sexta-feira, 11 de julho de 2014

ZONA MISTA » O que vier é lucro Kelen Cristina

Estado de Minas: 11/07/2014 


 (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Sorrisos para todo lado, treinador fazendo piada com atleta, jogador tirando onda de declaração polêmica de companheiro... É nesse clima descontraído que a Seleção Argentina se prepara para buscar o tricampeonato da Copa do Mundo. Em seu último trabalho aberto à imprensa em Belo Horizonte antes da viagem para o Rio de Janeiro, não se sentiu nenhum pingo de tensão no ar. Pelo contrário. É uma Argentina bem relaxada, que já tem a sensação de dever cumprido, que a Alemanha vai encontrar domingo, no Maracanã.

O que tirou o peso do ombro dos argentinos foi a meta estabelecida para a campanha no Brasil. O grande objetivo da alviceleste era passar das quartas de final. Em português claro, o que vier agora é lucro. “É um sonho estar na decisão. Mas o que este grupo já fez é impressionante e independentemente do que ocorrer na final, estaremos com a consciência tranquila”, disse Maxi Rodríguez.

Sabella e seus comandados sabem que serão recebidos como heróis na volta para casa. E talvez aí esteja a origem de tantos sorrisos – e um grande trunfo para a decisão. Depois de uma conversa com os jogadores, no campo, o comandante foi efusivamente aplaudido. Fez uma brincadeira com o atacante Lavezzi (foto), e arrancou risadas de todos. Na entrevista coletiva da qual participaram Rodríguez e Sergio Agüero não foi diferente. Perguntas que poderiam gerar polêmica foram respondidas com bom-humor e até uma pitada de ironia – como quando os jogadores foram questionados por um repórter sobre a declarada torcida de Neymar para a Argentina. “Não, obrigado”, sintetizou Agüero, sem se preocupar com diplomacia e fazendo jus à fama de marrentos que carregam os hermanos mundo afora.

 (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Homenagem
Antes da entrevista coletiva, jogadores e jornalistas foram convidados a fazer um minuto de silêncio pela morte do repórter argentino Jorge López, em um acidente de carro na madrugada de quarta-feira, em São Paulo. Em seguida, todos aplaudiram, emocionados. López era amigo de Messi, que até dedicou a ele a vaga na decisão da Copa.


Creedence na torcida
Os argentinos têm a bênção oficial da banda norte-americana Creedence Clearwater Revival para soltar a voz no Maracanã, domingo. Em entrevista ao jornal Clarín, o baterista Doug Clifford se disse honrado por ver que uma das composições do grupo serviu de inspiração para o cântico que se tornou hino dos argentinos em gramados brasileiros, “Brasil, decime qué se siente”, baseado em Bad Moon Rising. E o músico foi além: “Os fãs do Creedence na Argentina sabem que Bad Moon Rising mete medo nos corações dos rivais na Copa do Mundo”.


Segredo de estado

Apesar de não haver uma cobrança exacerbada na conquista do título, alguns jogadores argentinos fizeram promessa para a conquista da taça. Quem levantou a bola foi Agüero, que assegura não fazer parte desse grupo. Ele, no entanto, entregou o milagre sem revelar o santo, mantendo em sigilo o nome dos companheiros que lançaram mão do artifício. O atacante deve saber que uma das receitas para o êxito da promessa é não revelá-la antes do objetivo alcançado.


Sequelas de Mascherano

Uma declaração no mínimo curiosa de Mascherano depois da vitória nos pênaltis sobre a Holanda, nas semifinais, virou assunto na imprensa e também na mesa de refeição da Seleção Argentina, ontem. “Não quero ser grosseiro, mas rasguei o ânus na jogada com Robben”, disse o volante da alviceleste, sem muito pudor, ao explicar a feição de dor depois de um carrinho salvador, que evitou o gol do holandês, que estava cara a cara com o goleiro Romero. “Pensávamos que ele tinha sentido cãibra. No almoço ele nos contou que havia até dito para a imprensa. Acontece com vários defensores que se jogam no chão com frequência. Deve doer”, disse Agüero, sendo interrompido por Maxi Rodríguez: “Nunca aconteceu com você?”. E o atacante rebateu: “È por isso que não me atiro em campo”.


Imbróglio idiomático
O zagueiro da Alemanha Hummels foi às redes sociais ontem tentar desfazer o que, segundo ele, foi um erro de tradução ou de interpretação de suas palavras. “Não posso imaginar que eu disse ‘concordamos em fazer um pacto para não humilhar o Brasil’ ou algo do tipo. Não falo dos meus adversários dessa maneira. Ficamos concentrados e não queríamos humilhá-los foi  o que eu quis dizer (e disse, espero)”, tuitou. Em seguida, ele fez uma mea-culpa, em tom de brincadeira: “Talvez eu deva voltar às aulas de inglês”.

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