segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

OPINIÃO PÚBLICA » Indignação nas redes sociais - Amanda Almeida‏

Lua de mel de Cachoeira em resort na Bahia mobiliza os internautas. Condenado por formação de quadrilha e tráfico de influência, o bicheiro só precisa avisar a Justiça quando quiser viajar 

Amanda Almeida
Estado de Minas: 07/01/2013 
Brasília – A lua de mel do bicheiro Carlinhos Cachoeira, condenado por formação de quadrilha e tráfico de influência na Operação Saint Michel e réu em outros três processos, ganhou as redes sociais ontem. Internautas interpretaram como um “escárnio” os momentos de diversão do contraventor, flagrado em fotos, ao lado da mulher, Andressa Mendonça. Na Península de Maraú, no Sul da Bahia, Cachoeira chegou a ser tratado como celebridade por turistas, que pediram para fotografar o protagonista da CPI frustrada no Congresso. Ele está proibido de deixar o país, mas pode se deslocar em território nacional, desde que comunique à Justiça.

Hospedado em um dos resorts mais luxuosos do país, o Kiaroa, ele visitou amigos, no sábado, em outra pousada da região. Por lá, tomou alguns drinques com os conhecidos e atendeu a pedidos de fotos com Andressa. No resort, o casal está acomodado em um dos bangalôs, com direito a piscina privativa. As diárias custam entre R$ 1.250 e R$ 3.150. A administração do estabelecimento não informou a quantidade de diárias reservadas por Cachoeira.

Os dois se casaram em 28 de dezembro, depois de Cachoeira ter passado uma temporada de nove meses no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Libertado em 20 de novembro, com um habeas corpus da 5ª Vara Criminal da capital federal, o contraventor fez questão de cumprir a promessa, registrada em áudios da Polícia Federal, de se casar com Andressa ainda em 2012. Os dois fizeram uma cerimônia discreta, em Goiânia, que reuniu apenas amigos mais próximos e parentes. Ele beijou os pés da noiva em “agradecimento” pela companhia no “ano difícil”.

Investigado pelas operações Saint Michel e Monte Carlo, Cachoeira se tornou um dos alvos da CPI que levou seu nome no Congresso. Além de analisar o esquema de jogo ilegal, a comissão tinha o objetivo de desvendar as ligações de políticos, autoridades e empresários flagrados em conversas com Cachoeira, como o ex-senador Demóstenes Torres, diretores da Delta e o governador de Goiás, Marconi Perillo. O grupo, no entanto, concluiu os trabalhos com um relatório de uma lauda e meia, que não pedia o indiciamento de ninguém.

Em um dos processos em que é réu, um desdobramento da Operação Saint Michel, que trata de máquinas estrangeiras, Cachoeira foi proibido pela Justiça de deixar o país e exigiu que saídas de Goiânia fossem comunicadas, o que, segundo o advogado Antônio Nabor Bulhões, que o defende, “tem sido feito rigorosamente”.

Cachoeira promete falar tudo 
João Valadares
Brasília – Treze quilos mais magro e com os cabelos pintados, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, declarou ontem, antes de visitar o túmulo da mãe, no município de Anápolis, em Goiás, que vai “colocar os pingos nos is”. O bicheiro, que saiu da Penitenciária da Papuda na madrugada de terça-feira, após passar quase nove meses preso, tachou de “estrelismo” a atuação do Ministério Público Federal (MPF) nas operações Vegas e Monte Carlo e disse que as acusações contra ele são maliciosas. “É estrelismo. Os grampos são ilegais. O Ministério Público não vai mais fazer estrelismo”, declarou.

Ao fim da entrevista, que durou aproximadamente três minutos, Cachoeira prometeu “contar tudo” em outra oportunidade e na presença de advogados. “Vou falar a história toda. O povo goiano vai ter orgulho de mim”, finalizou. Ele recebeu autorização da Justiça para viajar de Goiânia, onde mora, a Anápolis. Existe a possibilidade de Cachoeira se reunir com o advogado Nabor Bulhões, hoje, em Brasília. Aos jornalistas, ele negou que houve festa para comemorar a sua liberdade. “Não é momento de festa. Não fiz festa em casa anteontem. É momento de luto. Perdi minha mãe, perdi um irmão, não de sangue, mas considerava um irmão mais velho.”

Na CPI do Congresso, Cachoeira, considerado o líder da organização criminosa, ficou calado. Na ocasião, ele estava munido de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na próxima semana, o Pleno da 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região decide se mantém a liminar do desembargador Tourinho Neto, que permitiu a soltura do bicheiro em relação à Operação Monte Carlo. Se a liminar for derrubada, Cachoeira terá que voltar à prisão. O Ministério Público Federal pediu à Justiça, na quarta-feira, a prisão preventiva do contraventor e de outras cinco pessoas por considerar que ele representa risco às investigações ainda em curso.

Passaporte Integrantes da oposição insistem na tese de que Cachoeira deve ser reconvocado pela CPI antes da leitura do relatório final. Ontem, os advogados do bicheiro entregaram o passaporte dele à Justiça. Carlinhos Cachoeira está impedido de deixar o país. O relatório final da CPI sugeriu o indiciamento do bicheiro pelos crimes de peculato, advocacia administrativa, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas.

O dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish, considerado pela oposição como o grande mentor da organização, foi enquadrado apenas nos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. 

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