quinta-feira, 16 de maio de 2013

Eduardo Almeida Reis-Pedra filosofal‏

Existem dois vareios, e os dicionários não registram o termo turfístico, quando o cavalo dá um vareio nos outros


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 16/05/2013 

Coisa muito valiosa que se procura obter em vão, a pedra filosofal deve e pode ser substituída pelo mapa da mina, que é a chave, o segredo, o recurso ou a estratégia para conseguir mais facilmente um objetivo, para obter sucesso. O conceito de sucesso é que “vareia”, como se diz na roça. O editor de texto do Word 7 não sublinhou “vareia” de vermelho, o que me deixa preocupado. Existem dois vareios, e os dicionários não registram o termo turfístico, quando o cavalo dá um vareio nos outros. É verdade que um dos significados de vareio é “surra” e o cavalo, quando sobra na turma e vence disparado, dá uma surra nos concorrentes.

Veja o caro, preclaro e pacientíssimo leitor como são as coisas: no almoço de hoje, cismei de escrever sobre a pedra filosofal tendo como contrapartida o mapa da mina, esqueci-me de anotar o assunto e fiz o nariz de cera antes de me lembrar do fulcro desta nossa conversa: charutos e forno de micro-ondas. Quando Colombo chegou à América, encontrou os charutos, mas a ideia de usar micro-ondas na cozinha data de 1946, e o eletrodoméstico só se vulgarizou muitos anos depois. Tenho belo Cuisinart comprado há cerca de seis anos.

Nos imensos Cohibas que me chegam de Cuba, todos de terceira e quarta linhas, muitos não queimam bem ou queimam à força, exigindo furos com ferrinhos, que mandei fazer, e dúzias de fósforos extra longos. Depois de anos de sofrimento, constatei que parecem muito úmidos por dentro. Daí a ideia de usar o micro-ondas num dos piores, que havia refugado por entender que não queimaria de jeito e maneira. Sabe o leitor o resultado? Se não sabia, fique sabendo: botei-o no micro-ondas durante um minuto e ficou uma beleza! Ponto para o philosopho, que às vezes acerta na mosca.


Truque
Escrevo numa revista que, por força de sua diagramação, exige textos de 4,2 mil caracteres, com espaços; nem mais, nem menos. Ainda que não pareça, é dificílimo fazer uma crônica respeitando exatos 4,2 mil caracteres com espaços. Fossem 500, 600, 700 palavras, poucas mais ou menos, seria facílimo. Tenho milhares escritas assim, mas os caracteres com espaços me pegaram no contrapé. Vai daí que bolei um truque: dois assuntos numa só página. O resultado fica leve e de fácil digestão. Recolho sueltos virgens, conto os caracteres do primeiro na revisão do Word e procuro outro que complete, mais ou menos, os 4,2 mil caracteres com espaços. Junto os dois, tiro uma palavrinha aqui, outra acolá, e obtenho a contagem desejada. Está ficando fácil. Escrever é muito divertido, mas o cronista não deve permitir que a alegria se transforme numa preocupação aritmética.


Tirol
Tenho bom amigo juiz de direito, casado com procuradora federal, que fica quieto no seu canto até disparar, de tempos em tempos, uma série de e-mails fantásticos. No dia em que capricho nestas bem traçadas foram três, que me encantaram durante meia hora. Um de flores e música, outro sobre Michelangelo e um terceiro sobre o Tirol. Acabo de aprender que o Tirol é uma região histórica da parte ocidental da Europa central, que inclui o estado do Tirol, na Áustria, e na Itália, a Região Autônoma do Trentino-Südtirol, formada pelas províncias autônomas de Bolzano e de Trento. Região, como é do desconhecimento geral, situada na área da antiga Récia, habitada pelos récios, romanizada a partir do século 1 a.C. Récia que ocupava partes das atuais Alemanha, Itália, Suíça e Áustria. A história do Tirol tem início nos séculos centrais da Idade Média com o Principado Episcopal de Trento, que foi Estado autônomo dentro do Sacro Império Romano-Germânico. Nas fotos que ilustram o e-mail impressionou-me vivamente o fato de não se ver um só pedaço de papel, uma guimba de cigarro, um palito de picolé nas ruas e nas calçadas imaculadamente limpas. Como é possível viver sem lixo nas ruas? É pergunta que me tenho feito depois de ver o e-mail. E tem mais uma coisa: todas as casas têm as paredes pintadas com cenas bonitas, sem uma só pichação. Deve ser duro morar no Tirol.


O mundo é uma bola
16 de maio de 1532: sir Thomas More, estadista, diplomata, escritor e jurista abandona o cargo de Lord Chancellor (chanceler do Reino) de Henrique VIII, de Inglaterra. Considerado um dos grandes humanistas do Renascimento, foi canonizado em 1935. De família não célebre, mas honesta, casou-se duas vezes e deu aos filhos e filhas educação excepcional. Fez que estudassem latim, grego, lógica, astronomia, medicina, matemática e teologia. Sujeito supimpa. Em 1770, Maria Antonieta, de 14 aninhos, se casa com Luís Augusto, de 16 anos, que seria o rei Luís XVI, da França. Foram mortos pela Revolução Francesa, a tal da liberdade, igualdade, fraternidade inexistentes até hoje. Em 1975, Junko Tabei se torna a primeira mulher a alcançar o cume do Everest. Que se pode esperar de uma alpinista? Hoje é o Dia do Gari. 

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