sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Eduardo Almeida Reis - Senhora condessa‏

Senhora condessa

Foi assim que tomei conhecimento da excelentíssima senhora condessa da Ega, a quem se atribui a universalização do estrogonofe

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 08/08/2014



Os paraibanos Moacir Japiassu e José Nêumanne Pinto são dois jornalistas dos mais importantes de toda a história da imprensa brasileira, crème de la crème de nossa mídia nos séculos 20 e 21. Quando se juntam para repassar uma notícia, abalam os pilares basilares dos seus amigos, entre os quais me incluo.

Foi assim que tomei conhecimento da excelentíssima senhora condessa da Ega, a quem se atribui a universalização do estrogonofe, prato feito originalmente com pedaços refogados de carne bovina (atualmente também com carne de aves ou de crustáceos), num molho de creme de leite e cogumelos.

Ega é uma freguesia portuguesa do concelho de Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, com 32,55 km2 e 2.835 habitantes em 2011. Juliana Luísa Maria de Oyenhausen de Almeida nasceu em Viena, dia 20 de agosto de 1782, falecendo em São Petersburgo dia 2 de novembro de 1864. Condessa de Oyenhausen, condessa da Ega e condessa de Stroganoff, diz a Wikipédia, era uma “maluca” bonita como a mãe e danada para a brincadeira, pois primeiro casou com Aires José Maria de Saldanha Albuquerque Coutinho Matos e Noronha, segundo conde da Ega, a quem pôs os chifres com o general Junot. “A formosura da condessa da Ega cativou o general, que em 1808 invadiu o nosso país (Portugal), e os seus amores tornaram-se tão públicos que ficou sendo conhecida como amante do primeiro ajudante de Napoleão”.

Depois de ter vivido à grande na corte de Napoleão e ter ficado viúva, casou-se com Gregório Alexandre Ironwisch, conde de Stroganoff, e se mudou para São Petersburgo, na Rússia. O mundo lhe deve a Sopa Juliana (à francesa) e o estrogonofe, receita que teria encontrado entre os papéis de um ex-cozinheiro do conde de Stroganoff.

Estabelecido o fato de Juliana Luísa Maria de Oyenhausen de Almeida ser conhecida em Portugal como “a infame condessa da Ega”, o escritor José Norton publicou novo livro, Juliana, condessa Stroganoff, biografia em que desmonta “a cabala histórica que os românticos, primeiro, e todos os outros depois montaram contra Juliana. Para lá da pretensa amante de Junot, frívola e rebelde aristocrata mimada e caída em desgraça, o autor mostra a mulher, apenas e só, fruto das circunstâncias do seu tempo, das ações do seu marido e, principalmente, da educação numa das mais progressivas famílias aristocratas portuguesas.

Compete ao caro e preclaro leitor do Estado de Minas aprofundar a pesquisa histórica sobre a condessa da Ega. Enquanto a mim, informo que já comi dezenas de estrogonofes e que no Google acabo de encontrar 819 receitas de Sopa Juliana, o que me faz supor que fosse muito mais gostoso degustar a própria Juliana Luísa Maria de Oyenhausen de Almeida, em carne e osso, depois de um bom banho, lavagem do corpo com finalidade higiênica que não entusiasmava as condessas daquele tempo.


Tautocronismo
Substantivo que acabo de aprender, tautocronismo significa simultaneidade, qualidade de simultâneo, que se faz ou se realiza ao mesmo tempo (ou quase) que outra coisa; concomitante, tautócrono. Convenhamos em que tautócrono é dose, mas explica a simultaneidade do noticiário sobre o sistema prisional da Holanda com o auê midiático brasileiro sobre a autorização do STF para que os mensaleiros “trabalhem” fora da prisão.

Nosso belo Dirceu, que não tem um real como têm a coragem de dizer seus amigos, vai ganhar R$ 2.200 por mês como bibliotecário; Valdemar da Costa Neto, outro coitado que não tem onde cair morto, vai gerenciar um restaurante brasiliense. Ele mesmo, Valdemar, ARENA (1979-1980), PDS (1980-1984), PL (1990-2007), PR (2007-2012). A Wikipédia não explica onde andou o ilustre brasileiro entre 1984-1990, nem isso interessa ao leitor preocupado com o endereço do restaurante gerenciado pelo neto de Valdemar da Costa, que é para não passar pela porta do estabelecimento.

Onde o tautocronismo? Ora, na notícia de que o governo holandês decidiu adotar a política da Dinamarca e da Alemanha impondo aos seus presidiários o pagamento de 16 euros por dia, cerca de 50 reais, quando engaiolados. Assim, obrigam o criminoso a assumir pelo menos parte do custo dos seus atos e recuperam por ano 65 milhões de euros das despesas policiais e judiciais.

A Holanda, com 17 milhões de habitantes, tem 29 presídios, 8 deles fechados por falta de presos. Entende o governo dos Países Baixos (Nederland, literalmente “país baixo”) que o detento é parte integrante da sociedade. Cometendo um crime, tem a obrigação de contribuir para minimizar os gastos do país com o delito. Num país grande e bobo, são raros os detentos que trabalham e suas famílias recebem ajuda de custos superior ao salário mínimo.


O mundo é uma bola
No século e milênio passados, dia 8 de agosto de muito antigamente, na Casa de Saúde São José, em Botafogo, Rio, o fórceps do Dr. Aguinaga extraiu belo menino louro, que até hoje anda por aí torrando a paciência dos leitores.

Em 1709, o padre Bartolomeu de Gusmão, nascido no Brasil, inventa o balão de ar quente. Em 1864, fundação da Cruz Vermelha. Em 1991 desaba a torre de rádio de Varsóvia, que tinha 674 metros de altura.

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