quinta-feira, 11 de julho de 2013

Aquelas canções (Toninho Horta) - Eduardo Tristão Girão‏

Aquelas canções Toninho Horta reúne herdeiros da sonoridade do Clube da Esquina com artistas de sua geração para show que recupera arranjos do disco dos anos 1970. Hoje tem ensaio aberto em Santa Tereza 


Eduardo Tristão Girão

Estado de Minas: 11/07/2013 04:00


Como de costume, Toninho Horta continua às voltas com seus projetos. Antes de embarcar para shows nos Estados Unidos e Itália, na semana que vem, o guitarrista e compositor mineiro faz hoje à tarde, em Belo Horizonte, o segundo ensaio aberto em preparação ao show As cores do Clube, programado para setembro, com o qual vai recuperar arranjos e sonoridade originais do Clube da Esquina com a nova geração dos Guedes, Borges e Tiso. Paralelamente, concentra-se na finalização do Songbook Toninho Horta, a ser lançado no mesmo mês, incluindo textos, fotos e 120 partituras de composições suas. Fora os discos que estão saindo na Itália e no Japão.

Na Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza, perto do famoso cruzamento (das ruas Paraisópolis com Divinópolis) onde tudo começou, Toninho se reunirá, a partir das 16h, para repassar o valioso repertório setentista com Gabriel e Ian Guedes, Telo e Rodrigo Borges, e Tutuca Tiso (que é filho do guitarrista Fredera), além de Paulinho Carvalho, Beto Lopes, Tattá Spalla e, talvez, Neném. “As comemorações em torno do Clube da Esquina, ano passado, não foram suficientes. Houve panelinhas e até participei de algumas delas”, afirma ele.

A iniciativa que capitaneia, acredita o artista, tem como diferencial a valorização dos arranjos originais e a abertura do repertório para canções das carreiras solo de membros do Clube. “Queremos shows de, pelo menos, duas horas, para tocar tudo o que a gente gosta. Os anos 1970 foram o auge do movimento. Todo mundo era muito criativo, cada um no seu contexto. Tocávamos mais de ouvido que usando partitura. As bandas do Lô Borges e do Beto Guedes são muito boas, mas trabalham com som atual. Vamos resgatar o som daquela época”, explica Toninho.

Inclusive, ele se revezará entre vários instrumentos, repetindo o que ocorreu nas gravações do disco Clube da Esquina e em trabalhos solo de que participou na mesma época – baixo em Maria Maria e Nada será como antes, e teclado em A Via-Láctea e Beijo partido, por exemplo. “Na época da gravação do primeiro Clube da Esquina, quem acordava mais cedo ia chegando para gravar. Uns desciam para a lanchonete que ficava embaixo do estúdio da EMI, no Rio de Janeiro, e ficavam por lá. Outros iam tomar um chope. Por isso, conseguimos todas aquelas cores no disco”, conta.

Toninho acredita que, ainda que os “herdeiros” do Clube venham tocando essas músicas em suas versões originais, isso não tira a graça do projeto. “Só o fato de serem jovens e ter  tesão por tocar já vale.” Os ensaios (seis, no total) serão realizados não apenas na Praça Duque de Caxias, mas também em locais como o Colégio Arnaldo (onde o guitarrista estudou). A entrada, quando cobrada, terá preço simbólico. Previsto para setembro, o show As cores do Clube terá estreia no Teatro Bradesco, na capital mineira, incluindo pequena orquestra. A expectativa é que o espetáculo seja levado a outras capitais.


TEORIA E PRÁTICA

Além do show As cores do Clube e do Songbook Toninho Horta, o guitarrista pretende reativar seu projeto de shows Aqui ó jazz, incluindo também oficinas, workshops e, talvez, publicação do material didático do 1º Seminário Brasileiro da Música Instrumental, realizado por ele em Ouro Preto, em 1986. O artista revela que pretende criar o Instituto Maestro João Horta (homenagem ao avô) para pesquisar música mineira, formar orquestra jovem e manter na internet portal sobre música. Também está a caminho o DVD Nos tempos do Paulinho, que retratará o irmão Paulo e sua turma de músicos dos anos 1960 em 52 minutos. Pelo visto, seu aguardado Livrão da Música Brasileira (com R$ 1,1 milhão aprovado em leis de incentivo, mas sem R$ 1 captado) ainda vai demorar a sair.



Songbook terá músicas inéditas

Eduardo Tristão Girão

Não é só. Os músicos Maurício Ribeiro, Cristiano Viana e Rafael Martinez trabalham desde o ano passado na transcrição de 120 músicas de Toninho para livro bilíngue de partituras do artista, o Songbook Toninho Horta, que terá também textos e fotos. “Com sorte, sai no fim do mês que vem”, anuncia. Ele conta que a ideia surgiu durante negociação com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo para reimprimir sua biografia, Harmonia compartilhada (2010). Como resultado, fez acordo com a instituição para ficar com metade da primeira tiragem, que será de 2 mil exemplares.

O guitarrista adianta que seis das 120 músicas do songbook são inéditas, compostas ainda na adolescência, como Barquinho vem, a primeira que escreveu, aos 13 anos, inspirado em Corcovado (Tom Jobim). Além dela, estão nessa mesma leva Ciúme da areia e Momento bom – Você que não vem e Flor que cheira saudade (sua primeira composição gravada, por Aécio Flávio). Também antigas e lançadas no disco ao vivo Solo (2007) foram incluídas. A parte de texto, completa ele, será uma biografia musical, especificando o que fez em cada década.

Frequentemente lembrado como mestre da harmonia, o guitarrista acredita que sua maior contribuição musical está em suas composições. “Acho que sou mais inovador em composições audaciosas. Os mineiros, em geral, são bons nisso, saem daquela linha berkleeniana. A harmonia vem a reboque. Minha canção Beijo partido é importante, é um marco da harmonização diferente, mas pegou porque a letra é cativante também. Melodicamente é inovadora, mas se não tivesse letra não teria ficado tão famosa. Isso duplica a importância”, justifica.

SAINDO DO FORNO

 Minas-Tokyo
Lançado só no Japão, é disco solo, com Toninho tocando guitarra e violão. Entre as 12 faixas, Beijo partido, Quadros modernos e Giant steps (John Coltrane).

Shinkansen
Gravado por Toninho com Jacques Morelenbaum (violoncelo), Liminha (baixo) e Marcos Suzano (pandeiro), tem músicas escritas por eles especialmente para essa formação.

Mais que bons amigos
Cantora carioca que gravou com Me deixa em paz com Milton Nascimento, Alaíde Costa faz dueto com Toninho  interpretando só Clube da Esquina.

Two guitars – Dal Brasile a Napoli

 Registro instrumental da colaboração entre Toninho e o guitarrista Antonio Onorato, que é influenciado pela música napolitana.

Belo Horizonte
Disco duplo com Toninho e Orquestra Fantasma. O primeiro tem clássicos do guitarrista e o segundo reúne temas instrumentais de Yuri Popoff e André Dequech.


MUTIRÃO NACIONAL » Aprenda a tocar

O Dia Nacional do Ensino da Música será comemorado em 20 estados, com extensa programação agendada para amanhã e sábado. Em BH, o Studio Sol, por meio do site Cifra Club, oferecerá aulas gratuitas na Escola Minueto (Avenida do Contorno, 7.449, Lourdes). As vagas são limitadas e inscrições já podem ser feitas em www.cifraclub.com.br/workshops.

A boa ideia se inspirou no evento National Learn to Play Day, realizado no Reino Unido. A edição brasileira mobiliza lojas, comunidade artística, professores e instrumentistas.


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