terça-feira, 19 de novembro de 2013

Nova sonda rumo a Marte‏

Nova sonda rumo a Marte
 
Nasa lança nave para estudar a atmosfera superior do planeta vizinho e entender como ele deixou de ter condições favoráveis à vida para se tornar um corpo seco e extremamente frio


Estado de Minas: 19/11/2013 0

Foguete Atlas V-401 parte de Cabo Canaveral, na Flórida, levando a Maven: a sonda deve chegar a Marte em setembro de 2014 (  Joe Skipper/Reuters    )
Foguete Atlas V-401 parte de Cabo Canaveral, na Flórida, levando a Maven: a sonda deve chegar a Marte em setembro de 2014


Marte é a nova Lua. Enquanto o satélite natural da Terra mereceu o máximo de atenção dos cientistas envolvidos na corrida espacial durante a segunda metade do século passado, o Planeta Vermelho é, sem dúvida, a vedete do momento. Em meio a planos de enviar uma viagem tripulada ao mundo vizinho em meados da década de 2030, a Nasa, agência espacial americana, lançou ontem mais um equipamento para orbitá-lo e estudá-lo.
A Maven (sigla em inglês para Evolução Atmosférica e Volátil de Marte) é a décima sonda orbital lançada pelos americanos para analisar o planeta, três das quais não chegaram ao destino. Na conta, não entram equipamentos como o robô Curiosity, que, em vez de circundarem o planeta, pousaram em sua superfície. A nova máquina, no entanto, é a primeira pensada para colher dados da parte mais alta da atmosfera, que podem ajudar a reconstruir o passado marciano.

Com os dados colhidos até agora, os cientistas não têm mais dúvidas de que o Planeta Vermelho abrigou, há cerca de 4 bilhões de anos, rios, lagos e um clima muito mais quente, favorável à presença de vida. Isso era possível porque havia uma densa atmosfera, parecida com a da Terra. No entanto, algum processo levou o corpo vizinho a perder grande parte dessa camada protetora de gases e se tornar uma rocha seca e fria (com mínimas de -128ºC), nada acolhedora para organismos. A sonda deve ajudar os engenheiros a entenderem o que aconteceu. “Maven é a primeira aeronave espacial destinada a explorar a atmosfera superior”, afirmou a Nasa em um comunicado à imprensa. “A sonda vai investigar como a perda de atmosfera de Marte determinou a evolução da água na superfície.”

Segundo os especialistas, os ventos solares (partículas de energia lanças pelo Sol que atingem os corpos que o rodeiam, incluindo a Terra) parecem ter erodido a cobertura marciana ao longo de milhões de anos. Por isso, buscando verificar essa hipótese, a nave foi equipada com uma porção de instrumentos de última geração capazes de medir os elétrons e íons solares que chegam a Marte, além de fazer outras medições, como a da quantidade de raios ultravioleta que chegam ao local.

Os três principais objetivos da iniciativa, de acordo com a Nasa, são identificar a estrutura e a composição da atmosfera superior e entender os processos que as controlam, determinar as taxas de perda gasosa para o espaço atualmente e compreender o que gera essa diminuição, e, por fim, reconstituir como se deu esse desaparecimento atmosférico ao longo do tempo.

Longa viagem A Maven partiu do Cabo Canaveral, na Flórida, impulsionada por um foguete Atlas V-401, na hora prevista pela Nasa, às 13h28 (16h28 em Brasília). “Tudo parece estar indo bem”, informou o centro de controle da Nasa instantes depois. O lançamento precisava ocorrer entre ontem e 7 de dezembro para que a sonda realizasse com sucesso sua viagem de 10 meses.

Dessa forma a nave deve começar a orbitar Marte em 22 de setembro do próximo ano, com dois dias antecedência da nave indiana Mangalyaan, lançada no último dia 5. O equipamento de 2.453kg deve passar um ano a 6 mil quilômetros da superfície do planeta, mas deve realizar algumas aproximações ao longo da missão, chegando a uma altitude de 125km.

O objetivo da missão planejada pela Índia, que tem um custo bem mais modesto (US$ 73 milhões), é procurar por sinais de metano na atmosfera (um indicador de vida) e colher dados sobre a superfície. Se for bem sucedida, a iniciativa colocará o país asiático no seleto grupo de nações que já enviaram um equipamento para estudar o planeta vizinho — apenas a Rússia e a União Europeia, além dos EUA, obtiveram sucesso, e China e Japão já fracassaram.

Todas as informações colhidas por essas missões são consideradas importantes para o sucesso de uma viagem tripulada, planejada pela Nasa para ocorrer em aproximadamente duas décadas. A intenção é fazer com que quatro astronautas pousem com segurança no solo marciano e consigam retornar à Terra, numa jornada que durará quase dois anos. Outras iniciativas, financiadas por capital privado, tentam alcançar um feito semelhante antes da agência espacial.

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