quinta-feira, 9 de maio de 2013

Kenneth Maxwell

folha de são paulo

Populismo ao estilo europeu
Um ano depois de ser eleito presidente da França, pesquisas colocam François Hollande em terceiro lugar na preferência dos franceses, com apenas 19%, bem atrás do ex-presidente Nicolas Sarkozy. Le Pen, a líder da Frente Nacional, ocupa o segundo posto, com 23%. A revelação de que Jérôme Cahuzac, ministro do Orçamento de Hollande, estava usando uma conta secreta na Suíça não ajudou o presidente.
No Reino Unido, o Partido da Independência do Reino Unido (Ukip), de Nigel Farage, obteve 22% dos votos nas eleições locais e conquistou 139 cargos nos Legislativos municipais. A base do Partido Conservador na Câmara dos Comuns entrou em pânico. Os parlamentares ficaram furiosos com o premiê David Cameron por ter chamado o Ukip de um bando de "doidos e racistas disfarçados", e com Ken Clarke, um veterano ministro conservador, que desdenhou o Ukip e definiu seus adeptos como "palhaços".
Farage disse que "a elite ficou chocada, atônita". Em seguida Nigel Lawson, que por muito tempo foi secretário do Tesouro no governo Thatcher, declarou que era "hora de sair" da Comunidade Europeia.
Os resultados das eleições locais deram 29% dos votos aos trabalhistas, 26% aos conservadores, 22% ao Ukip e 13% aos liberais democratas, que formam a coalizão governista com os conservadores. O sistema de voto distrital adotado no Reino Unido significa que é difícil prever se o Ukip poderá traduzir os resultados que obteve nas eleições locais em uma bancada parlamentar respeitável na próxima eleição geral.
Mas os resultados do Ukip são também parte de um fenômeno que abarca toda a Europa. Os "Verdadeiros Finlandeses" da Finlândia; a "Aurora Dourada" da Grécia; o "Partido do Povo Dinamarquês", na Dinamarca; o "Movimento Cinco Estrelas" de Beppe Grillo, na Itália; e novos partidos na Holanda, na Suíça e na Áustria são todos movidos pela ampla desilusão quanto às medidas de austeridade e pela irritação dos eleitores quanto a forças além de seu controle, especialmente, da imigração.
Quanto a isso, os eleitores britânicos veem Nigel Farage como "uma pessoa genuína", "disposto a falar francamente", ao contrário dos políticos de partidos estabelecidos.
Nem todos na Europa concordam em que a imigração seja ruim. Na Alemanha, há agora 500 mil imigrantes da Espanha, da Grécia, da Itália e Portugal trabalhando. Diante do envelhecimento de sua população, o país precisa de trabalhadores capacitados. As regras europeias sobre pensões e impostos são um obstáculo, mas os alemães reservaram € 139 milhões para ajudar jovens europeus interessados em treinamento e empregos no país nos próximos três anos.

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