segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Trio brasuca ganha espaço ( Célia Catunda ) - Walter Sebastião‏

A série Peixonauta terá segunda temporada no Discovery Kids a partir de hoje. Criadora da animação, a diretora Célia Catunda conta que os personagens da animação vão mudar 

Walter Sebastião
Estado de Minas: 28/01/2013 
Três tipinhos muito simpáticos ganham segunda temporada na televisão: o peixe astronauta (para ele a Terra é outro planeta), a menina Marina e o macaco Zito, o trio de estrelas da série Peixonauta. São 52 novos episódios, de 11 minutos, que começam a ser exibidos hoje, no Discovery Kids (TV a cabo). É gol de placa da animação brasileira, que consegue inserir criações nacionais em território onde reinam, há décadas, apenas tipos de outras nações. A segunda temporada de Peixonauta chega com novidades: está mais musical, ganha canções do grupo Palavra Cantada, tem personagens coadjuvantes e vai além dos temas ambientais. Há, agora, histórias sobre responsabilidade, autonomia, relacionamento com as pessoas. “É sustentabilidade social”, brinca Célia Catunda, de 47 anos, criadora e diretora da série.

Um ícone do programa, a Pop (uma bola com dicas para resolver os problemas que o trio enfrenta), detalhe que faz sucesso com a meninada, também vem com mudanças. Se até então a senha para abrir o objeto era repetir ritmo e gesto dos personagens, agora é só um convite para dançar. E vários ritmos: tango, rock, samba etc. “A Marina era muito correta, acertava sempre. Agora, às vezes, ela fica mandona, chata”, conta Célia Catunda. As novidades, explica, fizeram com que a série ficasse mais alegre e os personagens mais completos. A animação estreou em 2009, é produção da TV Pinguim e traz histórias com o trio de protagonistas às voltas com busca de soluções (não conflitivas) para problemas do cotidiano. Já foi exibida em 78 países e a primeira temporada continua sendo apresentada na TV Cultura.

Mais livre

“Se está vindo uma segunda temporada é porque acertamos na primeira”, observa Célia Catunda. A continuidade do projeto foi uma oportunidade de rever o realizado, mudar aspectos e trabalhar com os personagens de forma mais livre. “Toda a equipe já conhece bem o elenco e já é possível escrever para eles criando mais”, conta, avisando que a animação está também mais solta, mais fluida. Célia Catunda não tem um personagem favorito, mas é mais uma que se diverte com as trapalhadas do macaco Zito. “Ele inspira muitas histórias. Tive de segurar um pouco no planejamento, senão a serie deixava de ser Peixonauta e virava um Zitonauta”, conta. Uma antologia dos episódios foi transformada no longa Agente O.S.T.R.A. E, até o fim do ano, chega às telas Peixonauta: o filme, com trama inédita.

 Também está sendo bem encaminhado (já ficaram prontos os cenários) projeto em 3D, previsto para 2014, que Célia Catunda acalenta com carinho: o longa Tarsilinha, inspirado na obra da pintora Tarsila do Amaral. Célia é irmã da artista plástica Leda Catunda.

Três perguntas para...
Célia Catunda
diretora e criadora de peixonauta

Você pode falar de seus 25 anos trabalhando com animação no Brasil?

“Fico feliz porque fazer animação era um sonho de adolescente, algo que sempre quis fazer. E não só por viver de animação, mas por ter contribuído para ampliação do mercado. Vejo vários animadores trabalhando comigo e sinto que estou dando oportunidade a muita gente. Quando comecei, o único caminho era a publicidade.”

 O que você aprendeu com a série Peixonauta?


“Aos poucos compreendemos melhor a indústria de animação global. Tentávamos fazer séries e não conseguíamos vender no Brasil. Tínhamos de concorrer com produção internacional, em grande volume, que chegava ao Brasil a preços baixos. Fomos entendendo que para ser viável, para ter retorno, tínhamos de vender nosso produto para o mundo, distribuí-lo em vários mercados. O que implicava em roteiros não regionais, versões em português e inglês, não fazer histórias que seriam compreendidas só no Brasil. Nossa proposta com o Peixonauta é de uma animação com cara brasileira – falamos muito de praia, sol, floresta, que são coisas muito nossas, com música brasileira e que pode ser compreendida universalmente.”

Como você vê o mercado de produções dedicadas às crianças no Brasil?

“Estamos crescendo. É mercado forte, com potencial, em que os trabalhos dão resultado – lembre-se que as bilheterias dos filmes internacionais estão sempre entre as maiores do cinema. No entanto, ao mesmo tempo, é área difícil. Não é simples conseguir patrocínio, há distribuidoras que não se interessam por distribuir um filme apenas porque ele é para crianças. Conseguir reconhecimento nesse mercado – e as séries brasileiras tiveram visibilidade – tem muito mérito.

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