quarta-feira, 10 de abril de 2013

Argentina congela preços de combustíveis nos postos por seis meses

folha de são paulo

DE SÃO PAULO

O governo da Argentina determinou nesta quarta-feira o congelamento dos preços dos combustíveis em todos os postos do país pelos próximos seis meses. A medida é tomada um mês após ser imposto o limite de preços nos supermercados e nas lojas de eletrodomésticos.
Os congelamentos são usados pelo governo de Cristina Fernández de Kirchner como forma de impedir a alta da inflação que, segundo os índices oficiais, está em cerca de 10% ao ano desde 2009. Porém, consultoras privadas dizem que ultrapassam os 25%.
A medida foi assinada pelo secretário do Comércio Interior, Guillermo Moreno, responsável pela regulação dos preços dos produtos e pelo controle dos índices oficiais. De acordo com a resolução, os preços de gasolina e diesel devem permanecer com o preço máximo registrados pelos postos do país na última terça (9).
Desse modo, as distribuidoras que estiverem abaixo do valor poderão aumentar até a quantia estipulada. Para isso, a Argentina foi dividida em seis regiões diferentes, qualificadas de acordo com a proximidade dos centros de distribuição e das refinarias.
Dependendo da região, o preço do litro da gasolina varia entre 6,80 pesos (R$ 2,61), na capital Buenos Aires, até 7,80 pesos (R$ 3,00) no noroeste e na Patagônia, regiões mais distantes das unidades de refino, embora próximas das áreas de extração.
O governo argentino diz que a política é imprescindível e pretende "evitar desajustes nos valores a serem pagos pelos consumidores". A estatal YPF, maior petroleira do país e a que possui os preços mais baixos, disse que não pretende alterar a política de preços, mas não descartou futuros aumentos.
SURPRESA
Caso os postos não cumpram a medida, estarão sujeitos desde a multas de até 1 milhão de pesos (R$ 380 mil) ao fechamento do estabelecimento por 90 dias. Em casos graves, os donos poderão ser condenados por até dez anos de prisão.
A decisão causou surpresa na Federação de Distribuidores de Combustíveis do Centro, associação de donos de postos de gasolina de Buenos Aires. O presidente da entidade, Raúl Castellano, disse ao jornal "La Nación" que o congelamento dificulta as negociações com os frentistas, que querem um aumento de 30% nos salários.
Ele teme que a situação possa provocar uma greve de funcionários e disse que os postos não suportarão esse tipo de defasagem. "Quando há um certo nível de inflação e um produto fica congelado, gera defasagens. Os postos de gasolina são empresas pequenas que não têm reservas suficientes para suportar as diferenças".
Castellano ainda afirmou ter ficado surpreso pelo congelamento, em especial após o incêndio na refinaria de Ensenada, próxima a La Plata, atingida por enchentes no início da semana. Por causa do acidente, a Argentina será obrigada a importar mais combustível.
A medida é tomada um mês após Moreno determinar o congelamento dos preços de supermercados e lojas de eletrodomésticos. Devido ao estancamento dos aumentos, ele também impediu informalmente os anúncios de jornais, retirando mais uma fonte de renda de meios opositores, como "Clarín" e "La Nación".
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