforma, como a Área de Trabalho e o Iniciar.
NOVOS RUMOS
A reforma do Windows 8 destoa das alterações pontuais que marcaram versões anteriores do sistema e reflete a compreensão pela Microsoft das profundas mudanças tecnológicas dos últimos anos.
A empresa reviu sua posição. Em entrevista em 2007, Ballmer chegou a fazer piada com o iPhone. O motivo: o telefone não tinha teclado.
Hoje, dados da consultoria IDC mostram que o mercado de smartphones e tablets está melhor que o dos computadores tradicionais.
No segundo trimestre de 2012, foram vendidos 87 milhões de PCs no mundo, queda de 0,1% em relação a 2011. Nesse período, foram vendidos 154 milhões de smartphones, alta de 42%, e 25 milhões de tablets, aumento de 66%.
Ao investir no mundo móvel após a concorrência, a Microsoft encolheu. O Windows Phone, seu sistema operacional para celulares, foi lançado só em 2010 e hoje está em apenas 1% dos aparelhos.
No último trimestre fiscal, sua receita foi de US$ 16,01 bilhões, queda de 8% em relação ao mesmo período de 2011. O lucro, de US$ 4,47 bilhões, também caiu: 22%.
O faturamento atual é inferior ao gerado pela Apple só com o iPhone: US$ 16,24 bilhões no mesmo período.

Com dois sistemas em um, novo Windows deixa a desejar
Interfaces funcionam bem separadamente, mas integração é ruim
Visual metro, ótimo para tela sensível ao toque, interfere na área de trabalho, que vai melhor com teclado e mouse
EMERSON KIMURA
DE SÃO PAULO
Usuários do mundo inteiro estão habituados ao visual do Windows. A estrutura de sua interface, com o menu Iniciar e a barra de tarefas, pouco mudou desde a versão 95.
Agora, 17 anos depois, a Microsoft lança um sistema com aparência renovada, o Windows 8. A nova versão, porém, não abandona totalmente o visual antigo. Em vez disso, apresenta duas interfaces.
Uma usa o estilo Metro (codinome que deve dar lugar a nomes comerciais ainda não divulgados) e chama a atenção por elementos grandes e amigáveis ao toque. A outra, que aparece sob o nome de Área de Trabalho, é semelhante à do Windows 7.
Elas funcionam bem em distintas situações de uso. A nova é ótima em equipamentos com telas sensíveis ao toque, enquanto a Área de Trabalho é melhor para operação com teclado e mouse.
Essa dualidade não se limita às interfaces. Os apps oferecem visual e recursos diferentes dependendo de onde estão.
O Metro possui uma ótima experiência de uso com toque. Os comandos não são intuitivos, mas é fácil se acostumar.
Os aplicativos Metro, em geral, oferecem menos recursos do que programas que funcionam na Área de Trabalho. Muitos não têm menus ou barras de ferramenta aparentes.
Faz sentido. O Metro é um visual voltado a tablets, que funcionam melhor para consumo do que para criação de conteúdo. Menus e barras são úteis em situações que requerem maior produtividade -e, nesse caso, o Windows 8 tem a Área de Trabalho.
Em tese, portanto, o sistema apresenta o melhor dos dois mundos: uma bela interface para toque e o consolidado ambiente para teclado e mouse. Na prática, porém, o resultado deixa a desejar.
A integração entre as duas interfaces não é fluida, o que dá ao Windows 8 um ar de trabalho inacabado.
A melhor experiência ocorre quando você consegue usar apenas uma das interfaces. Mas isso é muito difícil -frequentemente, uma invade o espaço da outra.
Na Área de Trabalho surgem notificações no estilo Metro, e o usuário tem de mudar de interface para utilizar funções simples, como a busca. Muitas configurações e ferramentas do sistema, por sua vez, não têm versão Metro -só abrem na Área de Trabalho.
O Internet Explorer 10 oferece versões separadas para o Metro e a Área de Trabalho, mas elas não se comunicam direito. Abas e favoritos, por exemplo, não podem ser sincronizados entre elas.
A Microsoft provavelmente sabe que a integração não oferece, ainda, uma experiência de uso ideal. Por que a empresa fez isso, em vez de adotar o modelo da Apple, com um sistema para PCs (OS X) e outro para tablets (iOS)?
A Microsoft demonstra apostar na convergência de computadores e dispositivos móveis, com PC e tablet reunidos em um só aparelho. O sistema com duas interfaces, então, faz muito sentido.
Além disso, ao incluir o Metro em todas as versões do Windows 8, a empresa apresenta sua nova interface para uma grande base de consumidores -os usuários de PC, que ainda são bem mais numerosos do que os de tablets.
E vale a pena comprar o Windows 8?
Quem adquirir um PC novo com o sistema da Microsoft não terá muita opção -o número de máquinas novas com Windows 7 diminuirá bem.
A escolha é mais complicada para quem cogita atualizar o PC. O Windows 8 oferece melhor desempenho e mais segurança, mas também uma interface controversa. Se você acha que o Metro pode incomodá-lo, talvez seja melhor esperar a Microsoft melhorar a integração entre interfaces.


