sábado, 16 de março de 2013

Orgulho nacional-Carlos Herculano Lopes‏

Livro do jornalista Guilherme Aragão e do fotógrafo Cesar Duarte destaca a importância do conjunto de nove sítios brasileiros reconhecido como patrimônio cultural da humanidade 


Carlos Herculano Lopes

Estado de Minas: 16/03/2013 


Centro Histórico de Ouro Preto: tesouro da arquitetura colonial


O fato de ter atuado por 15 anos como repórter do Estado de Minas, período em que acompanhou de perto a situação do patrimônio histórico do estado – um dos mais importantes do país –, contribuiu decisivamente para que Guilherme Aragão resolvesse desenvolver o projeto do livro Patrimônio material – Centros históricos, conjunto arquitetônico, santuários e ruínas em parceria com o fotógrafo Cesar Duarte.

O trabalho, que será lançado hoje em BH, pode servir como ótima fonte de pesquisa para estudiosos. Os autores traçam minucioso panorama de nove bens registrados como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): Ouro Preto (1980), em Minas Gerais; Olinda (1982), em Pernambuco; Ruínas de São Miguel (1983), no Rio Grande do Sul; Salvador (1985), na Bahia; Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (1985), em Congonhas, Minas Gerais; Brasília (1987), no Distrito Federal; São Luís (1997), no Maranhão; Diamantina (1999), em Minas Gerais; e Goiás Velho (2001), em Goiás. O material fotográfico, enriquecido pelos textos, está impecável.

Guilherme Aragão visitou todos os sítios abordados. O objetivo do jornalista e do fotógrafo é oferecer ao leitor um recorte singular do patrimônio da humanidade guardado no Brasil. Entretanto, Guilherme explica que a adoção desse critério não significa que outros espaços históricos brasileiros sejam menos importantes.

“Como a decisão da Unesco é política e culturalmente importante, compartilhamos nossa visão com esse órgão. Nesse sentido, o panorama do patrimônio brasileiro oferecido no livro é único. Há obras isoladas sobre cada um desses espaços e há obras acadêmicas sobre o patrimônio, mas procuramos traçar uma contextualização única sobre a herança brasileira para a humanidade”, afirma.

Relatórios

Mineiro de Belo Horizonte e autor do livro Frutas – Os sabores do Brasil, Guilherme Aragão começou a escrever seu novo trabalho no fim do ano passado. Uma de suas referências de pesquisa foi o ensaio História, arte e sonho na formação de Minas, lançado pelo jornalista Mauro Werkema. Guilherme teve acesso a relatórios originais da Unesco sobre as cidades abordadas e visitou várias vezes o Arquivo Público do Distrito Federal, em Brasília, onde encontrou informações valiosas.

“Tive longas conversas com especialistas, como o coordenador de jardins públicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás, o arquiteto José Leme Galvão Júnior; o professor da Unicamp Pedro Paulo Funari, especialista em religiões; e a superintendente do Iphan no Rio Grande do Sul, Ana Lúcia Goelzeer Meira.

Na opinião do repórter mineiro, o tombamento representou um ótimo negócio para as cidades visitadas por ele, aumentando a autoestima dos moradores. “Vi isso em Diamantina, em Olinda e em Goiás Velho. As pessoas têm orgulho de viver em um lugar especial, que pertence à humanidade”, diz.

O tombamento garante a preservação de bens e não há outro instrumento capaz de proteger esses espaços, ressalta Guilherme Aragão. Entretanto, ele cita aspectos que merecem cuidados em Ouro Preto e Congonhas.

A ocupação desordenada da antiga capital de Minas Gerais, iniciada nas décadas de 1980 e 1990, tem sido agravada pelo trânsito pesado no Centro Histórico. Em Congonhas, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos está em condições aceitáveis e recebeu investimentos razoavelmente estáveis ao longo das últimas décadas.

“No entanto, o Centro Histórico de Congonhas foi descaracterizado e os empreendimentos em mineração e indústria na região exigem cuidados. Mas nada como se observa em Salvador e São Luís, que enfrentam problemas muito mais graves”, conclui Guilherme Aragão.

PATRIMÔNIO MATERIAL
Centros históricos, conjunto arquitetônico, santuários e ruínas

De Cesar Duarte e Guilherme Aragão
M4 Marketing, 180 páginas, R$ 72

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