segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Festival Música nas Montanhas chega à 15ª edição em Poços de Caldas

Clássicos no verão 
 
Festival Música nas Montanhas chega à 15ª edição em Poços de Caldas. Evento, que vai até dia 18, tem concertos programados em vários espaços da cidade, com entrada franca 

 
Walter Sebastião
Estado de Minas: 06/01/2014

Criador do festival, Jean Reis destaca oportunidade que os jovens têm de tocar em uma orquestra. Evento reúne mil estudantes de todo o país (Leko Machado/Divulgação)
Criador do festival, Jean Reis destaca oportunidade que os jovens têm de tocar em uma orquestra. Evento reúne mil estudantes de todo o país

Concerto todos os dias, com convidados internacionais, alunos e professores de música. É a 15ª edição do Festival Música nas Montanhas, que começou ontem e vai até o dia 18, em Poços de Caldas. O evento cresceu ao longo do tempo, reúne cerca de 1 mil estudantes de música e vai se tornando referência entre os festivais de verão do Brasil. “Nosso interesse não é ser o maior. O desejo é criar o melhor ambiente possível para o estudo e audição da música. Nosso compromisso é com a qualidade, não com a quantidade”, avisa o maestro Jean Reis, de 53 anos, criador do evento e diretor artístico do festival desde a primeira edição.

Música nas Montanhas tem convidados brasileiros e de outros países, que atuam como professores, além de apresentar concertos regidos por Jean Reis, Leon Burke e Jorge Peréz-Gòmez. Mas o orgulho do diretor são os grupos formados com alunos. Como as quatro orquestras sinfônicas, que preparam quatro programas. Acrescente-se uma banda sinfônica e uma orquestra de cordas. E três coros: um sinfônico, um de crianças e outro da terceira idade. As apresentações são em vários locais e horários, desde o Teatro da Urca, palco dos grandes concertos, até hospitais, creches e asilos. “São programações especiais, porque os grupos são formados por alunos selecionados pela alta qualidade”, garante o maestro.

O maestro chama atenção para o bom entrosamento entre artistas, plateias, estudantes e a cidade de Poços de Caldas, construindo um ambiente de aprendizado e apreço pela música. “O que é importante, já que a leveza nos relacionamentos colabora para que se faça boa música. Quando há interação entre os instrumentistas, quando o público percebe que há interesse dos participantes em tocar junto, entende melhor que o que está sendo apresentado: é música genuína”, define. O maestro enfatiza o conjunto da programação, mas observa que o modo como os pianistas Flávio Augusto (que vai tocar Liszt e Rachmaninoff) ou o russo Guigla Kapsarava (que vai interpretar concerto de Tchaikovsky), articulam expressividade e competência técnica faz deles artistas singulares.

Jean Reis é mestre em música pela Andrews University e em regência orquestral e violino pela University of Redland. Foi violinista de várias orquestras no Brasil e nos Estados Unidos, regeu grupos na Áustria, França e Argentina, além de atuar como professor convidado de festivais. É o fundador e diretor musical de mais cinco festivais: São Paulo, Maranguape (ES), Lages (SC), Bagé (RS) e Andradas (MG).

Festival MÚsica nas Montanhas

Concertos todos os dias, até 18 deste mês, em Poços de Caldas.
. Teatro da Urca, às 20h30, com convidados do festival e grupos formados durante o evento.

. Primeira Igreja Batista e Teatro da Urca, às 18h, com alunos de nível intermediário.

. Casa de Cultura de Poços de Caldas, dia 11, às 17h; dia 12, às 19h; e dia 18, às 17h.

. Entrada franca. Informações: www.festivalmusicanasmontanhas.com.br

três perguntas para...

Jean Reis
diretor do Música
nas Montanhas


1 Qual a importância e o papel dos festivais?
Festival é o encontro da música. Oferece para os alunos possibilidade de tocar com instrumentistas de outros locais, às vezes em grupos grandes, o que muitos não têm em suas cidades, com repertório significativo que eles não podem tocar sozinhos. É experiência, reciclagem, acesso a professores muito qualificados. Os festivais trazem ainda para as cidades que os abrigam programação intensa, que só existe nos grandes centros. É dose nada homeopática de música.

2 Como você avalia a infraestrutura de espaços para concertos no Brasil?
A situação é muito desigual. Tem cidade que tem teatro e não tem música. Outras têm música e não têm teatro. Há lugares em que os espaços não comportam o público, que é grande; e existem espaços que ficam vazios, porque a programação não desperta interesse. Na minha opinião, o essencial é ter programação que justifique a existência de um teatro. Já vi cidades que queriam comprar os instrumentos antes de ter quem se interessasse em tocá-los. O importante é ter, primeiro, gente que queira estudar música e, depois, os instrumentos.

3 Qual o desafio para quem cria ou administra festivais?
O mesmo posto a todo empreendedor: conseguir orçamento adequado ao projeto. Às vezes fazemos milagres com o que conseguimos.

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