TIRE SUAS DÚVIDAS
1 Quanto custa o Windows 8? Como comprá-lo?
Vendido por varejistas de informática, a versão em disco sairá por R$ 269.
A partir de sexta, o sistema será vendido por download no site windows.com, mas o preço para o Brasil ainda não é conhecido. Nos EUA, até 31 de janeiro de 2013, usuários de Windows 7, Windows Vista e Windows XP SP3 poderão atualizar seu PC para Windows 8 Pro por US$ 39,99 (R$ 81).
2 Comprei um PC com Windows 7 recentemente. Tenho direito a desconto para comprar o Windows 8?
PCs com Windows 7 comprados de 2 de junho de 2012 a 31 de janeiro de 2013 podem ser atualizados para Windows 8 Pro por R$ 29. Mas é preciso fazer cadastro em windowsupgradeoffer.com até 28 de fevereiro de 2013.
3 Tenho dúvida se quero instalar o Windows 8. Há alguma maneira de testá-lo?
É possível baixar a Release Preview, a última versão de testes, em bit.ly/win8rpre. A licença é válida até 15 de janeiro. Mas tome muito cuidado para não apagar o seu sistema operacional atual.
4 O Windows 8 vai funcionar no meu computador?
Depende da configuração da sua máquina. O Windows 8 precisa de, pelo menos, um computador com processador de 1 GHz, memória RAM de 1 Gbyte (versão 32 bits) ou 2 Gbytes (64 bits), espaço em disco de 16 Gbytes (32 bits) ou 20 Gbytes (64 bits), placa de vídeo com suporte a DirectX 9 e tela com resolução de 1.024 pixels x 768 pixels.
5 Vou perder meus arquivos se atualizar?
Não. Arquivos serão mantidos para usuários de Windows XP, Windows Vista e Windows 7. As configurações do sistema também serão mantidas para quem vem do Vista e do 7.
6 Os programas de versões anteriores do Windows vão funcionar?
A maioria dos programas do Windows 7 deve funcionar. Para ter certeza, consulte
bit.ly/centrocomp.
7 O Windows 8 sempre vai ter essa cara de sistema de smartphone?
Sim. O Windows 8 é a tentativa da Microsoft de fazer a transição para o mundo de telas sensíveis ao toque e de padronizar o visual de seus produtos, como o Windows Phone e o Xbox 360.
8 O que houve com a Área de Trabalho tradicional? É possível usá-la?
Ela virou um ícone na nova tela inicial para rodar programas de Windows tradicional e aplicativos indisponíveis na Windows Store.
9 Não gosto do Internet Explorer. Posso usar outro navegador?
Sim, mas, por enquanto, faltam versões desenhadas com o estilo Metro. O Google Chrome até funciona na nova interface, mas apresenta o mesmo visual da versão tradicional, sem elementos que facilitam o uso por toque.
10 O que houve com o menu Iniciar?
Ele foi eliminado do Windows e não é possível usá-lo de forma oficial (alguns desenvolvedores independentes estão tentando criar alternativas).
11 Para que serve a nova Windows Store?
É uma loja com programas pagos e gratuitos, como a App Store, da Apple. Para usá-la, é preciso criar uma conta.
12 Onde está o Windows Media Center?
A central de arquivos multimídia foi removida do Windows 8. Para utilizá-la, é preciso comprar um pacote adicional.

