domingo, 9 de junho de 2013

Dois chopes e a conta com... XICO SÁ


POR MARCELLA SOBRAL (INTERINA)
marcella.sobral@oglobo.com.br


Atenção, moçoilas de vestido que vão de um lugar
para o outro de bicicleta: vocês estão sendo
observadas. Um mês atrás, o Rio importou mais um
voyeur, e essa cena, que se vê a torto e a direito na
Cidade Maravilhosa, virou a maior obsessão de Xico
Sá. “Estava precisando mudar de cenário para as
minhas crônicas. Foi a primeira vez que eu me
mudei sem ser por amor”, diz. O cinquentão nascido
em Crato, no Ceará, é uma espécie de Bertrand
Morane, protagonista do filme “O homem que
amava as mulheres”, do cineasta francês François
Truffaut — só que na versão macho-jurubeba,
aquele amante à moda antiga. De camisa havaiana
com estampas de caveira, bermudas e aquelas
sandálias que não soltavam as tiras no passado, o
novo cidadão carioca escolheu o Lamas, no
Flamengo, para molhar a conversa com alguns
chopes. “Para não dizer que estou de todo sem
amor, tenho o que eu chamo de ‘a falsa magra do
Catete’”. Foi a primeira que me pegou nas minhas
saídas por aí, e eu me encantei. Já morei junto cinco
vezes e estou indo para o hexa!”, conta Xico, sem
falar a palavra casamento.


REVISTA O GLOBO Esta é a sua segunda temporada no Rio. O que
trouxe você aqui desta vez?
XICO SÁ: Normalmente, só me mudo por amor. Mas esta é uma vinda
mais existencial. Precisava mudar de cenário.

A mulher carioca é diferente?
Mulher é tudo igual. O que muda é o meu jeito de olhar, a minha
percepção. O que muda muito aqui no Rio é de uma menina do
Leblon para uma da sub-Zona Sul, de que eu gosto muito.

Qual é a diferença?
É aquela mulher meio caindo para o subúrbio, meio Lídia Brondi,
um dos maiores tesões da minha vida. Pena que esses corretores
de dentes estejam tirando o dentucismo mínimo das mulheres
como Lídia Brondi. Rapidamente dentucinha, suburbana,
de franjinha... Nossa...

Hoje você é considerado um entendedor de mulheres. Sempre
foi assim? Você fazia sucesso com as garotas no colégio?
Não. Comecei tarde. Acho que é por isso que eu gosto muito. O
acesso a mulher numa cidade do interior, na minha geração, era
muito difícil. Só fui ter namoro sem pagar depois dos 18. Mesmo
assim, era muito amador, não sabia o que era mulher de verdade.
Acho que é por isso que fiquei nessa loucura até hoje.

Está indo à forra agora, então?
No fundo, sou sentimental. Diria “infinitamente sentimental”.
Tenho uma certa cerimônia em ser canalha. No mínimo, invento
uma boa mentira para justificar minhas falhas mais graves. Um
canalha que dá satisfação não é um canalha de fato, né?

Você está indo para o seu sexto casamento. Sem traumas?
Sempre há sofrimento quando termina, mas não me furto. Tiro o
máximo proveito do amor. Tem que morar junto na hora da paixão
total. Acabou, acabou. Mas gaste essa hora. Quando se tem
duas casas, não dá. É para quem tem muito dinheiro ou para
quem é muito neurótico.

O que você mais gosta numa mulher?
Gosto quando a mulher inventa que precisa de mim, porque a
mulher não precisa mais de ninguém. A invenção da necessidade
do homem é uma coisa sensacional. É dar a mínima utilidade
para o homem, que não temos mais. Tem uma frase que eu amo
ouvir de uma mulher: “Ah, como você me acalma!” É a coisa
mais fabulosa do universo. É um tarja preta da Humanidade.

O que você faz para manter a forma?
A única coisa que eu consigo fazer para o meu corpo é caminhar.
Sou um andarilho. Não dirijo, então eu ando. Tenho várias rotas:
Rua do Ouvidor, livraria e sebo; Ipanema, com uma entrada na
praia, e volta pelo Jardim Botânico. O Rio é feito para flanar.

Na sua época de repórter, qual foi o político mais encantador
e mais canalha que você entrevistou?
PC Farias, sem dúvidas.


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