quarta-feira, 18 de junho de 2014

Em Fortaleza, nordestinos condenam ofensas a Dilma


Por Letícia Casado | De Fortaleza
Torcedores nordestinos que vieram à Arena Castelão, em Fortaleza, para ver o jogo entre Brasil e México disseram ser contra as ofensas gritadas à presidente Dilma Rousseff (PT) durante o jogo de abertura da Copa do Mundo, em São Paulo, na semana passada. Segundo eles, a presidente poderia ter sido vaiada lá ou em outro lugar, mas não deveria ter sido xingada, e a situação passou uma imagem ruim do país no exterior.
A reportagem conversou com 20 torcedores de Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí. Ouviu também dois paraenses e dois paulistas. Com exceção dos paulistas, todos criticaram a atitude da torcida em São Paulo, mesmo aqueles que disseram não aprovar a administração da presidente. Questionados se o xingamento aconteceria se a abertura tivesse sido em um estádio do Nordeste, os nordestinos e os paraenses disseram que Dilma poderia ser vaiada, mas não xingada.
"Não concordo com ofensas e acho que no Ceará não teria acontecido dessa forma", disse a fisioterapeuta de Fortaleza Geisa Monteiro, 30, depois de criticar os "altos gastos públicos na Copa".
"Talvez a gente [nordestino] tenha mais educação", disse o professor Elksandro Muniz, 38. "Independentemente dos problemas sociais, o governo promoveu uma festa linda", afirmou Igor Borges, 23, empreendedor autônomo. Para o auxiliar de cartório Helio Arruda, 45, "as pessoas que fizeram isso não deveriam apoiar a Copa e nem ir ao estádio". Os três amigos, paraibanos, não abriram seus votos, mas disseram que entre eles "tem gente que não votou nela [Dilma]".
Para o casal pernambucano Herbert Carlos, 43, e Letícia Carlos, 42, os xingamentos foram "pesados". Eles criticaram a administração de Dilma e as "suspeitas de corrupção" sobre o governo federal. "Roupa suja se lava em casa", disse o casal, que levou os filhos de 5 e 11 anos ao estádio.
Frase semelhante foi dita pelo comerciante cearense Daniel Cordeiro, 45. "A gente tem que tratar nossos assuntos dentro do país, nas urnas, e não nas câmeras diante do mundo."
Funcionários públicos, Derick Oliveira, 25, e Edivaldo Almeida, ambos do Pará, disseram que "a abertura não era o momento", que "em qualquer canto a presidente pode ser alvo de vaias", mas que "aquilo [xingamentos] foi pesado".
Carregando uma bandeira do Corinthians, os paulistas Márcio Lousão, 35, e Giovanni Massarotti, 27, disseram que aprovam os xingamentos porque foram "manifestação do público".
Os paulistas afirmaram que não são eleitores da Dilma, que o brasileiro não deve ficar preocupado com a imagem no exterior e que isso não acontece só no Brasil, pois já viram jogos em outros países com pessoas "xingando quando odeiam o governo". Lousão trabalha na área comercial de uma empresa, e Massarotti é administrador.
Mas, se Dilma tivesse ido a um jogo do Corinthians no Itaquerão, a reação da torcida teria sido diferente, afirmaram, quando questionados sobre se a torcida corintiana xingaria a presidente. Ela não teria sido ofendida, pois o torcedor do Corinthians é "o público que vota na Dilma".



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