Ao menos 13 marcas terão modelos com novo sistema
Ultrabooks e desktops com Windows 8 estarão no mercado já nesta semana
Grandes redes varejistas colocam em pré-venda na internet aparelhos que custam a partir de R$ 1.199
DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os ultrabooks, laptops finos e leves, devem ser os carros-chefe dos equipamentos com Windows 8 no Brasil.
Além deles, aparelhos híbridos (que funcionam como tablet e notebook), desktops e laptops convencionais serão apresentados em um evento da Microsoft em São Paulo nesta quinta. Pelo menos 13 marcas deverão expor produtos que usam o novo sistema.
A LG mostrará o Z355, ultrabook com tela de 13,3 polegadas e chip Intel Core i7, que será vendido por R$ 4.299.
O ultrabook Aspire S7 e o tablet Iconia W700 serão os destaques da Acer. O primeiro tem modelos com tela sensível ao toque de 11,6 polegadas ou 13,3 polegadas e chip Intel Core i5 ou i7. Os preços no Brasil não estão definidos -nos EUA, custam a partir de US$ 1.199 e US$ 1.399.
O W700, que pode ser acoplado a um teclado, tem tela de 11,6 polegadas e resolução de 1.920 pixels x 1.080 pixels e chip Core i3 ou i5. O preço por aqui ainda não foi anunciado -nos EUA, é vendido por ao menos US$ 800.
A Lenovo mostrará o ultrabook IdeaPad Yoga, cuja dobradiça permite abrir a tela em 360 graus, transformando o aparelho em tablet. Terá versões com touchscreen de 11,6 polegadas e 13,1 polegadas, mas só esta última está confirmada para o Brasil.
PRÉ-VENDA
Alguns modelos já estão em pré-venda em sites de grandes varejistas, como Ponto Frio, Americanas, Fast Shop e Submarino. Todos prometem entregar a partir da sexta-feira.
O Samsung 530U3C-AD3, ultrabook com tela de 13,3 polegadas e processador Core i5, sai por R$ 2.649. Por R$ 3.299, é possível comprar o ultrabook HP Envy 4-1150br, com tela de 14 polegadas e o mesmo Core i5. Já a Dell oferece, por R$ 2.799, o Inspiron 14z, de mesmo tamanho de tela e processador do modelo da HP.
Entre as opções mais baratas, há o laptop RV415-CD3, da Samsung, com tela de 14 polegadas e chip AMD E-300. Custa R$ 1.199.
A Positivo venderá dois modelos de desktop e quatro de notebook, em várias configurações. O desktop i8800, por exemplo, tem chip Core i3 e diversas opções de tela. Com monitor de 21,5 polegadas, custa R$ 1.599; com tela de 18,5", cai para R$ 1.499.
Outras marcas que venderão produtos com Windows 8 no Brasil são Asus, CCE, Itautec, Megaware, Semp Toshiba e Sony -consultadas pela Folha, elas não quiseram divulgar seus modelos. (EMERSON KIMURA e BRUNO ROMANI)


Microsoft lança tablet Surface e versão adaptada do Windows 8
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Junto ao Windows 8, chegará às lojas na sexta o Surface, tablet desenvolvido pela própria Microsoft. É a primeira tentativa da empresa na construção de hardware para computação.
O dispositivo rodará o Windows RT, versão mais básica do Windows 8 projetada para funcionar com processadores da ARM. É a primeira vez que a Microsoft adapta um sistema operacional para chips da companhia inglesa, presentes na maioria dos tablets e smartphones.
O Surface com 32 Gbytes de armazenamento e sem a Touch Cover (capa com teclado embutido) vai custar US$ 499 nos EUA -mesmo preço do iPad mais básico, sem 3G e com 16 Gbytes. O tablet da Microsoft só tem versões wi-fi.
Em pré-venda, o estoque de Surface de 32 Gbytes foi esgotado no site da Microsoft na última quarta-feira. Estará disponível novamente apenas em três semanas.
O início das vendas no Brasil ainda não tem data marcada, e não houve pré-venda no país -presente em Alemanha, Austrália, Canadá, China, EUA, França, Hong Kong e Reino Unido.
O sucesso inicial ajudou a aliviar o medo da Microsoft de mais um fracasso na área de harware, que inclui a linha de celulares Kin e o tocador de MP3 Zune. (BR)

