segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Livro ensina a discutir relação com banco

folha de são paulo

Economista aponta como o cliente pode conseguir não pagar tarifas e negociar juros com a instituição financeira
Para especialista, cliente de menor poder aquisitivo ainda não está preparado para a bancarização
DE SÃO PAULOBancos e clientes são, por definição, inimigos? Um só ganha quando o outro perde?
Para responder a essa pergunta, o economista Humberto Veiga, especialista em direito bancário, escreveu o livro com o provocante título "Case com o Banco com Separação de Bens" (Saraiva), em que explica como funciona a cabeça dos banqueiros e o que o cliente pode fazer para não pagar tarifas e negociar juros melhores.
Leia trechos de entrevista à Folha(TONI SCIARRETTA)
Folha - Por que casar, mas com separação de bens?
Humberto Veiga - A relação com o banco é um verdadeiro casamento, mas não se trata de um casamento comum.
Há um claro interesse financeiro por parte do banco, apesar de grande parte das pessoas ser mais romântica e pensar apenas no serviço. Notei que, se colocasse a expressão "separação de bens", alertaria o cliente a ficar de olhos bem abertos.
O interesse do banco nunca converge com o do cliente?
Estamos falando de uma relação de negócios. O banco compra o seu dinheiro quando faz a captação de um CDB ou poupança, por exemplo, e vende quando dá crédito.
Quanto mais barato ele comprar o dinheiro de você, melhor para ele. Quanto mais altas as taxas de administração, melhor para ele.
Quais os clientes menos assistidos pelos bancos e quais os mais assistidos?
Nem sempre o cliente mais abastado é o mais bem assistido. Há casos em que o consumidor tem muito dinheiro investido, mas não dá a menor atenção.
O banco gosta muito disso, porque, além de não ter de perder tempo dando informações, "adquire" aquele dinheiro por um custo bem baixo. O bem assistido é o que se informa, pede detalhes e observa as opções.
Os bancos estão preparados para a bancarização?
São os clientes de baixo poder aquisitivo que não estão preparados. Se a ideia é obter um cartão de crédito, a utilização deve ser precedida de um bom entendimento da cobrança de juros.
Há uma movimentação para usar os celulares pré-pagos nas compras. Uma ideia excelente, que já é posta em prática em outros países.
Porém, como estão entre os líderes de reclamação nos rankings dos Procons, juntar empresas telefônicas com instituições financeiras tem a grande chance de levar o consumidor à loucura.
Quando o banco e o cliente têm o mesmo interesse?
A grande convergência entre banco e cliente são os impostos. Ambos adoram a isenção, mas, quando a aplicação é oferecida "sem impostos", quase sempre essa isenção fica para o banco.
Um exemplo é a LCI (letra de crédito imobiliário). Se o banco paga perto de 100% do CDI no CDB, quando vem a LCI, ele oferece em torno de 90%. A isenção, portanto, foi para o banco.
Como o cliente pode pagar menos tarifas e conseguir juros melhores?
Pagar tarifas é resultado da forma como o cliente usa o banco. Se ele for organizado e tirar proveito das transações eletrônicas, como o cartão de débito e a consulta pela internet, vai ter bom resultado.
Para pagar menos juros, a linha de crédito adequada é a melhor resposta.
Quando não se trata de uma situação de emergência, a gente faz uma pesquisa enorme para encontrar o produto mais barato, mas acaba perdendo todo esse trabalho quando contrata o crédito.

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