quarta-feira, 28 de maio de 2014

Educação: a magia de se reinventar - Ana Lúcia Almeida Gazzola

Ana Lúcia Almeida Gazzola
Professora e secretária de Estado de Educação de Minas Gerais
Estado de Minas: 28/05/2014 



O ensino médio precisa mudar. Há tempos esse nível de ensino enfrenta o desinteresse dos alunos e dos educadores. Arrisco dizer que provoca angústia e temor. O currículo não conversa com a realidade e o que se aprende em aula parece não ter aplicabilidade na vida.

É consenso entre muitos — alunos, professores, diretores, técnicos do governo, pesquisadores e entidades, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) — que o ensino médio precisa se “reinventar”. Mas como?

A própria Unesco sugere que 25% da carga horária seja destinada a atividades independentes das disciplinas tradicionais. Os demais 75% da carga horária poderiam ser preenchidos com disciplinas tradicionais ou não, desde que quatro áreas do conhecimento sejam contempladas: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas.

Na outra ponta, há quem enxergue a saída na transformação do ensino médio em educação profissionalizante. São dimensões educacionais que precisam “andar” juntas, mas elas não podem se fundir. O ensino médio regular continua sendo uma ponte para quem almeja o ensino superior.

Então, o que fazer? Em Minas Gerais, temos o Programa Reinventando o Ensino Médio. Tudo começou em 2012, em 11 escolas estaduais da Região Norte de Belo Horizonte. A iniciativa ganhou fôlego e em 2013 foi estendida a outras 122 escolas, em todo o estado. Já em 2014, todas as 2.246 escolas estaduais que oferecem o ensino médio já contam com a nova proposta pedagógica. Vale lembrar que a rede estadual de Minas oferece mais de 87% das vagas de ensino médio do estado.

O programa Reinventando amplia a carga horária para 3 mil horas-aula nos três anos do ensino médio e muda a concepção de curso para transformá-lo em um percurso, com disciplinas optativas, tutoria, temas transversais e atividades extraclasse e fora da escola. O conceito de sala de aula é ampliado e cada escola escolhe três áreas de empregabilidade entre as cinco “desenhadas” com a ajuda dos professores, especialistas e alunos. Essas áreas buscam criar conexões entre a escola e o mundo do trabalho, proporcionando uma pré-profissionalização ao aluno.

O fundamental é que exista abertura para que o aluno seja protagonista de seu próprio destino, fazendo escolhas e construindo uma trajetória a partir de possibilidades que estreitem a relação com a realidade. Já o professor precisa ter apoio e suporte para ousar. Para isso foram criados os Núcleos de Apoio Pedagógico ao Ensino Médio (Napem), além da Magistra, a Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional dos Educadores.

O Reinventando o Ensino Médio não é uma fórmula mágica, um modelo pronto e acabado. Se podemos falar em sucesso, ele advirá da capacidade do programa de “conversar” com escolas, educadores e alunos, buscando fundir-se às necessidades e sonhos. Desses elementos, o programa se alimenta. E se reinventa, diariamente. Essa é a magia da educação. Por isso, hoje, 28 de maio, Dia dos Educadores, estendo os meus agradecimentos e cumprimentos aos profissionais da educação, em especial àqueles que integram a rede estadual de ensino de Minas Gerais, que têm a coragem de reinventar, a cada dia, com alma e inspiração, a arte de educar.

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