segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Filme sobre ícone pornô perturbou elenco [Linda Lovelace]

folha de são paulo

Amanda Seyfried brigou para protagonizar "Lovelace", biografia de atriz de "Garganta Profunda" exibida no Festival de Berlim
Já Peter Sarsgaard, que vive o namorado violento de Linda Lovelace, diz que papel lhe "fez muito mal"
RODRIGO SALEMENVIADO ESPECIAL A BERLIM"Lovelace", a esperada adaptação para o cinema da biografia de Linda Lovelace (1949-2002), protagonista do clássico pornô "Garganta Profunda" (1972), parece ter um efeito perturbador nos seus envolvidos.
A atriz Amanda Seyfried precisou brigar com seus agentes para conseguir o papel da estrela pornô involuntária dos anos 1970, a mulher que serviu de imagem para toda uma revolução sexual nos EUA naquele período.
"As pessoas subiram na cadeira quando disse que faria o filme. Elas ficaram assustadas", revela Seyfried, que virou morena no drama dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman, após a exibição do filme na mostra paralela Panorama do 63º Festival de Berlim, ontem.
No fim da sessão, o filme recebeu aplausos moderados
"Há muita gente que espera certas coisas de mim. Me sinto explorada quando me pedem que fique calada ou pegue papéis de menina boazinha. Mas preciso me proteger e ser eu mesma. E eu precisava desse papel."
De exploração, Chuck Traynor (Peter Sarsgaard), o namorado (e cafetão) de Linda Lovelace, conhece bem. No filme, baseado em diversos livros escritos pela estrela pornô, Traynor é retratado como um sujeito violentíssimo, que enchia a namorada de pancada e a forçou a fazer pequenos vídeos eróticos e, depois, produções como "Garganta Profunda".
NUNCA MAIS
Sarsgaard ficou tão abalado pelo papel que não conseguiu apresentar o longa na première mundial no Festival de Sundance, mês passado.
"Pela primeira vez eu vi as pessoas aplaudindo meu trabalho e aquilo me emocionou, porque eu não queria fazer o filme no começo", comentou o ator à Folha.
"Não queria o papel porque tenho filhas e Traynor é um personagem terrível. Aquilo me fez muito mal. Por sorte, passei os 28 dias de filmagens longe da família, em Los Angeles", diz o ator.
Ele é casado com a atriz Maggie Gyllenhaal ("Batman - O Cavaleiro das Trevas"), com quem tem duas filhas. "Nunca mais quero fazer o papel de um estuprador."
Os diretores Epstein e Friedman não ficaram incólumes a uma história repleta de personagens secundários (James Franco faz uma personificação assustadora de Hugh Hefner, dono do império da "Playboy") e dramas.
Lovelace ficou viciada em tranquilizantes nos anos 1970 e depois liderou uma cruzada antipornô nos anos 1980, além de ter escrito livros que distorcem certos fatos de acordo com a sua tendência moral daquele momento.
Os diretores precisaram refazer cenas para o final, que iria além da década de 1980, e deixou outras tantas no chão da montagem para concentrar-se nos bastidores de "Garganta Profunda".
"Não queríamos explorar uma personagem abusada na vida real", diz Friedman.
"Lovelace" é um retrato limitado de um certo período de uma personagem real interessante. O filme não descamba para o mau gosto, porém não tem a ousadia necessária que o período exigia -como mostrou o diretor Paul Thomas Anderson no filme "Boogie Nights" (1997).
As cenas de nudez são mínimas e as de sexo sugerem mais do que revelam."Eu falei que tiraria toda minha roupa para esse filme", diz Seyfried.
"Nosso objetivo era humanizar aquela mulher", diz Epstein. "Não queríamos fazer um filme pornô."

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