Empresas de jogos atacam limitações do Windows 8
Nova loja de aplicativos é o alvo dos fabricantes; Microsoft não comenta
Games violentos ou indicados para maiores de 18 anos terão uso limitado na nova versão do sistema operacional
ALEXANDRE ORRICO
DE SÃO PAULO
"Catástrofe" e "equívoco" são alguns dos termos que alguns executivos da indústria dos games têm usado para descrever o Windows 8.
As críticas são voltadas especialmente à Windows Store, loja de aplicativos que estreia no novo sistema operacional da Microsoft.
A novidade obrigou as empresas a submeterem seus jogos para aprovação da Microsoft, se quiserem estar na nova loja e ter programas integrados à interface do sistema.
"Se o nome soa como a App Store, é porque ela é mesmo essencialmente como a loja da Apple. É um mecanismo centralizado de distribuição que a Microsoft usa para controlar o que as pessoas vão comprar", diz à Folha Casey Muratori, programador envolvido na criação da série de games "Age of Empires".
Os games que a Microsoft não aprovar para a Windows Store ainda poderão ser instalados, já que a plataforma não é 100% fechada.
"Mas o futuro aponta para um ecossistema bloqueado, se analisarmos o histórico de decisões da companhia. A Microsoft está cometendo um equívoco", diz Muratori.
Markus Persson, criador do sucesso indie "Minecraft", que já vendeu mais de 10 milhões de cópias, se recusou a licenciar o jogo para a Windows Store. "A Microsoft tem que parar de tentar arruinar o PC como plataforma aberta", disse Persson no Twitter.
Games instalados fora da Windows Store não vão aparecer nos resultados da busca estendida, ter atalhos em blocos dinâmicos e em barras laterais, exibir notificações ao usuário ou comparar as pontuações de jogadores, dentre outras coisas -uma desvantagem competitiva para muitos desenvolvedores.
Uma cláusula dos termos de uso da Windows Store piora a situação: games destinados a maiores de 18 anos ou que contenham violência gratuita não serão comercializados na loja da Microsoft.
Isso prejudica jogos premiados como "Skyrim" e "GTA 4" e lançamentos como "Call of Duty: Black Ops 2".
No Windows RT, versão feita para dispositivos com chips ARM, a situação é ainda mais complicada, uma vez que ele rodará só apps baixados por meio da loja.
Gabe Newell, cofundador da Valve (criadora de "Half-Life") disse que o Windows 8 será uma catástrofe. Newell planeja investir no Linux e lançar, "em breve", mais de 2.000 jogos para o sistema.
Questionada pela Folha, a Microsoft optou por não responder às críticas.


Xbox 360 muda para ter maior integração com novo sistema
DE SÃO PAULO
O Xbox 360, videogame da Microsoft, desempenha um papel importante no ecossistema que a empresa pretende montar com o lançamento do Windows 8.
Até o final da semana que vem, a Microsoft terá liberado para todos os usuários do console a atualização da Live, a rede on-line do console.
O design dessa rede on-line foi repaginado para se parecer ainda mais com a interface do Windows 8.
Agora há mais blocos por página, o que diminui a quantidade de cliques até a abertura do conteúdo desejado. Porém, não há ainda a opção de reorganizar os quadros, como no Windows 8.
A integração também existe na outra ponta: haverá um aplicativo e versões de jogos da Xbox Live para PC e tablet, e os pontos de conquista (os "achievements") acumulados pelo jogador serão interconectados entre computador, tablet e videogame. Até mesmo os clássicos "Campo Minado" e "Paciência" renderão pontos de conquistas.
CONTROLE REMOTO
O SmartGlass, aplicativo para Windows 8 e Windows Phone 8 (com versões para iOS e Android), será lançado também na sexta-feira. A tecnologia permitirá o controle do Xbox Live por meio de PC, tablet ou celular. (AO)



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