terça-feira, 21 de maio de 2013

Carlos Heitor Cony

folha de são paulo

Gestão & congestão
RIO DE JANEIRO - A primeira referência que tivemos sobre dona Dilma é que se tratava de uma grande gestora. Apesar de militante política desde a mocidade, ela sobressaía pela gestão e alcançou postos de relevo.
Sua capacidade centralizadora, vendida ao eleitorado na sucessão de Lula, levou-a à Presidência da República da qual faz questão de se nomear "presidenta". Não parece, mas uma boa gestão implica se dar nome aos bois.
No passado, um governador de São Paulo (Adhemar de Barros) escandalizou o país ao afirmar que o Brasil precisava de um gerente. O PT ofereceu uma gestora e, para exercer o ofício, ela abduziu 39 tripulantes para a sua viagem no espaço tumultuado de crises e até mesmo de alguns escândalos, que não a atingem pessoalmente, mas colocam sua nave num estado gasoso, próprio dos extraterrestres, ao preço de R$ 58 bilhões, mais que o dobro da verba destinada à Bolsa Família.
Duvido que ela saiba o nome e as qualidades da sua tripulação, apoiada por uma base política quase fantasmagórica, que não pode aumentar pois não há espaço para os muitos candidatos. As fotos de uma reunião do ministério que os jornais publicaram no último domingo revelam que a equipe está mais para uma congestão do que uma gestão.
Fica difícil acreditar que tanta gente, vinda de tantos lugares e com tantos interesses pessoais, tenha condições mínimas para formar uma equipe, cujo técnico está na arquibancada, esperando sua hora e vez de ser novamente convocado.
A realidade é que, apesar dos problemas e crises que estouram quase diariamente, a verdadeira gestão, da qual todos querem participar, está marcada para o ano que vem. Até lá, nada de sólido acontecerá. Todos, tanto na situação como na oposição, continuarão gasosos.

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