sexta-feira, 5 de julho de 2013

Maria Bethânia diz que os poemas de Pessoa são hits em seus shows

folha de são paulo
FLIP 2013
Paixão em comum une as convidadas da mesa mais concorrida desta edição da feira literária
Cantora fala hoje sobre os trabalhos do autor português ao lado de uma especialista, Cleonice Berardinelli
MARCO RODRIGO ALMEIDAENVIADO ESPECIAL A PARATYNa noite de hoje, a pesquisadora Cleonice Berardinelli e a cantora Maria Bethânia falam sobre o poeta português Fernando Pessoa.
A palestra foi a primeira a ter os ingressos esgotados --pouco mais de uma hora depois do início das vendas.
Amigas de longa data, uma atribui o sucesso à outra. "É por causa da Bethânia e do Pessoa. Eu entrei de bagagem", explica uma modesta Berardinelli.
"A mesa é dela. Eu estou apenas de aprendiz e apaixonada pelo poeta", retribui Bethânia.
Folha conversou com as duas, por telefone, em momentos diferentes, antes do início da Flip.
Berardinelli é uma das principais pesquisadoras da literatura portuguesa no Brasil. É também considerada a maior especialista brasileira em Luís de Camões e Pessoa.
Bethânia faz questão de dizer que seu conhecimento é de leiga, mas ela é também uma das maiores divulgadoras de Pessoa no Brasil. Desde 1967 recita o poeta em seus shows e discos.
"Os textos dele são os hits dos meus espetáculos. São tão aplaudidos quanto a canção Olhos nos Olhos'."
Numa de suas pesquisas sobre o poeta, a cantora descobriu que Berardinelli "sabia realmente tudo" sobre ele e resolveu convidá-la para um de seus shows, em meados dos anos 1970.
Guiadas por este amor em comum, a identificação foi imediata.
A pesquisadora tem 96 anos. É a palestrante mais velha de todas as edições da Flip. Mas, quando a Folha conversou com a professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro e imortal da Academia Brasileira de Letras, na semana passada, do outro lado da linha telefônica parecia haver uma garota eufórica falando de seu ídolo pop.
Mesmo se recuperando de uma forte gripe, Berardinelli mostrou energia de sobra.
"Ele é de uma originalidade incrível. Imagine, que outro poeta inventou para si tantos heterônimos?"
Para a apresentação na Flip a professora selecionou diversos poemas para Bethânia ler, mas brinca que não pode antecipar a relação nem sob tortura.
A cantora também esteve gripada na última semana, mas aparentemente curou-se com o mesmo remédio tomado pela professora.
"Pessoa é o meu Red Bull. Me deixa alucinada. Ele me pegou na veia."
Escritor discute memórias em mesa em Paraty
RODRIGO LEVINOENVIADO ESPECIAL A PARATY
Tobias Wolff trata hoje, numa mesa com o mexicano Juan Pablo Villalobos, de um tema que lhe é caro: a literatura como objeto de memória e confissão.
Foi a partir de sua realidade que Wolff se tornou um dos escritores mais respeitados dos EUA no pós-guerra, expoente do chamado "realismo sujo".
O escritor narrou sua infância difícil em "O Despertar de Um Homem" (1989), que virou filme em 1993, com Robert De Niro e Leonardo DiCaprio.
"Me interesso pela solidão e pela violência que são consequências do nosso evangelho do individualismo, pelos problemas de classe em uma sociedade que finge não ter classes, pelas relações atormentadas entre homens e mulheres", disse Wolff.
Sobre autores brasileiros, como Graciliano Ramos, o homenageado da Flip, Wolff é sincero: "Conheço clássicos como Machado de Assis e Mario de Andrade. Mas vou te contar, sou muito provinciano nas minhas leituras, e isso é muito constrangedor".

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