segunda-feira, 17 de junho de 2013

Cachaça, a bebida da Copa 2014


Fernando César Sinhoroto - Mestre cachaceiro da Cachaça Barreiras

Estado de Minas: 17/06/2013 


Conhecido por criar e exportar uma das bebidas mais típicas do mundo, o Brasil conseguiu definitivamente o reconhecimento da cachaça como produto produzido exclusivamente no país. Somente em 2012, foram mais de US$ 15 milhões adquiridos em exportações, sendo o principal destino da bebida a Alemanha, seguido dos Estados Unidos. Hoje, a cachaça é a segunda bebida mais consumida no Brasil – perdendo apenas para a cerveja – e tem seu eclético gosto distribuído pelo mundo para diferentes públicos, que têm crescido significativamente.

Apesar de discriminada, perseguida e até proibida pelas elites durante toda a sua vida, a bebida genuinamente brasileira refinou seu paladar e consagra-se hoje como produto fino. Sua história tem início juntamente com a história do Brasil, surgindo como consequência do interesse no açúcar produzido no país. Além dessa relação, a cachaça foi agente de vários acontecimentos, desde momentos tristes às celebrações de conquistas. Muitas vezes a produção foi estimulada, em outras ocasiões proibida, mas sempre esteve presente na construção de nosso país, afirmando o seu sabor e a sua autenticidade.

Libertamo-nos da imagem na qual o produto era associado aos escravos, da época em que os senhores de engenho davam cachaça aos negros junto à primeira refeição do dia, para garantir mais resistência no trabalho nos canaviais. Hoje, temos sua distribuição nos mais variados lugares, seja em botecos de esquina, seja nos tradicionais restaurantes da cidade. A cachaça tem deixado de ser uma bebida popular e de baixa qualidade para preencher espaços nas mesas de eventos e em restaurantes sofisticados do Brasil e do exterior.

Prova de que a cachaça tem conquistado cada dia mais brasileiros e turistas são eventos que demonstram a importância da bebida para o turismo, economia e gastronomia. Belo Horizonte é o maior produtor de cachaça do país, concentrando 60% da produção nacional, segundo estimativas da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (AMPCQ).

O reconhecimento fez com que a cachaça fosse lançada como a bebida oficial da Copa do Mundo de 2014 na 15ª Expocachaça (evento pioneiro, a maior e a mais importante e conceituada feira do setor no país). A ideia é que a bebida seja o drinque de boas-vindas para os turistas ao país. Até o momento, o Brasil já movimentou cerca de R$ 7 bilhões por ano em sua cadeia produtiva, que conta com 40 mil produtores espalhados pelo país. Cerca de 600 mil empregos entre postos diretos e indiretos são gerados, de acordo com dados do Centro Brasileiro de Referência da Cachaça (CBRC).

Outra prova da vitalidade e permanência cultural da cachaça está no patrimônio linguístico. Para se ter ideia, existe um acervo disponível com cerca de mil sinônimos da palavra cachaça, como, cana, pinga, branquinha, marvada, limão, água que passarinho não bebe, mé.

Em números, 4 mil marcas de cachaça disputam o mercado no Brasil, sendo que 1% de sua produção anual é exportada. São 11,5 litros de consumo de cachaça por ano por habitante. Temos o terceiro destilado mais consumido no mundo, e em Minas Gerais, por  lei estadual,  a cachaça é patrimônio cultural. Além disso, de acordo ainda com a CBRC, a cachaça é a única bebida, na atualidade, capaz de ter um boom no mercado internacional. Agora, com as alfândegas do mundo abertas para a expansão da bebida, esperamos que os 600 mil turistas aguardados na Copa se tornem os futuros embaixadores da cachaça pelos quatro cantos do planeta.

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