domingo, 13 de janeiro de 2013

Lena Dunham é a mente por trás de 'Girls', a aclamada comédia que chega à 2ª temporada

FOLHA DE SÃO PAULO

Garota superpoderosa

Carlo Allegri/Reuters
Lena Dunham na premiação de mulher do ano da revista “Glamour”, em Nova York
Lena Dunham na premiação de mulher do ano da revista “Glamour”, em Nova York
TETÉ RIBEIROENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
Lena Dunham, 26, é uma ótima atriz.
Diferentemente do que faz parecer a série "Girls", que estreia sua segunda temporada no Brasil na semana que vem e concorre hoje a noite ao Globo de Ouro, na vida real a intérprete de Hannah Horvath -a aspirante a escritora gordinha, atrapalhada e de caráter duvidoso- é bonitinha, bem vestida, bem humorada e inteligente.
E não é nada gorda.
Seu corpo -que, nos dois primeiros episódios, aparece em close de frente e de costas, em cenas de sexo e em outras andando pela casa de calcinha fio dental- virou objeto de análises profundas por estar fora dos padrões de magreza de Hollywood. Também não chega perto dos padrões de gordura de qualquer outro canto dos EUA.
"Girls" estreou no canal pago HBO no meio de 2012 e foi sucesso imediato por mostrar como vive a geração nova-iorquina de 20 e poucos, sem muitos retoques nem glamour. Lena, criadora, produtora e protagonista da série, volta ao ar em tempo recorde no domingo que vem.
Seu talento como escritora também tem rendido glórias -e uma fortuna.
Além das colaborações que tem feito para a revista "New Yorker", Lena fechou um contrato de US$ 3,6 milhões (cerca de R$ 7,9 milhões) com a editora Random House antes de começar a escrever o seu primeiro livro.
"Não vai ser uma biografia de uma celebridade de 26 anos", ri, "mas terá observações sobre o mundo, ideias e ensaios. Minha ambição é que esteja no mesmo universo dos textos do (escritor americano) David Sedaris."
O projeto do livro vazou em um site de celebridades americano, que foi processado por ela. A notícia continuou no ar, mas a íntegra do projeto não, apenas algumas frases.
Uma delas repercutiu bem mais do que a cifra milionária: "I'm a girl with the begginings of a FUPA" (sigla para "fat upper pussy area", em tradução bem livre, "xoxota gorda").
Lena falou à Folha depois da apresentação dos dois primeiros episódios da nova temporada.
"Hannah esta numa fase boa, mas continua naquele momento 'not a girl, not yet a woman'", (ou 'não uma garota, mas ainda não uma mulher'), conta, lembrando um sucesso de Britney Spears.
Ela defende a citação com um desafio: "Você não vai encontrar um hipster que não seja secretamente louco por ela e pela Beyoncé", afirma.
A segunda temporada de "Girls" estreia na HBO após uma campanha publicitária que compete, outdoor a outdoor, com os filmes indicados ao Oscar.
É uma grande aposta do canal pago, e, a julgar pelo número de entrevistas, perfis e críticas em revistas e jornais americanos, é a esperança do mundo adulto de entender o que se passa na cabeça de quem ainda não fez 30 anos.
"Nós somos a primeira geração globalizada e 'internetizada'", resume Lena, presença constante na rede social de fotos Instagram.
FALTA DE PRIVACIDADE
"Crescemos com as mídias sociais, convivemos em paz com a falta de privacidade", explica ela.
"Minha turma se formou na faculdade no meio da crise econômica e completou o curso à base de Ritalina [remédio para déficit de atenção]."
A autora ainda tenta negar, sem sucesso, a frase pela qual ficou famosa no primeiro episódio da série: "Eu posso ser a voz da minha geração".
"Hannah disse isso drogada. Desmaiou em seguida, na frente dos pais", diz Lena, sabendo que, desse slogan, não vai se livrar no grito.
"Principalmente porque é verdade, e isso fica cada vez mais claro para mim e para o Judd", diz a roteirista Jenni Konner, citando o diretor Judd Apatow, produtor-executivo de "Girls".
É quase certo que a série seja renovada pelo menos por outras duas ou três temporadas. "É isso que parece estar no horizonte, mas eu poderia fazer 'Girls' pelo resto da vida", conta Zosia (pronuncia-se "Zacha") Mamet, 24, filha do dramaturgo David Mamet e intérprete da neurótica Shoshana.
Ou não. "Já sei como morrem as quatro personagens principais", revela Lena. "Assim, se a série nunca for cancelada, já sei para onde tenho de ir com essas meninas."
E, pelo jeito, não adianta prestar atenção na vida da criadora para tentar adivinhar o destino de sua personagem.
NA TV
Girls
Estreia da 2ª temporada
QUANDO dia 20, às 22h, na HBO
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


SPOILER - O DEDO DURO
GIRLS
O universo de "Girls", ou melhor, de Hannah Horvath, não é mais o mesmo da primeira temporada.
A melhor amiga, Marnie (Allison Williams), a deixou e ela agora divide a casa com Elijah (Andrew Rannells), o ex-namorado gay. Eles dão uma festa para inaugurar a nova decoração.
Os dois têm novos namorados. O de Elijah é mais velho e paga todas as suas contas. E Hannah, apesar de cuidar de Adam (Adam Driver), seu namorado na primeira temporada, que foi atropelado por um caminhão, está com um estudante de direito negro e republicano.
Ela não conta a novidade para Adam porque tem medo de ele não apenas ter "cara de assassino, mas talvez ser um de verdade".
Marnie perde o emprego. Em um almoço com a mãe (Rita Wilson), ela ouve que se parece com uma mulher de 30 anos por causa das roupas caretas.
Ouve a mesma crítica em uma entrevista de trabalho com uma galerista, interpretada por Laurie Simmons, mãe de Lena Dunham na vida real.
Shoshanna, a ex-virgem, confessa que tem "saudade do hímen". Ela transa de novo com Ray (Alex Karpovsky) e dá um conselho a Marnie, que chega arrasada em casa. "Você sempre pode arrumar um desses trabalhos de gente bonita, como hostess, vendedora, garçonete", diz Shoshanna.
O fundo do poço de Marnie acontece no fim da festa de Hannah, quando tenta transar com Elijah, que brocha.
Jessa volta bronzeada e apaixonada da lua-de-mel, pregando as maravilhas de um relacionamento sólido e adulto. Seu marido, o mauricinho com quem ela e Marnie ensaiaram uma minissuruba na primeira temporada, quer sua mulher livre e feliz. Ela para de trabalhar como babá e ganha uma cesta com três cachorrinhos de presente.

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