sábado, 7 de junho de 2014

Foi gol ou não? - Silas Scalioni

Foi gol ou não? 
 
Graças à adoção da tecnologia, essa dúvida não existirá na Copa do Mundo, que começa quinta-feira no Brasil. Outras novidades estarão dentro de campo e para quem vai assistir aos jogos pela TV 

 
Silas Scalioni
Estado de Minas: 07/06/2014


Spidercam, câmera suspensa com cabos capaz de se movimentar sobre o campo para mostrar ângulos do jogo bem interessantes, será muito usada nos jogos    (Spidercam/Divulgação )
Spidercam, câmera suspensa com cabos capaz de se movimentar sobre o campo para mostrar ângulos do jogo bem interessantes, será muito usada nos jogos

Eram 11 minutos do primeiro tempo de uma prorrogação que decidia a Copa do Mundo de 1966, no dia 30 de julho, quando o atacante Geoff Hurst, da Seleção Inglesa, chutou forte, a bola bateu no travessão e quicou exatamente sobre a linha do gol, defendido pelo goleiro da Alemanha Ocidental Hans Tilkowski. O árbitro suíço Gottfried Dienst validou o gol, que acabaria sendo primordial para que os ingleses se sagrassem campeões. Até hoje se discute se a bola realmente passou a linha ou não. Quase 44 anos depois, em 27 de junho de 2010, na Copa da África do Sul, a Inglaterra fez um gol em lance parecido com o de Londres. Aos 40 minutos do primeiro tempo, a mesma Alemanha vencia por 2 a 1, quando Lampard chutou de fora da área, a bola bateu no travessão e, em seguida, no gramado, já 33cm dentro da meta do goleiro Neuer. O árbitro uruguaio, Jorge Larrionda, não validou o tento legítimo, que seria de empate dos britânicos, dando aos germânicos o sabor de uma vingança tardia.

Na Copa no Brasil, que se inicia em 9 dias, a regra do jogo terá de se adaptar aos avanços dos recursos eletrônicos. Será o primeiro Mundial em que os árbitros contarão com a ajuda de sensores para determinar se a bola entrou no gol. O sistema, chamado de GoalControl, utiliza 14 câmeras, sete para cada meta, e faz a leitura do lance por vários ângulos. As imagens são processadas por um poderoso software capaz de identificar o movimento dos diversos elementos em campo e isolar apenas a bola. Com as coordenadas exatas dela, é possível, então, estabelecer se a bola ultrapassou ou não a linha, com erro de apenas 5mm. Todo esse processo é realizado em questão de centésimos de segundo e, caso o gol seja verificado, um sinal vibratório e visual é enviado para um pequeno aparelho de pulso dos árbitros. E se ainda ficar alguma dúvida, as imagens são armazenadas para uma consulta posterior. Mas, segundo a fabricante do sistema, foram feitos testes nas mais variadas situações, em diversas condições climáticas e com diferentes cores de redes, bolas e uniformes, sem que houvesse erros.

A novidade não deixa de ser polêmica. Muitos acreditam que o recurso ajudará, tornando as marcações mais justas. Mas há os que dizem que parte da graça do futebol está justamente em possíveis erros, que são próprios da modalidade. A Spidercam, estreante em Copas do Mundo, é aquela câmera suspensa com cabos capaz de se movimentar sobre o campo para mostrar ângulos do jogo bem interessantes, e será muito usada.

Olho no lance Para quem vai ficar em frente à TV, as transmissões deste ano vão ganhar melhorias graças a várias inovações. Na última Copa, a grande novidade foram as imagens captadas para equipamentos 3D. Já a Copa no Brasil será a primeira que terá captação em 4K (a resolução é duas vezes superior à Full HD). A Sony, uma das patrocinadoras da Copa, vai aproveitar o evento para uma série de programas usando a tecnologia, que já equipa tanto suas câmeras (captação) quanto seus televisores (reprodução). Entretanto, a novidade não será totalmente usada nas transmissões, uma vez que poucos canais e televisores detêm o recurso.

Outras fabricantes de TVs também desenvolveram recursos especiais. É o caso da função Futebol, presente em alguns aparelhos da Samsung, que permite aumentar o som do estádio, rever os lances e compartilhar opiniões diretamente nas redes sociais. Modelos da Sony contam com a possibilidade de consultar notícias, destaques e conteúdos especiais da Fifa. A LG já tem modelos que permitem ao usuário maior interação com o jogo.

Para vestir e chutar

Várias empresas envolvidas no torneio vão apresentar lançamentos. As fornecedoras de artigos esportivos aproveitarão para mostrar chuteiras, camisas e pulseiras com materiais inteligentes, sensores digitais e estudos biométricos. As chuteiras, por exemplo, já mostram evoluções impensáveis anos atrás. A Adidas apresenta recursos tecnológicos interessantes, como no modelo Predator LZ TRX, que vem com o sistema MiCoach. Trata-se de um sensor que capta informações, como distância, velocidade e número de sprints. Os dados podem ser armazenados e conferidos em computadores para avaliar o desempenho e estabelecer treinamentos personalizados. O uniforme brasileiro foi desenvolvido depois de estudos que identificaram as regiões do corpo dos jogadores com maior nível de tensão a partir de análise de onde os atletas colocavam mais força. A equipe de designers da Nike usou tecnologia 3D de escaneamento corporal e coletou dados completos da anatomia de cada jogador. O uniforme foi feito com material reciclável: 18 garrafas pet para a confecção de cada peça. 

Assistir e compartilhar

Da última copa para cá, o smartphone tornou-se ainda mais indispensável. Por isso, a tecnologia que deve ganhar força com o evento é a rede de internet 4G, que é até 10 vezes mais rápida que a 3G. Testada na Copa das Confederações, muitos usuários reclamaram do serviço, que deve ser reforçado. As operadoras Claro e Vivo já anunciaram a oferta de roaming 4G para visitantes internacionais, que, entretanto, devem consultar as operadoras, já que a frequência aqui não é a mesma de outros países. Uma medida que tem sido oferecida aos torcedores nos estádios são redes wi-fi próprias. O problema é que só seis dos 12 estádios que sediarão os jogos fecharam contratos para oferecer internet sem fio. 

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