sexta-feira, 14 de junho de 2013

Novo protesto tem reação violenta da PM

folha de são paulo
GUERRA DA TARIFA
Quarto ato contra reajuste no transporte deixa dezenas de feridos no centro de SP; 192 são detidos
O quarto dia de protestos contra a alta da tarifa de transporte em São Paulo foi marcado pela repressão violenta da Polícia Militar, que deixou feridos manifestantes, jornalistas --sete deles da Folha-- e pessoas que não tinham qualquer relação com os atos.
O confronto teve início quando manifestantes tentaram subir a rua da Consolação, em direção à avenida Paulista, onde havia um bloqueio policial. Sem ter sido agredida, a Tropa de Choque cercou os manifestantes e disparou bombas de efeito moral e balas de borracha. Assustados, motoristas abandonaram os carros.
Depois, manifestantes repetiram as cenas de depredação dos protestos anteriores, danificando ônibus e uma agência bancária na avenida Angélica. Ao todo, 192 manifestantes foram detidos. Segundo o Movimento Passe Livre, cem pessoas ficaram feridas.
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que o ato de ontem foi marcado pela violência policial. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a PM não vai tolerar "depredação, violência e obstrução de vias públicas". O secretário da Segurança, Fernando Grella, afirmou que a polícia agiu para "garantir a ordem", mas ordenou que a Corregedoria apure relatos de abuso.
    Bombas e balas de borracha deixam centro em pânico
    Motoristas abandonaram carros nas ruas, e até prédio da PUC foi alvo de gás; manifestantes estimavam cem feridos
    PM diz que só atua após agressões e crimes; protesto voltou a ter vandalismo, como pichação e depredação
    DE SÃO PAULOCom balas de borracha e bombas de efeito moral, policiais militares agiram com violência para reprimir a quarta manifestação contra a alta da tarifa de transporte em São Paulo em uma semana.
    A PM promoveu um cerco ao centro e à avenida Paulista, agravando os confrontos e deixando em pânico pedestres e motoristas, que, no meio da confusão, chegaram a abandonar carros na rua.
    À noite, havia 192 detidos. A polícia não informou sobre feridos. O Movimento Passe Livre, que organiza os protestos, afirma que cem manifestantes se machucaram. Eles programam novo ato na segunda, às 17h, em frente à estação Faria Lima do Metrô.
    O protesto também voltou a ter cenas de vandalismo e depredação, embora com menor intensidade que nos anteriores. Uma agência bancária e um hotel tiveram vidros quebrados. Ônibus foram apedrejados e, assim como muros, pichados. Lixeiras foram incendiadas e utilizadas como barreira contra a PM.
    A manifestação saiu por volta das 18h30 do Theatro Municipal, no centro, em direção à praça Roosevelt, onde terminaria, após acordo entre manifestantes e polícia. Havia 5.000 pessoas, diz a PM. O grupo fala em 20 mil.
    O ato era pacífico até chegar à esquina das ruas da Consolação e Maria Antônia.
    O confronto começou quando um grupo tentou furar um bloqueio policial para seguir em direção à Paulista.
    Policiais da Tropa de Choque passaram a dar tiros de borracha para todos os lados e a lançar bombas. Manifestantes revidaram com pedras.
    Bombas de gás chegaram a ser lançadas até dentro de um prédio da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
    Um aluno relatou à Folha que professores se trancaram em salas para se protegerem.
    "Parecia que estávamos na ditadura militar", disse a arquiteta Isabelly Frederico, 36, que assistiu ao início da confusão de cima de um prédio.
    Centenas de jovens, muitos chorando, correram para se refugiar nos fundos de um posto de combustível --também alvo de bombas da PM.
    A ação da polícia, seguida de confrontos, se repetiu em ruas como Augusta, Angélica, Frei Caneca e Bela Cintra.
    Houve detenção de manifestantes que carregavam vinagre --para amenizar efeitos do gás-- ou máscaras.
    No final da noite, os manifestantes chegaram à Paulista, bloqueada pela PM e novamente palco de confronto.
    Ao menos 55 pessoas foram atendidas em um posto de emergência montado no espaço independente Matilha Cultural, disse Pedro Campana, 26, médico responsável.
    A Folha presenciou um PM agredindo, com chutes, um manifestante imobilizado, no chão, em frente à prefeitura.
    Nina Cappello, do Passe Livre, diz que "houve abuso" da polícia. O tenente-coronel Marcelo Pignatari, comandante da PM na Paulista, disse achar "impossível que a PM tenha agido sem ter sido agredida ou presenciado crimes".

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