quarta-feira, 10 de julho de 2013

Álbum de Naná Vasconcelos extrai música dos elementos da natureza

folha de são paulo
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"A natureza é um conservatório de vida e sabedoria", diz Naná Vasconcelos.
Está falando de como sua música é orgânica e sua inspiração constantemente renovável. Em seu novo álbum, "4 Elementos", o percussionista pernambucano de 69 anos resolveu pintar de sons representações imaginativas dos elementos da natureza.
"No meu disco anterior, 'Sinfonia e Batuques', que ganhou o Grammy e tal, eu fiz a "Suíte das Águas", onde faço toda a percussão com água, a parte rítmica", lembra Naná, em entrevista por telefone de sua casa, no Recife.
"Tirar som da água foi um processo que começou no mar, na praia, brincando. Depois comecei a gravar na piscina de casa. Aí já tinha um caminho. Pensei: 'então vou fazer os quatro elementos'."
A água aparece em melodia e ritmo na composição "Chorágua", um choro. A terra vem na faixa "Terráqueos - Vida - Bush Dance", representada pelos habitantes do planeta. Mais especificamente nossos corpos, com os quais podemos fazer música.
É uma ideia reminiscente de outras gravações de Naná utilizando o corpo como instrumento, aqui em fusão com sons eletrônicos. O fogo surge em vinhetas de sonoplastia de voz e saco de salgadinho.
Já no ar, Naná vai longe. "Pra significar o ar e criar essa trilha da minha imaginação, pensei em um grupo de astronautas africanos indo fazer uma dança nos anéis de Saturno", explica, rindo.
O disco, que fará parte de um show em São Paulo nesta sexta, homenageia também Clementina de Jesus (1901-87) e Airto Moreira e traz uma versão de "Légua Tirana", de Luiz Gonzaga (1912-1989).
Citando os versos "ó que estrada mais comprida, ó que légua tão tirana / ah, se eu tivesse asa, inda hoje eu via Ana", comenta: "Minha légua é tirana. Não é fácil quando você faz uma coisa que só você faz, não faz parte de um movimento. É como vejo minha história".
"Hoje já posso dizer isso mais conscientemente, com 69 anos. Cada disco é um momento diferente da minha vida, resultado dessas experiências que estou sempre querendo ter, mais e mais."
Ele conclui: "Minha légua tirana é minha vida: sempre querendo chegar lá e nunca chegando, porque estou sempre procurando mais. Mas se eu tivesse asa eu chegaria".

4 ELEMENTOS
ARTISTA Naná Vasconcelos
GRAVADORA Independente
QUANTO R$ 24,90

NANÁ VASCONCELOS E LUI COIMBRA
QUANDO sexta, às 21h
ONDE Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1.000; tel. 0/xx/11/2076-9700)
QUANTO de R$ 6 a R$ 24
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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