quinta-feira, 16 de maio de 2013

FIOCRUZ » Eficácia contra a leishmaniose Celina Aquino‏


Estado de Minas: 16/05/2013 

Porto de Galinhas (PE) – Antes restrita a ambientes rurais, a leishmaniose avança para áreas urbanas. A doença tornou-se comum em cidades como Belo Horizonte e Araçatuba, no interior paulista, de acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, mas a incidência ainda é maior no Norte e Nordeste do Brasil, onde estão concentrados 70% dos casos. Cinco municípios pernambucanos começam a mudar a estatística com um programa criado há 10 anos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que reduziu em 80% o número de pacientes infectados. Espera-se agora o mesmo resultado em uma região endêmica no Ceará, que será alvo dos pesquisadores, como anunciado ontem no Congresso Mundial de Leishmaniose. O Ministério da Saúde registrou, de 1992 a 2011, quase 600 mil casos no Brasil.
Transmitida pela picada do mosquito flebótomo, mais conhecido como birigui e mosquito-palha, a leishmaniose está presente em mais de 2 mil cidades. São Vicente Férrer, Macaparana, Goiana, Água Preta e Timbaúba foram os municípios escolhidos para dar início ao programa da Fiocruz Pernambuco (Fiocruz PE) porque formam região com alta incidência da doença. Desde 2003, mais de 1,2 mil pacientes foram  acompanhados durante o tratamento. Cinco anos depois, já era possível observar uma queda de 80% do número de casos.

Para a integrante do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fiocruz PE, Otamires Silva, o resultado é reflexo da conscientização dos moradores das cinco cidades, que passaram a adotar medidas de proteção, como uso de mosquiteiro e repelente. Ela destaca o envolvimento dos profissionais de saúde, que participam de treinamentos, e da administração municipal, que garante a desinfecção a cada seis meses em um raio de 500 metros de distância de casas com casos confirmados. A iniciativa facilitou o acesso da população local ao medicamento, que é oferecido gratuitamente pelo governo federal.
A região endêmica se beneficiou ainda da nova logística para análise das amostras coletadas em pacientes com suspeita de leishmaniose. “Antes, a confirmação do diagnóstico, por causa do grande número de amostras que chegavam aos laboratórios, podia chegar a três meses. Agora ela sai no mesmo dia”, diz.  Todos os exames são realizados no Departamento de Parasitologia da Fiocruz PE, mas Otamires reconhece que o melhor seria se cada região tivesse um laboratório próprio.

Com o resultado em Pernambuco, decidiu-se iniciar nova fase do programa em Baturité e Pacoti (CE), a 100 quilômetros de Fortaleza, que reúnem 40 mil habitantes, e onde foram registrados 500 casos desde 2007. Otamires torce para que outras regiões do Brasil aproveitem a experiência para combater a doença.

Com o desmatamento, o aquecimento global e a migração da população, a doença se espalha por zonas urbanas. Em Belo Horizonte, por exemplo, foram anotados 62 casos, em 2009, de leishmaniose visceral, forma mais grave da doença, por afetar órgãos como fígado, baço e medula, número que coincide com o de todo o estado de Pernambuco no mesmo ano.

Pomada pode substituir injeções
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) testa um medicamento que pode tornar menos doloroso o tratamento de leishmaniose tegumentar americana, que provoca feridas na pele. A pesquisa ainda está em fase de experimentação em camundongos, mas a formulação já se mostra mais eficiente porque penetra melhor na pele. Se a eficácia for comprovada em humanos, a pomada será fabricada no Brasil para ser distribuída em todo o mundo. 

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