segunda-feira, 14 de julho de 2014

O CARA » O Messi Alemão‏

Autor do gol que deu o título à Alemanha, Mario Götze foi comparado ao craque argentino

Estado de Minas: 14/07/2014


Jogador comemorou com a taça depois da difícil vitória germânica sobre os argentinos, garantindo o tetra ao time europeu   (PATRIK STOLLARZ/aFP)
Jogador comemorou com a taça depois da difícil vitória germânica sobre os argentinos, garantindo o tetra ao time europeu


Quando recebeu instruções para entrar em campo do técnico Joachim Löw, Mario Götze ouviu do chefe: “Entra e prova que você é melhor do que o Messi”. Exagero à parte, o jovem armador de 22 anos, nascido em Memmingen, não chega a superar o astro argentino, mas de uma coisa já pode se orgulhar: ele agora pertence à galeria dos heróis de títulos mundiais. Apontado como “Messi alemão” quando surgiu nas divisões de base da seleção, o jogador, brincando, esnobou o argentino quando ouviu a brincadeira pela primeira vez. “Eu, o Messi da Alemanha? Não, quero mesmo é ser o Cristiano Ronaldo”, respondeu.

“Marcar este gol foi uma sensação indescritível. A ficha não caiu ainda. Estou muito orgulhoso por tudo o que conquistamos como equipe. É algo grandioso. Um sonho que virou realidade, depois de um ano difícil”, declarou Götze, referindo-se à transferência do Borussia Dortmund, que o revelou, para o Bayern, já campeão europeu. O garoto é o primeiro jogador a sair do banco e fazer o gol do título. Bertoni, que fechou a vitória de 3 a 1 da Argentina sobre a Holanda em 1978, e Altobelli, que definiu o mesmo placar para a Itália em cima da Alemanha em 1982, também saíram do banco, mas fizeram gols da confirmação.

O herói do tetra da Alemanha estreou entre os profissionais do Borussia Dortmund aos 17 anos. Em abril do ano passado, transferiu-se para o Bayern por 37 milhões de euros (cerca de R$ 97 milhões), mas só estreou na equipe de Munique em agosto, por causa de uma contusão na coxa. Habituado a defender a Seleção Alemã desde as categorias de base, na principal já atingiu 35 partidas, com 11 gols, desde a estreia, em novembro de 2010.

Habilidoso, criativo, com ótima visão de jogo, Götze, de 1,76m, tem chute certeiro, como mostrou ontem na prorrogação contra a Argentina. “Quando a situação fica apertada, Mario é um jogador que sabe exatamente o que fazer contra zagueiros grandes”, elogiou Löw, depois da estreia na Copa, a goleada por 4 a 0 sobre Portugal. Neste Mundial, o jogador não participou apenas da goleada por 7 a 1 sobre o Brasil, no Mineirão. Titular em três jogos, entrou no segundo tempo em outros três. No total, atuou 258 minutos e fez gol também no empate por 2 a 2 com Gana, na primeira fase. Nas duas partidas em que balançou as redes, acabou eleito o melhor em campo.

COMEÇO Comparações à parte, o herói do tetra começou a honrar a fama ao levar o Borussia ao bicampeonato alemão nas temporadas de 2010/2011 e de 2011/2012. Nascido em Memmingen, no sul da Alemanha, mudou-se aos seis anos para Dortmund. Progrediu nas categorias de base tanto do clube quanto da seleção e ajudou o país a ser campeão europeu Sub-17, em 2009. No Mundial da Fifa da categoria, balançou a rede três vezes no torneio disputado na Nigéria, quando o Brasil, de Neymar, caiu na primeira fase. Em 17 de novembro de 2010, estreou com a camisa principal da Alemanha em um empate sem gols com a Suécia e se tornou o segundo jogador mais jovem a estrear pela esquadra germânica, depois de Uwe Seeler.

Em uma das transações mais caras da história do futebol alemão, foi vendido por 37 milhões de euros ao Bayern. Na apresentação, causou mal-estar ao usar uma camisa da Nike, rival da Adidas, fornecedora oficial de camisa do clube bávaro. O gol de ontem foi o 11º dele pela Alemanha em 35 jogos. Neste Mundial, também havia marcado contra Gana. O primeiro dos 11 gols foi sobre o Brasil, em 10 de agosto de 2011, na vitória por 3 x 2 em cima dos liderados de Mano Menezes. (com Marcos Paulo Lima)


La Pulga apagada

Braitner Moreira, Felipe Seffrin,
Lorrane Melo e Marcos Paulo Lima
Enviados especiais


Rio de Janeiro – Ao menos para Lionel Messi, o jogo que encerrou o sonho do tricampeonato argentino foi um passeio. Na decisão da Copa, o astro do time vagou por duas horas pelo gramado do Maracanã, com pouca movimentação e sem exigir uma defesa do goleiro Manuel Neuer. Contemplativo, despediu-se do Brasil isolado do grupo. Enquanto os outros choravam juntos, o jogador quatro vezes melhor do mundo ficou a poucos metros de distância, estático, com a mão na cintura, sem deixar alguma lágrima escorrer.

A apresentação fria de Messi começou antes mesmo de o árbitro Nicola Rizzoli apitar. Mais calado que o habitual, o craque não conversou entre a execução dos hinos nacionais e o início do jogo – só assentiu quando Mascherano disse algo em sua direção. Tocou na bola pela primeira vez aos 2 minutos, quando perdeu dividida com Höwedes e viu a Alemanha puxar um contra-ataque que só foi parado por uma falta de Garay. Era o presságio do que viria.

Se a estratégia era se fingir de morto, andando de ombros baixos em uma final de Copa, funcionou. Messi encerrou a partida como o atleta que menos se movimentou. Com o passar do tempo, passou a ser menos acionado pelos colegas. Terminou o jogo com 66 toques na bola, marca mais baixa dele neste Mundial – Schweinsteiger e Kroos, para comparação, tiveram a Brazuca no pé 124 vezes no Maracanã.

Tanta pressão pelo título parece ter afetado o sistema nervoso do craque, que passou mal mais uma vez. Aos 9 minutos do segundo tempo, sozinho na ponta-direita, fez careta antes de vomitar no gramado. Limpou a boca, colocou as mãos na cintura e continuou andando. Esta última cena, por sinal, se repetiu durante todo o jogo. A cada chute para fora, passe errado e desarme sofrido, Messi travava. Olhava para baixo, repousava as mãos na quadril e contava os passos.

Depois do apito final, por exemplo, foram 22 passos em direção ao centro do gramado, tempo suficiente para Messi compreender a dimensão de seu Maracanazo pessoal. Aos 27 anos, dificilmente o craque chegará a outra Copa com as mesmas condições de guiar a Argentina à final, como fez em 2014. Enquanto refletia, fixando o gramado, tirou a faixa de capitão e a soltou no chão. Subiria sem ela para a tribuna de honra para buscar a Bola de Ouro (melhor jogador do torneio) e a medalha de prata. A primeira, entregou ao massagista da seleção. A última, tirou do pescoço antes mesmo de chegar ao túnel a caminho do vestiário.

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