quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Catálogo digital de editoras mais que dobrou em 2012

FOLHA DE SÃO PAULO

Empresas agora buscam lançar simultaneamente em papel e e-book; mercado oferece 15 mil títulos nacionais
Levantamento da Folha com 12 das maiores casas do país mostra reação à estreia de lojas virtuais estrangeiras
RAQUEL COZERCOLUNISTA DA FOLHA
O ano que está acabando vai entrar para a história como aquele em que as grandes editoras brasileiras enfim descobriram o livro digital.
Foi um longo percurso desde 2009, quando a Zahar se tornou a pioneira entre as grandes no segmento -àquela altura só com títulos em PDF, formato simples que hoje as empresas rejeitam.
Com a iminência da estreia das lojas da Amazon, do Google e da Apple, concretizada neste mês, as editoras trataram de multiplicar seus catálogos digitais em 2012.
A Saraiva, que em dezembro de 2011 vendia 6.500 e-books nacionais, agora oferece 15 mil, média similar à de suas novas concorrentes.
Folha consultou 12 das maiores editoras do país sobre a evolução de seus catálogos. Sete delas (Globo, Sextante, LeYa, Companhia das Letras, Intrínseca, Objetiva e Novo Conceito) mais que dobraram seu número de títulos digitais em 2012 -a Companhia triplicou, de 200 para 600.
A Zahar, que começou antes, é a editora com maior parcela de títulos convertida, 547 de um total de 849 (64%). A LeYa vem em seguida, com 150 de seus 280 títulos (54%).
Será mais difícil para casas de catálogo rechonchudo como a Record, que, apesar do bom número bruto -388 obras em e-books-, só converteu 5% dos 7.500 que compõem seu portfólio.
Outra novidade foi que em 2012 as editoras passaram a lançar títulos nos dois formatos sempre que o contrato permite, em vez de reservar o digital para casos isolados.
O faturamento com o digital não costuma passar de 2% do total, mas há exceções. Com só um quarto de seu catálogo convertido (293 de 1.200 títulos), a Objetiva diz que os e-books já rendem 4% de seu faturamento total.
Esse número foi impulsionado por obras como "O Poder do Hábito", de Charles Duhigg. Em dez semanas, foram 1.435 e-books -número que não faria feio nem se se referisse a livros impressos.
No mesmo período, o título teve 13.958 cópias vendidas na versão em papel. Ou seja, a comercialização do e-book equivaleu a mais de 10% da impressa, um caso raro.
O desafio agora é lidar com preços. Na estreia da Amazon no Brasil, predominaram entre os mais vendidos editoras independentes, com e-books a menos de R$ 5 -a KBR pôs todos a R$ 1,99. A maioria dos e-books das grandes editoras custa de R$ 20 a R$ 30.

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