domingo, 11 de novembro de 2012

EUA buscam novo fôlego para crescimento - Raul Juste Lores


ELEIÇÕES AMERICANAS
EUA buscam novo fôlego para crescimento
PIB americano deve crescer 2,1% neste ano, taxa que é superior à do Brasil, mas nível de emprego permanece baixo
Crise europeia e abismo fiscal são obstáculos que o presidente Obama terá de enfrentar para reerguer a economia
RAUL JUSTE LORESDE NOVA YORK
A economia americana deu sinais de recuperação nos últimos meses. O desemprego está abaixo de 8% pela primeira vez desde janeiro de 2009 (7,9% em outubro), o setor imobiliário está crescendo pela primeira vez em três anos e os consumidores estão gastando mais em bens duráveis e em carros.
O PIB dos EUA deve crescer 2,1% em 2012, mais que o do Brasil. Mas as boas notícias não bastam para garantir uma retomada vigorosa.
A geração de empregos continua muito abaixo do esperado (cerca de 150 mil novos postos/mês, ou menos da metade da média pré-crise de 2008), as relações do governo Obama com o empresariado estão longe de azeitadas e o chamado abismo fiscal desafiará o talento do presidente em negociar com a oposição, majoritária na Câmara.
Por fim, a recessão europeia e a desaceleração chinesa afetam o setor exportador americano, mesmo com o "pouso suave" da China.
Analistas ouvidos pela Folha dizem que programas de estímulo federais e planos de desenvolvimento industrial dos Estados acabam focando só na nova economia.
De réplicas do Vale do Silício na Louisiana e em Pittsburgh (Pensilvânia) a investimentos em energias renováveis, os empregos que mais surgem são daquelas categorias onde há mais escassez: engenheiros, físicos, matemáticos e de profissionais com domínio de informática.
Para trabalhadores menos qualificados ou os desempregados com a crise da indústria manufatureira americana, o desemprego continua alto e sem perspectivas.
CORTES
Mais de 12 cortes temporários de impostos, instituídos no governo de George W. Bush, expiram no final de dezembro. 90% dos contribuintes no país serão afetados pela volta de diversos impostos, mesmo os mais pobres.
Segundo o Centro de Política Tributária, um centro de estudos apartidário, isso vai significar um aumento de US$ 2.000 (R$ 4.000) em média por família americana.
Obama tem pouco mais de um mês e meio para negociar com o Congresso que cortes de impostos devem ser mantidos e que gastos de governo não podem ser cortados, ao mesmo tempo em que controla um deficit crescente.
Os EUA estão tentando fugir do destino da Europa, que, cortando gastos e salários e aumentando impostos, aprofundou a recessão e o desemprego no continente.
A tal sinuca americana foi apelidada de abismo fiscal. O governo quer taxar mais ganhos provenientes de capital e rendas para casais que recebam acima dos US$ 250 mil ou solteiros acima de US$ 200 mil, elevar impostos sobre heranças e renovar as isenções para famílias mais pobres.

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