sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Confira como ficará a sua conta de luz.Mas torça para São Pedro ajudar




A redução de 18,14% na tarifa residencial (e de até 32% para indústrias) entrou em vigor ontem e para saber quanto pagará a menos o cliente tem de calcular sua média de consumo e aplicar o desconto. O benefício só será integral nas contas com vencimento a partir do fim de fevereiro e início de março, dependendo do dia da leitura. Porém, para que a tarifa reduzida perdure é preciso que chova o bastante para encher as barragens das hidrelétricas. Hoje, os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste estão com 33,87% da capacidade, menos da metade dos 73,60% de um ano atrás. A represa de Três Marias está 11,20m abaixo de sua altura máxima, com 39,25% do volume de água, enquanto a projeção era que estivesse com 82%. Se faltar chuva e as usinas térmicas forem acionadas durante todo o ano, especialistas estimam que o desconto será inteiramente corroído em 2014.

Reservatórios ameaçam desconto 


Mesmo com mais chuvas, nível de água nas represas das hidrelétricas do país está cerca de 50% abaixo do visto em janeiro de 2012. Efeito pode ser corte menor na conta de luz
 


Zulmira Furbino e Mateus Parreiras
Estado de Minas: 25/01/2013 
A conta de energia vai ficar mais barata e o consumo vai aumentar e pressionar ainda mais a oferta de energia no país, que ainda é dependente do tempo. E a falta de chuvas pode afetar a redução tarifária que entrou em vigor ontem com corte médio de 20,2% nas contas de consumidores residenciais, comerciais e industriais. A chuva na Região Sudeste e, particularmente, em Minas, ainda está longe de ser suficiente para recuperar o nível dos reservatórios nas hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, as principais fornecedoras do insumo no país, o que exige o funcionamento das usinas térmicas, que geram energia a um custo mais alto.
Entre 1º e 22 de janeiro, o reservatório de Furnas, uma das usinas mais estratégicas do país (Rio Grande), que deságua no Paraná e chega a Itaipu, subiu 13,04 pontos percentuais, saindo de 12,51% para 25,55%. Para efeito de comparação, em 22 de janeiro do ano passado, os reservatórios do Sudeste/Centro Oeste, estratégicos para o abastecimento de energia no país, estavam com 73,60% de sua capacidade de armazenamento. Hoje, estacionam em 33,87%.
Já há quem aposte que dificilmente o nível dos reservatórios no país ficará acima de 60% depois do período das chuvas. Os dados são do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). “Se não chover o suficiente e as usinas térmicas tiverem que ser acionadas durante todo o ano de 2013, o desconto na conta de energia anunciado pela presidente Dilma Roussef poderá ser inteiramente corroído no ano que vem”, afirma Walter Froes, diretor da CMU Energia. Ele lembra que o ano de 2012 começou com os reservatórios lotados e terminou numa situação dramática. “Estamos construindo hidrelétricas sem reservatório e, por isso, ficamos cada vez mais expostos à boa vontade de São Pedro”, observa.
Na Bacia do Rio Grande, que abriga em cascata quatro das principais hidrelétricas do país, o nível da água nos reservatórios subiu desde o início de janeiro, mas ainda está longe da marca registrada em igual período do ano passado. O volume útil do reservatório de Furnas estava em 74,25% em 22 de janeiro de 2012. A diferença em favor do mesmo dia do ano passado é de nada menos do que 48,7 pontos percentuais. Em Mascarenhas de Morais o volume útil está em 32,03% e no ano passado estava em 84,62%. Água Vermelha registrava 49,40% em 22 de janeiro de 2012 e agora está em 26,65%. A menor diferença foi encontrada em Marimbondo, onde o nível do reservatório estava em 35,46% em janeiro de 2012 e hoje registra 32,03%.
Prejuízo às margens das hidrelétricas
As chuvas que trouxeram transtornos na Região Norte do estado ainda não serviram para dar alento à situação também em Três Marias, na Região Central. Ali, a represa da bacia do Rio São Francisco está 11,20 metros abaixo da linha máxima e com 39,25% do volume total, sendo que a expectativa da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que opera o reservatório, era de que as chuvas de novembro a janeiro tivessem elevado as águas a 82% nesta semana. Os prejuízos já relatados em reportagem do Estado de Minas, publicada em 11 de janeiro, persistem na piscicultura de tanques e na atividade turística.
De acordo com a subgerente do Clube Náutico Três Marias, Simone Soares dos Santos, por causa da escassez de chuvas o movimento caiu cerca de 30%. “A dificuldade de lançar um barco é grande. Precisamos usar tratores para transportar as embarcações do seco até a água e isso desanima os turistas e sócios”, conta. A esperança dela é que as chuvas se intensifiquem para que mais gente possa vir no carnaval.
A seca mudou a rotina movimentada do clube. Com o recuo do lago de Três Marias a rampa usada para lançar embarcações se tornou uma laje sem propósito que desce 10 metros morro abaixo, com barcos e motos aquáticas entulhadas a seu redor, numa garganta que fica hoje a 90 metros do nível da água. Entre o matagal que cresce verdejante e já se tornou pasto em algumas áreas, aparecem boias amarelas que deveriam demarcar a área de manobras náuticas para os barcos do clube.
No meio desta semana, as instalações ficaram praticamente vazias, ainda que as férias de início de ano não tenham terminado. As churrasqueiras estão abandonadas, piscinas sem frequentadores e um tapete de mangas maduras se espalha pelo chão, já que não há ninguém para apanhar as frutas. Barcos e lanchas potentes, que poderiam cruzar o lag,o estão parados nos hangares, estocados lado a lado e cobertos por lonas para não empoeirar.


