sábado, 13 de julho de 2013

Painel das Letras - Raquel Cozer

folha de são paulo
Alternativa virtual
Pela primeira vez, uma editora recorre ao maior site de crowdfunding (financiamento coletivo) do país, o Catarse, para comprar direitos autorais de um título estrangeiro. O escolhido foi “El Greco”, de Nikos Kazantzakis, que só teve no Brasil uma tradução do inglês, por Clarice Lispector, em 1975. A editora é a Cassará, à qual a professora da USP Ísis Borges da Fonseca doou sua tradução direto do grego. Em uma semana, a Cassará arrecadou R$ 1.450. Precisa chegar a R$ 8.000 em um mês —o contrato com o espólio do autor está até assinado.

Já passaram pelo Catarse 58 projetos de literatura nacional, dos quais 18 atingiram a meta de arrecadação —taxa de sucesso de 31%, ante média geral do site de 53%. O desempenho baixo decorre do fato de possíveis apoiadores não conhecerem o trabalho de autores estreantes, os que mais costumam recorrer ao site. Traduções de grandes nomes podem ter mais potencial de arrecadação.
As coisas segundo quem entende
A editora Isa Pessoa espera ter até outubro, para a Feira de Frankfurt, a versão piloto de um dos projetos que estão na origem de sua editora Foz: um aplicativo paradidático feito a partir de “Morena de Angola”, de Chico Buarque, sob supervisão de Marisa Lajolo.

Enquanto isso, expande negócios. Comprou seu primeiro título estrangeiro, “Casa de las Estrellas”, de Javier Naranjo, um hit na última Feira de Bogotá, em maio. É um dicionário com 500 definições de crianças para 133 palavras, como “adulto: pessoa que, em tudo que fala, fala primeiro dela”; “morte: uma coisa que não volta” e “família: é feia”.
Será a aposta para o Natal da Foz, que investirá mais na literatura latino-americana.
Romance geek
Não tinha como ser mais nerd o título que a JBC prepara para a Bienal do Livro Rio, em agosto. Sucesso no Japão, “Densha Otoko”, de Nakano Hitori, foi criado na forma de conversas de usuários do 2channel, fórum virtual de discussão japonês. Nele, um jovem pede a amigos conselhos para conquistar uma garota. O pseudônimo do autor é uma referência a “naka no hitori”, algo como “um de nós” —no caso, os frequentadores de fóruns na internet. Sai aqui com o subtítulo “O Homem do Trem”.
Teaser ? Vem com aperitivo o livro “Sal”, estreia de Leticia Wierzchowski na Intrínseca, que sai no próximo dia 19. O e-book gratuito segue a estrutura polifônica do romance. É uma espécie de prólogo no qual os personagens perfilam-se uns aos outros.
Segundo round ? A Sextante avaliou, mas decidiu não contratar o independente “Mnemônica”, de Miguel Angel Perez Correa, que já teve 4.800 cópias vendidas na Amazon. O autor não desanimou. Prepara, para as próximas semanas, sua segunda incursão na autopublicação, “Inglês para Preguiçosos”.
Frutos ? Após “Esquilos de Pavlov”, de Laura Erber, a Alfaguara terá outro romance da safra “melhores jovens autores” da Granta. Contratou “Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente” (título provisório), de Luisa Geisler. Fica para 2014.

Outro olhar ? Sintomas de um mercado disposto a se renovar: a Ediouro foi buscar na Oi e na Fox-Sony, respectivamente, seus novos diretores, Marcos Terra (novos canais de vendas) e Ricardo Braga (comercial de livrarias).
Ensaio ? A argentina Sylvia Molloy vem ao Brasil em agosto. Fala, no dia 3, em evento da “Serrote” no Espaço Revista Cult. Hector Babenco mediará conversa com as atrizes Regina Braga e Isabel Teixeira, que encenam em São Paulo o texto “Desarticulações”, da ensaísta.
Desligamento ? O poeta e tradutor Sérgio Medeiros deixa, após três anos, a direção-executiva da Editora UFSC. Em 2012, quando Roselane Neckel assumiu a reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina, intelectuais prepararam carta pela permanência do editor. Não houve sintonia com a nova gestão, diz ele.

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