domingo, 5 de janeiro de 2014

Profissão de fé - Eduardo Tristão Girão

Profissão de fé 
 
Rio de Janeiro e São Paulo inspiram o novo disco de Gabriel Grossi. Militante da gaita, ele apela a arranjadores que abram espaço para o instrumento na música popular brasileira 
 
Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 05/01/2014


Gabriel Grossi, gaitista     (Guto Costa/divulgação)
Gabriel Grossi, gaitista

Elogiado por ninguém menos que o colega belga Toots Thielemans, o gaitista brasiliense Gabriel Grossi mandou para as lojas o disco instrumental Urbano. O trabalho é extensão da linguagem iniciada em Horizonte (2009), álbum gravado com Guilherme Ribeiro (teclado) e Jônatas Sansão (bateria). Ao trio foram acrescentados Sérgio Coelho (trombone), Jota P. Barbosa (saxofone-tenor e flauta) e Michi Ruzitschka (guitarra).

Dirigido por Guilherme Ribeiro, o CD traz sete composições, quatro delas escritas por ele em parceria com Grossi – as demais são assinadas por um ou por outro. “Queríamos continuar o trabalho que começamos em Horizonte, mas de uma forma um pouquinho diferente, com a nova geração mais presente. Naquela época, homenageamos instrumentistas de sopro como Maurício Einhorn, Paulo Moura e Raul de Souza. Sérgio e Jota P. são seguidores deles”, afirma Grossi.

Ainda utilizando a linguagem da música instrumental brasileira, Grossi agora aposta na pouco óbvia combinação de seu instrumento com sopros, oferecendo sonoridades interessantes. “A gaita dá timbres que mudam muito as texturas dos naipes em que ela entra. Quero incentivar arranjadores a usar mais gaita em seus trabalhos. Por que não?”, questiona. Além disso, o artista lança mão de um pedal especial, que lhe permite formar acordes. Isso fica claro no solo de Todas as direções.

“É uma música de cidade mesmo, muito urbana, fruto de minhas vivências entre Rio de Janeiro e São Paulo. O disco é todo em compassos compostos, meio quebrados. As melodias são simples, apesar de os ritmos surgirem mais complicados. Piramos mais em cima dos grooves, eles conduzem o CD”, observa Grossi. As gravações ocorreram no ano passado, em São Paulo. Todos os músicos tocaram juntos no estúdio.

Panorama
Depois de lançar dois discos no ano passado – Realejo (com o acordeonista Bebê Kramer) e Villa-Lobos popular (com o pianista Amilton Godoy) –, além de Urbano, o gaitista quer se dedicar a shows para divulgar melhor os três trabalhos. Em seguida, planeja produzir DVD gravado ao vivo que resuma um pouco de sua trajetória.

Em março, ele vai embarcar para Viena, na Áustria, onde participa do show de lançamento do disco Vienna, world, do guitarrista Wolfgang Muthspiel, no Konzerthaus, um dos principais palcos daquela cidade europeia.

Grossi, que marcou presença na gravação desse álbum, não será o único brasileiro no Konzerthaus. O outro é o violonista e baterista gaúcho Alegre Corrêa, que participou de Realejo. O gaitista aproveita para cumprir agenda paralela para divulgar seu trabalho solo.

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