sábado, 16 de março de 2013

Balanço revela mudança de comportamento no país, com artistas e galerias atuando juntos

Balanço revela mudança de comportamento no país, com artistas e galerias atuando juntos 


Sérgio Rodrigo Reis

Estado de MInas: 16/03/2013 

O que determina o valor de uma obra de arte? Como funciona o mercado? Qual o papel dos atravessadores? Como a arte contemporânea se posiciona no mundo globalizado? Essas e outras perguntas foram respondidas esta semana por especialistas ligados à ArtRio, uma das maiores feiras brasileiras do segmento, que estiveram em Belo Horizonte, na Celma Albuquerque Galeria de Arte, com um único objetivo: difundir e desmistificar algumas das mais recorrentes questões da área.

A ação faz parte de estratégia da ArtRio de tentar ampliar o mercado nacional da arte. Segundo os organizadores, a situação está boa, mas, nem de longe, próxima do potencial do país. “As perspectivas são gigantes. Somos um bebê neste mercado. Vai melhorar e muito”, avalia a carioca Brenda Valansi, uma das fundadoras da feira. Ela tem na ponta da língua os números que comprovam a teoria: neste ano, a terceira edição do evento atraiu mais de 70 mil pessoas. Houve a participação de 120 galerias, das quais 40% vieram de outros países. Mesmo sem revelar os valores por trás das negociações, garante que todos ficaram satisfeitos.

O que tem garantido a boa repercussão da feira em pouco tempo de atividade, para ela, são os critérios aplicados. Para participar, as galerias são submetidas a uma comissão. Só entra quem tiver currículo e comprovar trabalho sério. Depois de escolhido, cada participante tem direito a espaços que variam entre 20 metros quadrados (no caso das jovens galerias), a estandes entre 40 e 120m2, para quem tem carreira consolidada. “É um mercado cada vez mais interessante, porque o Brasil está indo bem e, cada vez mais, sobra tempo para as pessoas pensarem em arte. É necessário um primeiro contato.” O tema, além de seus fascínios, pode representar boas oportunidades de negócios.

 A perspectiva, de acordo com a especialista, sinaliza para crescimento, sobretudo, na fotografia. “O mercado englobou a foto como arte.” Mesmo com bons negócios à vista, ela não acha que as pessoas devem iniciar suas coleções só pensando na valorização. Mas sim pelo que gostam. “Depois, procuro ver o valor da obra. Se for baixo: ok! Agora, se for mais caro, tento entender o que está por trás do valor.” E o que determina o preço de um trabalho artístico? “Primeiro é a trajetória do artista, o que vem fazendo e a sua credibilidade. Não adianta nada comprar algo caro de um jovem artista em início de carreira, que, daqui a pouco, pode virar um dentista.” Há outros dilemas. “A pessoa que não é muito rica acha que arte é para os muito ricos. Já os milionários, que nunca tiveram contato, acham que é para intelectuais. Arte é para todos. Basta se interessar. E não precisa ser intelectual para isso.”

Brenda Valansi analisa o mercado brasileiro de arte como um segmento em franca evolução e em busca de profissionalização. “Desde que entrei, há 10 anos, só vejo as pessoas querendo fazer as coisas direito. Vejo os artistas querendo vender por meio de suas galerias e não diretamente para os clientes e, por outro lado, as galerias focadas em suas obrigações empresariais, como a emissão de notas fiscais.” Para quem acompanha o segmento há alguns anos, as palavras da especialista soam boa mudança de paradigmas do segmento. 

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