sábado, 3 de agosto de 2013

Diversionismo - Renato Andrade

folha de são paulo
Diversionismo
BRASÍLIA - A reação tucana às acusações da Siemens, sobre suposto aval dado pelo governo de São Paulo à formação de cartel para licitações de obras do metrô, revela uma velha prática diversionista.
A estratégia, usada por todo o espectro político brasileiro, é ignorar o conteúdo das denúncias e desqualificar a origem das informações.
Os tucanos resolveram poupar a gigante alemã --que delatou esquema do qual diz ter feito parte-- e dispararam petardos contra o Cade, órgão responsável pela investigação de violações à livre concorrência.
O conselho serviu de bode expiatório para o governo federal petista, verdadeiro foco das críticas disparadas pelo secretário-chefe da Casa Civil paulista, Edson Aparecido.
O subordinado do governador Geraldo Alckmin acusou o Cade de ter se tornado "instrumento de polícia política" e de fazer um "vazamento seletivo" de informações, com o intuito de prejudicar o PSDB.
Tratar as denúncias da Siemens como uma espécie de Fla-Flu político entre velhos rivais é um desserviço à população de São Paulo, que conta com uma malha restrita de metrô e trens da CPTM superlotados.
É claro o temor entre os tucanos que a investigação, até agora restrita à formação do cartel, entre pelo caminho da improbidade administrativa, o velho mundo da propina.
Não há provas, até o momento, que sustentem acusações nesse sentido. Além disso, essa trilha, caso seja identificada, não ficará sob a responsabilidade do Cade.
Todas as autoridades envolvidas na apuração do cartel precisam prestar muito atenção ao que os executivos da Siemens revelaram até agora.
A multinacional esteve no centro de um dos maiores escândalos de corrupção da Alemanha, que gerou o pagamento de multas bilionárias e a troca do comando da companhia.
Diante dessa história recente, desclassificar o trabalho do Cade não parece ser uma grande ideia.

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