terça-feira, 13 de novembro de 2012

Boal volta à cena


Com duração de um mês, série de leituras e debates em SP recupera a obra do diretor que fundou o Teatro do Oprimido
Arquivo Pessoal/Divulgação
Imagem sem data de Augusto Boal que integra o acervo do dramaturgo, hoje na UFRJ
Imagem sem data de Augusto Boal que integra o acervo do dramaturgo, hoje na UFRJ

GUSTAVO FIORATTIDE SÃO PAULODesde que o diretor, dramaturgo e teórico Augusto Boal (1931-2009) morreu, em consequência de uma leucemia, sua obra permanece em suspensão no Brasil. Não foi suficientemente revista, tampouco esqueceram-se dela.
Entre as poucas encenações de peças suas no eixo Rio-São Paulo, houve uma montagem do ator e diretor Paulo José para "Murro em Ponta de Faca".
Entre as raras séries de debates públicos sobre seu extenso legado, houve os encontros promovidos pela Bienal de São Paulo de 2010.
Junto com a viúva do artista, a psicanalista Cecília Thumim Boal, o diretor da Companhia do Latão, Sérgio de Carvalho, tenta reverter um possível lapso: a obra de Boal parece ter repercutido com mais força no exterior.
"Apesar de sua importância, e de ter uma dramaturgia muito interessante e atual, ele é um autor menos discutido por aqui do que merece; parece muito mais presente fora do Brasil", diz Carvalho.
A estimativa de Cecília é que seu trabalho tenha ecoado em mais de 70 países.
Os dois assumem agora a curadoria do "Pompeia Conta Boal", série de encontros, leituras e encenações que vai prosseguir até 14 de dezembro. Trata-se da maior mostra da obra de Boal feita até hoje no país, segundo a mulher que viveu com o artista por 43 anos.
As leituras, aulas, exibições de filmes e debates -além de uma montagem para "Zumbi" com direção de João das Neves- recuperam a obra do autor em suas duas fases fundamentais.
Cronologicamente: fala-se de uma dramaturgia política defendida e praticada por ele na fase de consolidação do Teatro de Arena em São Paulo, nos anos 1960. Boa parte da programação é dedicada a discutir a prática do teatro fórum, também conhecido como Teatro do Oprimido, que ele criou durante o exílio na Europa, nos anos 1970.
Esse segundo tópico representa uma intersecção entre arte e pedagogia, em que o tema da peça é criado a partir da problemas vividos e propostos pelos espectadores.
É essa prática especificamente que levou Boal para fora do país, não só pelas faculdades de arte mas também pelos cursos de pedagogia.

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