Tesouro vai bancar R$ 8,46 bi na conta 
Sílvio Ribas

Brasília – Para o governo cumprir a sua promessa de um desconto médio de 20,2% nas contas de luz de todas as residências e empresas do país, anunciada no começo de setembro, o Tesouro Nacional terá de desembolsar pelo menos R$ 8,46 bilhões este ano. O montante duas vezes e meia superior aos R$ 3,3 bilhões originalmente previstos se refere aos encargos incidentes na tarifa que passaram a ser bancados pela União e, sobretudo, à parcela das cotas de energia não participantes do pacote de redução.
Os recursos federais aportados serão obrigatórios ao longo de cinco anos, reduzindo à medida que forem vencendo os contratos de concessão das companhias estaduais Cesp (SP), Cemig (MG), Copel (PR) e Celesc (SC), de fora da renovação dos contratos, antecipada de 2015 a 2017 para este ano. As usinas de fora do acordo serão devolvidas ao governo e depois licitadas com remuneração menor. A conta dos aportes poderá passar de R$ 9 bilhões em 2014, dependendo da conjuntura.
“O importante é que a medida é histórica e valerá para sempre”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Ele e as principais autoridades do setor elétrico concederam ontem entrevista coletiva para detalhar o impacto da segunda medida provisória (MP), editada quarta-feira pela presidente Dilma Rousseff, para alterar a estrutura tarifária.
No mesmo dia, em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, Dilma informou que ampliaria a redução das contas de luz e anteciparia o início dos descontos de 5 de fevereiro para ontem. De toda forma, os efeitos da desoneração só serão sentidos totalmente nas faturas de março. A presidente disse que as contas residenciais ficarão, no mínimo, 18% mais baratas, em vez dos 16,2% em média previstos inicialmente. No caso dos consumidores industriais, a redução será de até 32%, em vez do teto de 28%.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, explicou que a diferença entre o anunciado em 11 de setembro e ontem se deve à revisão dos cálculos. “Temos agora dados concretos, pois antes os valores se baseavam na premissa de que haveria adesão de 100% das usinas convidadas a renovar contratos”, observou.
Encargos Apesar das ponderações, o fato é que as manobras orçamentárias adotadas em caráter excepcional para atingir os valores dos aportes envolvem desde a unificação de encargos na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) até a antecipação de créditos do Tesouro com Itaipu, a serem pagos até 2035. Neste último caso, a tendência é de o governo emitir títulos ancorados nos valores futuros a receber. A estimativa atual dos créditos de Itaipu, sensível ao câmbio, é de US$ 14 bilhões.

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