sábado, 11 de maio de 2013

Imortal lança livro de referências poéticas


A Herança de Apolo' condensa mais de cinco décadas de anotações de Geraldo Holanda Cavalcanti sobre poesia
Secretário-geral da Academia Brasileira de Letras defende na obra a citação como procedimento literário
MARCIO AQUILESDE SÃO PAULOCompêndio de mais de cinco décadas em que coletou citações e referências sobre poesia, "A Herança de Apolo" exprime o universo de anotações e reflexões que Geraldo Holanda Cavalcanti, 84, teceu ao longo da vida.
Diplomata de carreira, o poeta --que ingressou na Academia Brasileira de Letras em 2010 e hoje ocupa o cargo de secretário-geral-- morou durante 40 anos no exterior, onde teve contato direto com a literatura mundial.
Ao longo dos anos, os conceitos e definições foram registrados em vários suportes: primeiramente nas fichas manuscritas, depois em folhas datilografadas e, finalmente, em arquivos eletrônicos.
"Aos 80 anos, descobri uma vontade de pôr ordem em todas estas anotações, pois, quando leio, eu risco, tomo notas, faço observações", afirma Cavalcanti.
Estruturado em três capítulos (divididos em Poesia, Poeta e Poema), o volume abrange todas as faces deste gênero literário.
Na primeira parte, o autor faz uma reflexão sobre a poesia. "É o capítulo mais teórico, mas tratado de maneira não acadêmica, de modo ensaístico", diz. Na segunda, estabelece uma tipologia do poeta. "Há o metafísico, o pensador, o revolucionário, o inventor de formas, o sofredor." Na terceira, trata do poema como objeto. "É um estudo do gênero", diz.
O calhamaço de 462 páginas traz 525 livros na bibliografia de obras citadas.
Defensor da citação como procedimento literário, como escreve no prefácio, Cavalcanti mostra como o método sempre foi útil para sistematizar o conhecimento.
"A citação também pode servir como uma provocação para a reflexão, não é simplesmente algo para demonstrar erudição", acrescenta.
A escrita de Cavalcanti é segura, sem receios, norteada pela extensa referência do autor, tradutor experiente de poesia e dono de inúmeros prêmios. Já na primeira página do texto, ele cita o equívoco de Hegel, em sua "Estética", ao acabar "confundindo poesia com poema".
Ele avança mencionando as definições que os grandes nomes da literatura deram para poesia, trazendo o pensamento de Octavio Paz, Borges, Shelley e João Cabral de Melo Neto, entre outros.
Em alguns momentos, a leitura do livro mostra-se árdua, devido ao acúmulo de citações enumeradas, mas a fluência de escrita do autor minimiza o problema.
CITAÇÕES LONGAS
Outro obstáculo são algumas longas citações em inglês e espanhol sem tradução no rodapé ou em notas de fim de texto. Breve detalhe, diante do monumental empenho de Cavalcanti em discorrer sobre a arte poética.

    RAIO-X - GERALDO HOLANDA
    VIDA
    Nasceu no Recife, em 1929. Diplomou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito do Recife, em 1951
    CARREIRA
    É poeta, contista, ensaísta e tradutor. Verteu para o português livros dos poetas italianos Eugenio Montale e Salvatore Quasimodo. Foi diplomata entre 1954 e 2001. Hoje ocupa o cargo de secretário-geral da Academia Brasileira de Letras
    LIVROS PUBLICADOS
    "Encontro em Ouro Preto" (2007), "Memórias de um Tradutor de Poesia" (2006), "O Mandiocal de Verdes Mãos" (1964), entre outros

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