sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Carlos Herculano Lopes - Das boas coisas

Carlos Herculano Lopes

carloslopes.mg@diariosassociados.com.br

Estado de Minas: 04/10/2013 



Se existe uma coisa boa em participar de encontros e feiras literárias, que de uns tempos para cá têm se espalhado pelo Brasil, é a chance de encontrar velhos amigos, fazer novos, conhecer lugares. De uns dias para cá, aqui no país das Gerais, tive a oportunidade de estar em dois desses eventos: o Fliaraxá – Festival Literário de Araxá, com curadoria de Afonso Borges, e o Felit – Festival Literário de São João del-Rei, cujo curador foi José Eduardo Gonçalves. Belas festas de celebração ao livro e às palavras.

Nas duas cidades, para minha alegria, estive com muita gente boa. Em Araxá, seguindo a velha tradição mineira, fui anfitrionado por ilustres filhos da terra: os irmãos Dirceu e Leila Ferreira, e um primo deles, Evandro Affonso Ferreira, cujo romance, O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Roterdam, está entre os finalistas do Prêmio Jabuti deste ano. Não será nenhuma surpresa se for o vencedor. Numa noite, com a lua cheia, estivemos na casa de Cristina e Gustavo Pena, que fica de frente para uma lagoa, em volta da qual, como ele contou, vivem centenas de passarinhos. Do papo, que entrou noite adentro, participaram, entre outros, a empresária Ângela Gutierrez e a professora Mary Del Priore. Seu último livro, sobre a princesa Isabel, é leitura obrigatória para quem quiser saber mais sobre a história deste país.

De Araxá, onde havia ido em outras ocasiões, segui para São João del-Rei. Fui nas ótimas companhias da escritora Paula Pimenta, cujos livros, voltados para o público adolescente, estão fazendo o maior sucesso, e do romancista Ivan Ângelo. Com ele participei de duas mesas-redondas: na primeira, durante o dia, falamos para centenas de professores de várias cidades do Campos da  Vertentes, que estavam reunidos em um congresso sobre educação. E na outra, à noite, no Teatro Municipal, a discussão versou sobre a crônica e seu método de criação. Na plateia, para a nossa honra, ninguém menos que o casal Lúcia e Luis Fernando Verissimo, que estavam hospedados em Tiradentes, na casa de Zenilca Navarro. Há coisa de quatro anos, também naquela cidade, tinha me encontrado com eles.

Depois da conversa, que teve mediação do professor e também cronista José Antônio Rezende, seguimos para o Restaurante Dedo de Moça, no qual seria oferecido um jantar em homenagem ao escritor gaúcho que, justo naquele dia, 26 de setembro, estava completando 77 anos. A reunião, que entrou noite adentro, mostrou um Luis Fernando Verissimo, cuja timidez é famosa, feliz e bem disposto. Tomou uma dose da cachaça Tabaroa, provou tira-gostos e ainda guardou lugar para o linguado a Verissimo, servido como prato principal. Antes da sobremesa, outra reverência ao mestre, feita pelo Trio Serenate, lá mesmo de São João, e que é formado por Kessin no saxofone, Fábio Neves na gaita e Douglas André no violão.

Terminada a apresentação, com todos novamente em volta da mesa, perguntei a Verissimo de quais livros do seu pai ele mais gostava: “Da trilogia O tempo e o vento”, respondeu sem vacilar, como já devia ter feito outras vezes . Daí a pouco, no início da madrugada, nos despedimos. Estava quase na hora, como sempre acontece em encontros deste gênero, de pegar novamente a estrada.

P.S.: A Editora Objetiva acaba de lançar um novo livro de Luis Fernando Verissimo, Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos.

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