sábado, 3 de novembro de 2012

FERNANDO RODRIGUES


Incompleto e atrasado

BRASÍLIA - Não foi uma tempestade Sandy, mas choveu muito em Brasília nesta semana. Por volta das 2h da madrugada de quinta-feira, acabou a luz em casa. Moro numa região central. Dez minutos de carro até a praça dos Três Poderes. A energia foi restabelecida somente às 17h. Ou seja, foram 15 horas de apagão. Nove eletrodo-mésticos queimados.
Meus problemas pessoais não têm importância. Mas o exemplo já experimentado por milhões de brasileiros tem. Revela um país que melhorou nas últimas décadas, porém que também é incompleto e atrasado.
Brasília tem perto de 500 mil pessoas vivendo em "condomínios", muitos de classe média alta.
"Condomínio" é o eufemismo local para ocupação irregular do solo. A cidade tem uma população total de 2,6 milhões.
Ceilândia é a história-síntese. Sempre achei que o nome fosse referência a um termo em grego ou latim. Errei. No fim da década de 60, houve invasões no centro da capital federal. Na ditadura militar, as coisas se resolviam à força. Em 1971, foram todos removidos para um lugar ermo, a 26 quilômetros de distância. Tudo coordenado pela Campanha de Erradicação das Invasões, a CEI.
Ceilândia tem hoje perto de meio milhão de habitantes. É um episó-dio triste de segregação social dentro da capital do país.
Menos mal que agora falte luz em todos os bairros de Brasília. Ricos e pobres enfrentam as mesmas vicissitudes produzidas pelo crescimento desordenado e por governos incapazes (na melhor hipótese) ou corruptos (muitas vezes).
Brasília está nas mãos do PT.
Agnelo Queiroz sempre argumenta que assumiu uma terra arrasada. Pode ser. Mas o serviço de informações da companhia de energia brasiliense nunca vai além de lamentar o ocorrido e pedir desculpas. É pouco para quem assumiu a cadeira há um ano e dez meses.

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