terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Novo secretário diz que vai priorizar alfabetização de aluno de até 8 anos


Segundo a prefeitura, 20% das crianças nesta idade ainda não sabem ler e escrever no município
Convidado por Haddad, Cesar Callegari lista ainda vagas em creches e melhoria do ensino como suas prioridades
FÁBIO TAKAHASHIFolha DE SÃO PAULOO sociólogo Cesar Callegari (PSB), atual gestor de educação básica do Ministério da Educação, será secretário da área em São Paulo no governo de Fernando Haddad (PT).
A pasta recebe cerca de 20% do Orçamento do município. Para Callegari, as prioridades são a melhoria da qualidade do ensino, a expansão das vagas em creches e a alfabetização de todas as crianças de até oito anos.
Callegari chega com a aprovação do maior sindicato municipal docente, de educadores e do atual titular da pasta, Alexandre Schneider (PSD). A escolha foi confirmada ontem por Haddad.
"[A prioridade] mais evidente e urgente é que São Paulo cumpra as metas do Ideb", disse Haddad, referindo-se ao indicador federal que considera o aprendizado dos alunos e as taxas de aprovação.
"São Paulo foi uma das poucas capitais que não cumpriram as metas de quinto e nono anos. Se a gente quiser ter competitividade e continuar atraindo investimentos, a educação é chave", disse.
Secretário de Educação Básica do MEC desde o início deste ano, Callegari disse àFolha que buscará alfabetizar todas as crianças com até 8 anos (3º ano do fundamental). Dados da prefeitura indicam que 20% desses alunos não atingiram o nível.
No ministério, ele desenvolveu um programa específico para alfabetização, que prevê bolsas para professores que participarem de formação aos sábados, e materiais didáticos especiais.
Ainda na gestão Gilberto Kassab (PSD), a prefeitura já havia decidido aderir ao programa, a ser iniciado em 2013.
"O sucesso dele na prefeitura dependerá muito do sucesso na alfabetização, pois utilizará um programa que ele mesmo criou no MEC", disse Priscila Cruz, diretora da ONG Todos pela Educação.
HISTÓRICO
Callegari já foi deputado estadual e secretário de Educação de Taboão da Serra (Grande São Paulo), onde sua gestão foi premiada internacionalmente com um programa de visitação de professores a casas de estudantes.
O sociólogo foi a segunda opção de Haddad para a pasta. A primeira foi Cleuza Repulho, secretária de São Bernardo do Campo, no ABC.
Segundo o prefeito eleito, pesou o fato de Repulho perder a presidência da Undime (entidade que reúne secretários municipais de Educação) caso mudasse de gestão.
A desistência do nome, porém, só ocorreu após a Folha informar que Repulho é ré em processo que investiga desvio de verba pública.

Desafio é avançar na qualidade, diz Callegari
Uma das ações será valorizar o professor, afirma novo secretário
Segundo ele, o fato de Haddad ter sido ministro da Educação lhe dá segurança para comandar a pasta
DE SÃO PAULOConsiderado um gestor com bom diálogo com diversos setores, Cesar Callegari prometeu ontem que buscará valorizar os professores.
Segundo ele, essa é uma das principais ações para melhorar a qualidade do ensino.
A cidade tem melhorado os indicadores, mas não atingiu as metas federais em 2011.
Em entrevista à Folha, ele apontou ainda como prioridades a alfabetização das crianças e o aumento de vagas em creches (há 145 mil crianças na fila de espera).
Abaixo, trechos da entrevista.
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Folha - O que Haddad pediu?
Cesar Callegari - Conversamos sobre o programa de governo dele, que é muito bom e totalmente exequível. Um dos desafios é avançar na qualidade do ensino fundamental. A rede está preparada para dar passos mais largos. Qualidade certamente envolve a valorização e ações específicas aos professores. Outro desafio é a expansão da oferta do ensino infantil, especialmente das creches.
O sr. pretende implementar a visita dos professores às famílias dos alunos, como é feito em Taboão da Serra?
É uma proposta viável, mas teria de ter um formato diferente do feito em Taboão, considerando o tamanho de São Paulo. De qualquer forma, é preciso envolver mais as famílias com a educação.
Agora, uma questão que certamente será um dos nossos focos é a alfabetização na idade certa, até os 8 anos.
Se essa meta der certo em uma cidade como São Paulo, será exemplo para o país. Isso só será alcançado com a valorização do magistério.
Como foi a negociação com Haddad? Será uma pressão adicional o fato de o prefeito ter sido ministro da Educação?
Foi uma conversa direta com ele, não discussão entre os partidos. O fato de termos um prefeito que coloca a educação como prioridade em sua tela só me traz segurança.

    REPERCUSSÃO
    Priscila Cruz, diretora da ONG Todos pela Educação:
    "É uma vantagem ter alguém próximo ao MEC. Isso ajuda na parceria de programa em um município que não está em uma situação tão favorável. Além disso, ele transita em diversos espaços, tem bom diálogo e experiência como secretário, em Taboão da Serra."
    Alexandre Schneider, secretário municipal de Educação:
    "Acho uma boa escolha. Tem experiência como gestor na Educação. Espero que tenha muito sucesso e amplie as conquistas pelas quais a rede passou nos últimos anos."
    Claudio Fonseca, presidente do Sinpeem (sindicato dos professores municipais):
    "Não participei da coligação que elegeu Haddad, mas a escolha me surpreendeu positivamente. O Callegari tem experiência, conhece educação. E é uma pessoa de diálogo."

      JUSTIÇA
      Sociólogo foi condenado como gestor
      Em 2008, a Justiça acatou o pedido do Ministério Público, que entendeu que a fundação estadual dirigida por Callegari entre 1991 e 1994 não poderia ter mantido contrato sem licitação com uma empresa de fornecimento de mão de obra. Ele diz que o problema só foi apontado após sua saída e que todas as contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas.

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