sexta-feira, 5 de abril de 2013

Reforma agrária tem novos critérios definidos

folha de são paulo

Novo modelo prevê estudos para evitar assentamentos em regiões pouco promissoras
JOÃO CARLOS MAGALHÃESDE BRASÍLIADepois de dois anos, a gestão Dilma Rousseff deu forma legal ao seu novo modelo de reforma agrária.
Portarias publicadas nos últimos dois meses delinearam o projeto já em andamento de desacelerar a obtenção de áreas para tentar melhorar os precários assentamentos, apelidados pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) de "favelas rurais".
As normas indicam uma reforma agrária para ajudar a cumprir a principal promessa de Dilma: erradicar a miséria (ganho mensal per capita de R$ 70) até 2014.
Antes, para desapropriar uma fazenda, a Presidência precisava ter somente um laudo demonstrando que o local era improdutivo. Agora, com as novas regras, será necessário também um estudo que comprove a capacidade de geração de renda do imóvel.
Paralelamente, o governo calculará por meio de um laudo de vistoria e avaliação o custo do imóvel por família -com limites fixados em outra portaria. No bioma amazônico no Norte, por exemplo, esse valor é de R$ 90 mil.
Além de improdutiva, a terra terá de ser capaz de sustentar seus ocupantes e ter um preço considerado aceitável.
Para combater a miséria, todos os assentados agora têm de estar no Cadastro Único de programas sociais (que dá direito a receber o Bolsa Família, por exemplo).
Entre os fatores a combinar para a escolha das áreas para reforma agrária, constam a "densidade de população em situação de pobreza extrema" e a "existência de ações no âmbito do plano Brasil sem Miséria".
Além dos pobres, outro foco são os jovens, sob o argumento de renovar o programa. Uma das normas estabelece cota de 5% das áreas obtidas para pessoas de até 29 anos, em assentamentos com ao menos 20 lotes. Casais gays terão os mesmos direitos dos heterossexuais.
As normas concretizam o que já vinha ocorrendo na prática. Favorecida por uma fraca pressão política, resultado do encolhimento das organizações de sem-terra, Dilma é a presidente que menos assentou em mais de 20 anos.
"O governo Dilma não enfrenta o latifúndio", diz Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.
O presidente do Incra, Carlos Guedes, defende o novo modelo como "uma mudança profunda" e "um aperfeiçoamento importante".

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário