segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Que rainha sou eu? - Vinicius Mota


Folha de São Paulo
SÃO PAULO - "Off with their heads". Cortem-lhes as cabeças, grita a Rainha de Copas na fábula de Alice. Nessa toada a presidente Dilma Rousseff vai ocupando a "cadeira da rainha", alegoria meio besta do marqueteiro petista João Santana.
Soberanas houve, de carne e osso, que cumpriram o programa de governo da amalucada carta de baralho criada por Lewis Carroll. Pense em Maria 1ª, na Inglaterra do século 16.
Outras lideraram saltos civilizatórios e econômicos -como Catarina, na Rússia do século 18.
A esta altura do governo, vencida na prática a primeira metade do mandato, Dilma Rousseff deve estar se perguntando que tipo de rainha, afinal, vai se tornar.
As decapitações de assessores e ministros pegos com a boca na botija não param. Fica cada vez mais difícil para a presidente sair-se bem desses episódios.
O governo que emerge do noticiário político e policial está cercado de gente desqualificada fazendo negociatas em postos importantes da administração. A imagem inicial, da faxineira implacável, passa a competir com a da patroa relapsa, incapaz de controlar os seus empregados.
Se o saldo de Dilma como a rainha que ceifa cabeças e purifica o governo ainda está em disputa, não há dúvidas sobre seu péssimo desempenho na economia. O trono de Catarina continua vago.
O espectro de quatro anos de crescimento ridículo, parecido com o das décadas perdidas de 1980 e 1990, assombra o Planalto. Nenhum escândalo de corrupção conhecido ameaça tanto a continuidade do PT no poder quanto o prolongamento do marasmo econômico.
Deveriam tomar cuidado o ministro que fala mais que manda -Guido Mantega- e o assessor da Fazenda que manda mais que fala -Nelson Barbosa. Sob Dilma 1ª, ninguém costuma perder a cabeça quando não entrega o que promete. Mas nunca se sabe.

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