segunda-feira, 24 de junho de 2013

Eduardo Almeida Reis - Onda retrô‏


Estado de Minas: 24/06/2013 


Ando preocupado com a onda retrô. Mais dia, menos dia, vai alcançar os cavalheiros retrô, categoria a que pertenço, e vai-se a tranquilidade do philosopho para o terreno sáfaro e agreste, que só dá urzes, vulgarmente conhecido como urzal ou brejo.

Ainda agora tivemos anúncio da Cook-Eletroraro, aqui no Estado de Minas, em que a empresa do doutor Lúcio Costa acena com frigobares Brastemp retrô azuis, negros, vermelhos e verdes, em quatro suaves prestações sem juros. Anúncio preocupante para idosos, entre os quais o dono da Cook, que ainda joga tênis, mas nasceu no ano de mil novecentos e antigamente.

Com ele disputam partidas de tênis atletas igualmente retrô, todos correndo o risco de encantar senhoras e senhoritas que adoram objetos e cavalheiros retrô, adjetivo que não faz plural.

Se me fosse dado palpitar, recomendaria às senhoras e senhoritas que continuem admirando vestes, decorações, objetos, estilos que se baseiam em épocas passadas, mas fujam dos cidadãos retrô, que somos todos uns chatos. Frigobar, tudo bem; companheiro, nunquinha da silva teles.

Bis pueri senes, reza o provérbio: os velhos são duas vezes meninos. Se um menino é chato, dois meninos são insuportáveis. Dixi – popular Latin expression, literally translated as “I have spoken”. É isso aí, bicho.

Notas invernais
Os 853 municípios mineiros logo serão mais de mil, tantos os políticos empenhados em desmembrar vários distritos pensando sempre no bem do povo e na felicidade geral da nação. E o inverno se aproxima, como se fosse preciso depois do outono gélido em que componho estas bem traçadas.

Dos atuais 853, quantos serão os municípios que não têm inverno rigoroso? Não faço a mínima ideia, mas presumo que todo o norte mineiro e a gloriosa região de Resplendor poupem os moradores dos frios de 2013. Também no oeste e no cerrado há climas civilizados, mas no sul de Minas e em toda a Serra da Mantiqueira o inverno é de lascar.

O ideal seria morar em casas com aquecimento central, como aquelas que existem na Europa, na Escandinávia, no centro-norte dos Estados Unidos, no Canadá e noutros lugares de frios insuportáveis. Mas o aquecimento central não faz parte de nossa cultura mesmo nas cidades gélidas como Curitiba e a recordista São José dos Ausentes, RS, pouco mais de três mil habitantes, prefeito peemedebista.

Vendo no Google a média das máximas dos ausentinos em maio, 16,9ºC, descubro que morei quatro anos, sem energia elétrica, numa fazenda fluminense em que a máxima, não a média das máximas, mas a máxima em todo um mês de maio foi de 11ºC. Deve datar daí meu horror ao frio, se bem que nosso chuveiro tivesse água abundante esquentada na serpentina do fogão. Mas aquele tal de sexo de cabaninha, debaixo de três cobertores e um edredom, era de amargar. Se a cabaninha escorrega e gela o pé do herói, babau.

É justamente sobre cobertores que vamos conversar aqui e agora. O baratíssimo Peleja deve ser muito bom em Manaus e só em território manauara. Há diversos outros à venda no comércio, como aquelas mantas bonitas, coloridas, “escocesas”, pesadas, que pouco ou nada esquentam. Duas enganam e pesam sobre as unhas agora aparadas pela linda Rute, antes cortadas pela não menos linda Ariane. Três mantas coloridas devem pesar uma tonelada.

Nunca tive cobertores elétricos: preciso comprar um. Tive bons edredons, que se extraviaram nos 16 anos passados em Belo Horizonte, cidade de clima civilizado com glorioso verão em que o herói pode dormir nu, sem essa de ar-refrigerado: nuzinho da silva teles.

Novidade para o rodado philosopho foi a descoberta de um tipo de manta monocromática, leve, dizem que antialérgica, que esquenta bem. Nas melhores lojas, o modelo de casal custa em torno de 100 reais. Lojas menos badaladas vendem modelos semelhantes a 50 reais cada. Por enquanto, comprei três, duas baratas e uma de 100 paus. Tenho dormido com as três, que são muito leves e esquentam com alguma dignidade, mas o ideal, insisto, seria ter todo o apê com aquecimento central canadense. Questão de opinião; direito meu.

O mundo é uma bola
24 de junho de 1128: Batalha de São Mamede entre dom Afonso Henriques, com os barões portucalenses, e as tropas do conde galego Fernão Peres de Trava, que andava namorando Tareja, mãe de Afonso Henriques, e tentava se apoderar do governo do Condado Portucalense.

As facções confrontaram-se no Campo de São Mamede, perto de Guimarães. Derrotados, Tareja e Fernão Peres abandonam o governo condal, que ficaria nas mãos de Afonso Henriques e seus partidários, desagradando ao bispo Diogo Gelmires, de Santiago de Compostela.

A história daquele tempo, como a mais recente, é muito confusa. Tudo leva a crer que a situação só se acalmou quando Paulo Coelho, hoje da Academia Brasileira de Letras, fez o Caminho de Santiago, escreveu seus livros e ficou muito rico.

Hoje é o Dia do Caboclo, o Dia Internacional do Disco Voador e feriado numa infinidade de cidades brasileiras: Dia de São João.

Ruminanças
“Jornalista que vira assunto passa, como jornalista, a não merecer a menor confiança.” (Joel Silveira, 1918-2007)


>> eduardo.reis@uai.com.br

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