sábado, 11 de maio de 2013

Eduardo Almeida Reis-Jornalismo‏

Como diacronismo antigo, dação era ato ou efeito de dar. Hoje, dar tem um caminhão de significados 


Eduardo Almeida Reis

Estado de MInas: 11/05/2013 

Chamada no meu provedor de internet, o mesmo que, aberto o texto, nunca se esquece de informar quantos cavalheiros e damas “curtiram” a notícia. Pouco me importam os nomes dos envolvidos e o lugar onde o fato ocorreu, porque a chamada, e só ela, enseja o mais alto philosophar. Vejamos: “Polícia/Por R$ 30, homem dá a filha de 5 anos para ser abusada por traficante”. Peço ao leitor de Tiro e Queda que releia a chamada e philosophe comigo: quer dizer que por R$ 40 ou R$ 50 a entrega da filha de 5 anos não causaria espanto? Ou, então, pelos R$ 30, se a filha tivesse oito ou nove anos, seria entrega normal? Entrega ou dação? Como diacronismo antigo, dação era ato ou efeito de dar. Hoje, dar tem um caminhão de significados. Se fulana está risonha e feliz, tem cara de quem deu. Mas pode dar sem ficar feliz e risonha, o que também acontece. Vítimas das lições sobre a ciência do direito, no tempo de antigamente, estudávamos a dação em pagamento: pagamento com algum bem de uma dívida em dinheiro; dação in solutum. Em latim, o capricho era mais caprichado: datio in solutum. Um mínimo de escolaridade, que às vezes acontece com advogados formados, fazia o sujeito estufar o peito para dizer datio in solutum, que a maioria entendia como “não tem solução”. Sendo in solutum parece insolúvel. Volto ao que li no provedor. Salvo melhor juízo, a chamada é tão espantosa quanto o texto que não li nem vou ler. Ressalve-se o fato de o traficante estar pagando para abusar da filha dos outros. Até então, abusava sem pagar. E a verdade é uma só: o mundo enlouqueceu de vez. Tenho dito e philosophado.

Vapores mefíticos


Jornalismo é serviço; Tiro e Queda, outrossim. Daí a importância de repassar ao leitor a receita da misturinha que tira o cheiro de tudo, mas de tudo mesmo, limpa tecidos, perfuma e pode ser usada no ambiente doméstico e nos animais de estimação. Fórmula: 1 litro de água + 1/2 copo de vinagre de álcool + 1 colher de sopa de bicarbonato de sódio + 1/4 de copo de álcool + 1 colher de sopa de amaciante. Fácil, não é? Considerando que o vinagre e o bicarbonato efervescem usados juntos, procure fazer a mistura num recipiente grande antes de botar no frasco menor e na seguinte ordem: 1– água; 2– álcool; 3– bicarbonato; 4– vinagre; 5– amaciante de roupas. Borrife sobre tecidos em geral, sofás, almofadas, caminhas de cachorros, cortinas, travesseiros, cobertores, roupas. Além de tirar os maus cheiros, a misturinha deixa o perfume duradouro do amaciante. Pode usar como aromatizador de ambiente, hipótese em que, em vez do amaciante, você deve acrescentar gotinhas de sua essência preferida. Se quiser limpeza profunda lave o objeto com a mistura sem medo de estragar o tecido; pelo contrário, o vinagre reaviva as cores, o bicarbonato limpa profundamente, o amaciante deixa as fibras macias e o álcool faz tudo secar depressa.

Para limpar carpetes nada existe que se compare à misturinha, que tira também o cheiro de chulé dos tênis, de mofo das roupas, de cachorro, de xixi canídeo, de vômito das crianças. Experimente limpar os estofados e o forro do teto do carro, se você é fumante. Também pode limpar bancadas, o interior dos armários, pisos, tudo! E pode ter um litro da mistura em recipiente com spray para borrifar aquilo que bem entender. Para limpar o chão, despeje a mistura diretamente no piso, sem spray, antes de passar o rodo mágico. Tenho o testemunho de leitora norte-americana, que me lê de cotio e recebeu a receita por e-mail. Dona de tênis fedido, bafiento, catinguento, fétido, hircoso, infecto, malcheiroso, mefítico, pestilencial, pestilento, podre, pútrido, a bela senhora escreveu-me dizendo que “usou a mistura e foi tiro e queda”.

O mundo é uma bola

11 de maio: faltam 234 dias para acabar o ano. Em 1794, Batalha de Courtrai, sobre a qual nunca ouvi falar. Curioso que continuo sendo, descubro que foi travada nas proximidades da cidade de Courtrai, Bélgica, e opôs o Exército do Norte, das forças revolucionárias francesas comandadas pelo general Charles Pichegru, ao Exército aliado austríaco e britânico, sob o comando do marechal de campo Clerfayt. Vitória francesa no âmbito da Guerra da Primeira Coligação. Acabo de descobrir que marechal de campo não tem hífen, mas tinha no Aurélio do século 21 e vinha do francês maréchal, do frâncico marhskalk e significava “criado a quem incumbe cuidar dos cavalos”. Veja o leitor como são as coisas: ministro, hoje funcionário da mais alta hierarquia nos países sérios, significava servo, criado subalterno; marechal, posto máximo dos exércitos, já foi o criado incumbido de cuidar dos cavalos. Em 1822, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi liberado à visitação pública. Recentemente, foi aberto à invasão pública e tem centenas de pessoas residindo por lá. Em 1862 – aleluia! – Ferdinand Carré inventa a geladeira. Hoje é o Dia da Inauguração do Telégrafo Brasileiro (1852).

Ruminanças

“Cada dia que passa é um dia a menos. Há que aproveitar as 24 horinhas.” (R. Manso Neto)

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