quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pés no chão, São Paulo - Paula Cesarino Costa


RIO DE JANEIRO - Ninguém sabe exatamente quando e por que começou a rivalidade entre Rio e São Paulo. De ironias e provocações bem-humoradas a disputas e agressões, a relação entre paulistas e cariocas até tem sido mais tranquila.
Se São Paulo foi exemplo de eficiência, competência e seriedade para o Rio, é hora de os paulistanos descerem a serra em busca de inspiração.
Os cariocas podem ensinar a relação de amor -e de orgulho- pelo Rio, que os faz defendê-lo dos mais variados ataques. Um espírito de preservação do carioca e de sua cidade.
São Paulo esperou pela nova praça Roosevelt e recebeu um conjunto de baixa qualidade arquitetônica, urbanística e paisagística, que não atrai nem valoriza o entorno. Imensas lajes de cimento foram tomadas por skatistas, afastando quem anda a pé.
Não dá para comparar uma praça de 25 mil m², como a Roosevelt, com um parque de 103 mil m², como o de Madureira, na zona norte do Rio.
Nele a área radical dos skatistas está em harmonia com o conjunto. Mas a escala é detalhe. Há um conceito de área pública de qualidade, ajustada às diferentes demandas, restrições e potencialidades do lugar, que deveria ter sido aplicado na praça paulistana. Serve de exemplo para o Rio: como não deve ser um projeto urbano.
São Paulo vive caso de amor e ódio com os ciclistas. O projeto das ciclofaixas não tem volta. Em 2004, Marta Suplicy tentou, mas enfrentou pressões contra o fechamento da av. Paulista. O próximo prefeito deveria interditar, todo domingo, toda uma das vias da avenida para pedestres e ciclistas, como é na orla carioca.
Transformar uma metrópole que historicamente privilegiou o trabalho ao lazer e os carros aos pedestres exige pressão dos cidadãos e coragem política. Mesmo feia, São Paulo apaixona cada vez mais gente que vem de fora. Precisa ser devolvida a seus moradores e visitantes. Principalmente para quem anda com os pés no chão.

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