quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Rio Babilônia - Paula Cesarino Costa

FOLHA DE SÃO PAULO

Rio Babilônia
RIO DE JANEIRO - A praia do Leme é aquele cantinho mais tranquilo, no começo de Copacabana. Nas pedras, há um forte. Atrás dos prédios, à beira-mar, sobe um morro muito verde. Chama-se Babilônia. Dá nome a uma das favelas que abriga; a outra é a do Chapéu Mangueira.
Foi lá que o francês Marcel Camus filmou, em 1959, "Orfeu do Carnaval" (ou "Orfeu Negro") -um dos mais premiados filmes sobre o Brasil e que ajudou a internacionalizar a marca do país. Do morro, o cineasta Eduardo Coutinho mostrou a virada do ano em "Babilônia 2000" e Walter Salles e Daniela Thomas contaram "O Primeiro Dia" (1998).
Basta para concluir que o cenário e a vista são cinematográficos.
A subida que leva ao alto é íngreme, mas no início a rua é larga e foi reformada. Começa ladeada por casas grandes, seguida de outras menores. É preciso fôlego para subir as escadas até as casas com lajes que deitam sobre o mar de Copacabana.
Passear por favelas tornou-se obrigatório para turistas que vêm ao Rio.
Apesar da dificuldade da subida, notam-se várias intervenções públicas, arrumação das vias, construção de prédios para os moradores, esgoto para quase 100%, ausência de lixo espalhado nas ruas, oferta de cursos.
Juntas, as duas comunidades abrigam apenas 3.740 habitantes, segundo o Censo de 2010. O lugar começou a ser ocupado no início do século 20, quando parte da aristocracia da cidade rumou para Copacabana, fazendo crescer a demanda por empregados que foram se instalar em casas precárias nos morros próximos.
Pode ser efeito do clima esperançoso de começo de ano, mas visitar aquele pedaço do Rio, com conversa obrigatória no Bar do David, dá a sensação de que algumas favelas começam a mostrar que pode haver solução urbana, social e econômica consistente. Resta saber se é viável nas que são quase cidades -como a Rocinha, com quase 70 mil moradores.

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