domingo, 9 de dezembro de 2012

Arquitetos serão chamados para 33º Panorama da Arte Brasileira


Lisette Lagnado, curadora da exposição, busca projetos para uma nova sede do MAM de SP
Para ela, é preciso discutir 'até que ponto a arquitetura do museu dá conta das aquisições' feitas para seu acervo
Apu Gomes/Folhapress
Prédio do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), que recebe em 2013 a exposição Panorama da Arte Brasileira
Prédio do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), que recebe em 2013 a exposição Panorama da Arte Brasileira
FABIO CYPRIANOCRÍTICO DA FOLHA de SÃO PAULOO 33º Panorama da Arte Brasileira, exposição mais tradicional do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), vai convocar arquitetos para criar uma nova sede para a instituição.
Essa é a proposta de Lisette Lagnado, curadora da mostra e responsável pela 27ª Bienal de São Paulo, em 2006. "Eu não queria fazer mais uma exposição de mapeamento. Outras instituições, como o Itaú Cultural, com o Rumos, já fazem isso bem", avalia Lagnado.
O conceito do Panorama, programado para setembro de 2013, partiu, segundo sua curadora, da constatação de um "incômodo": "É um museu sem sede própria, que ocupa um espaço provisório que se tornou definitivo, o que é uma característica da nossa modernidade".
A sede do MAM, de fato, foi criada em um ambiente temporário, projetado para a exposição "Bahia", idealizada por Lina Bo Bardi e Martin Gonçalves, em 1959, embaixo da marquise do Ibirapuera, e realizada durante a 5ª Bienal de São Paulo.
O pavilhão acabou se tornando sede do MAM, em 1968, sob protestos de Oscar Niemeyer (1907-2012), pois descaracterizava seu projeto original para o parque.
Cinco escritórios de arquitetura já foram convidados para a mostra, sendo quatro de São Paulo -Andrade Morettin, Tacoa, spbr e gruposp- e um do Uruguai, Y.
Lagnado ainda está entrando em contato com outros escritórios, como o suíço Herzog & de Meuron, que projeta o Complexo Cultural Luz, em frente à Sala São Paulo. "Não sei se terão tempo, mas gostaria de contar com eles."
ARTISTAS
O Panorama, contudo, não será realizado apenas com arquitetos. "A exposição vai mostrar diversas facetas da relação entre arte e arquitetura. Estou contatando também artistas, e a participação deles vai depender do que propuserem", afirma a curadora. Para tanto, Lagnado escreveu um texto sobre o princípio curatorial da mostra.
"Visitei o local com artistas como o costa-riquenho Federico Herrera e conversei com a Dominique Gonzalez-Foerster. Ambos ficaram de enviar projetos", conta.
O Panorama, segundo Lagnado, dá o "DNA contemporâneo ao MAM, e é graças a ele que muitas aquisições são feitas". Uma das questões que sua curadoria pretende levantar é "até que ponto a arquitetura do museu dá conta dessas aquisições".
Com tal formato, rompe-se novamente a estrutura do Panorama, como Adriano Pedrosa fez em 2009, ao criar uma exposição sem artistas brasileiros sobre arte brasileira, gerando intensa polêmica. "Eu precisava de uma questão, e a contradição do nome do museu, localizado num parque que é o cartão-postal da nossa modernidade, e um museu que não faz jus a esse nome, me pareceu um bom princípio", sintetiza Lagnado.

    FRASES
    "É um museu sem sede própria, que ocupa um espaço provisório que se tornou definitivo, uma característica da nossa modernidade"
    "A exposição vai mostrar facetas da relação entre arte e arquitetura"
    LISETTE LAGNADO
    curadora

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