sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Problema é como financiar os gastos com o envelhecimento

folha de são paulo
ANÁLISE
MARCELO SOARESDE SÃO PAULOChegará mais rápido do que se imaginava o dia em que o Brasil terá mais habitantes que dependem da Previdência do que os que contribuem com ela.
Segundo a projeção do IBGE, em algum ponto de 2051 o Brasil terá mais idosos com mais de 60 anos do que jovens no auge de sua idade produtiva, entre os 20 e os 44 anos. Três a cada dez brasileiros estarão numa das faixas, outros três estarão na outra. Antes disso, a partir de 2042, a população do país passaria a cair.
Na mesma projeção feita em 2000, há meros 13 anos, chegaríamos a 2050 com um terço de brasileiros na faixa dos 20 aos 44 anos e pouco mais de um quinto com mais de 60 anos. O ponto da virada ainda demoraria um pouco mais e o momento em que a população passaria a reduzir não estava à vista.
Para que se tenha uma ideia, o "2050" de 2000 agora deve chegar 15 anos antes, quando os universitários atuais serão quarentões.
O principal fator da mudança, segundo o IBGE, é a queda na média de filhos por mulher --a taxa de fecundidade. Desde 2000, além de aumentar as chances de viver por mais tempo, os brasileiros passaram a ter menos filhos e mais tarde.
Isso contribui com o envelhecimento da população: menos jovens chegam para repor os que envelhecem. O problema é como financiar os gastos que o envelhecimento da população implica.
Há dois anos, o economista Paulo Taffner calculava, no livro "Brasil 2022", que o Brasil teria de crescer 4% ao ano entre 2010 e 2030 para poder acumular a expansão dos gastos que a nova demografia traz.
O ritmo do PIB segue errático: crescemos 7,5% em 2010, 2,7% em 2011 e 0,9% em 2012.
Nos 13 anos entre as duas projeções do IBGE, pouco mudaram os problemas previdenciários.
Enquanto a Espanha, em crise profunda, suou para alterar a idade mínima da aposentadoria (desde 2011, 67 anos), por aqui ainda se veem, sem espato, muitos aposentados sem idade para ser avós. Ontem pela manhã, um homem de 48 anos perguntava num programa de TV se podia se aposentar recebendo pelo teto.
A demografia correu mais rápido que a lei. E projeções, como é de sua natureza, mudam com os fatos. Nada impede que a virada chegue antes de 2051.

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