domingo, 19 de maio de 2013

Carlos Heitor Cony

folha de são paulo

A salvação da pátria
RIO DE JANEIRO - É natural que se espere das Comissões da Verdade um resultado que esclareça os pontos obscuros de nossa história, sobretudo no que diz respeito aos atentados aos direitos humanos sabidamente violados de muitas maneiras durante os anos da ditadura militar.
Até agora nada de concreto foi feito ou revelado. Volta e meia aparece uma notícia sobre as intenções das comissões, ouvir fulano ou sicrano, examinar ou não os numerosos casos que chocam a nação até hoje, sobre a violenta repressão exercida contra a sociedade.
A última novidade que foi divulgada é estarrecedora: mudar o nome de logradouros públicos que lembram ou homenageiam os responsáveis pelos crimes daquele período sinistro.
A antiga União Soviética mudou o nome de uma das cidades mais históricas daquele país, São Petersburgo, que se tornou Leningrado, mas voltou ao nome primitivo. Em Portugal, a suntuosa ponte pênsil sobre o Tejo teve o nome do ditador Oliveira Salazar até a Revolução dos Cravos, agora é ponte da Liberdade.
No Brasil, depois do Estado Novo, os 18 vereadores comunistas da primeira legislatura municipal apresentaram um projeto mudando o nome da avenida Presidente Vargas para avenida Castro Alves, cujo centenário estava sendo comemorado. A turma do PTB, fiel à memória de Vargas, propôs mudar o nome da avenida Atlântica, seria uma homenagem ao grande poeta baiano. Passaram quase um ano discutindo o assunto.
No caso atual, alguns nomes poderiam ser questionados, como rodovia Castelo Branco, ponte Costa e Silva etc. A pátria estaria salva? Temos no Rio alguns nomes bonitos de ruas e praças, rua das Acácias, dos Oitis, praia Vermelha, praça Onze, e até mesmo de bairros inteiros: Laranjeiras, Gávea, Ipanema. Sem esquecer o nome de uma bela ilha: Paquetá.

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