sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Novo mamífero é apresentado ao mundo‏

Cientistas revelam primeira espécie carnívora em 35 anos, que vive nas florestas do Equador e da Colômbia. Confundido por anos com um parente, olinguito pesa, em média, 900 gramas 


Estado de Minas: 16/08/2013 



Bassaricyon neblina é o mais recente membro da família Procyionidae, à qual pertencem os guaxinins e juparás

Washington – O olinguito, um pequeno mamífero que parece uma mistura de gato e ursinho de pelúcia, originário das florestas das regiões andinas do Equador e da Colômbia, foi apresentado ontem pelos cientistas como a primeira espécie de carnívoro descoberta no continente americano em 35 anos. O animal de olhos grandes e pelagem felpuda vermelho-alaranjada já tinha sido visto há anos em florestas equatorianas e colombianas, e também em museus e zoológicos, mas era confundido com um parente mais próximo, o olingo, explicaram os autores da descoberta, divulgada na edição de ontem da revista americana Zookeys. Essa, talvez, seja a explicação mais plausível para a demora em sua catalogação.

 Mas os especialistas detectaram que o pequeno mamífero, que os habitantes dos bosques andinos chamam de “neblina”, era diferente do olingo porque não acasalava com ele. Pesando 900 gramas, o mamífero foi chamado cientificamente Bassaricyon neblina e é o mais recente membro da família Procyonidae, à qual pertencem, entre outros, os guaxinins, os juparás e os olingos.

“A descoberta do olinguito nos mostra que o mundo não está completamente explorado e que seus segredos mais elementares não foram revelados”, afirmou Kristofer Helgen, curador de mamíferos no Museu de História Natural do Instituto Smithsonian em Washington e chefe da equipe de pesquisas que encontrou a nova espécie. “Se ainda é possível encontrar novos carnívoros, quais outras surpresas nos esperam? Documentá-las é o primeiro passo para o entendimento de toda a riqueza e diversidade da vida na Terra”, afirmou o pesquisador.

 A descoberta do olinguito foi o surpreendente resultado de uma década de pesquisas para categorizar os olingos, uma família de várias espécies de carnívoros que vivem nas árvores, agrupadas no gênero Bassaricyon. Ao examinar mais de 95% dos espécimes de olingos em museus, somados a exames de DNA e dados históricos, a equipe de Helgen descobriu evidências do olinguito, uma espécie que até o momento não tinha sido identificada.

CABEÇA E DENTES DIFERENTES O primeiro indício que chamou a atenção dos pesquisadores foi o tamanho da cabeça e dos dentes dos olinguitos, menores e de formato diferente aos de seus primos, olingos. Estudos comparativos sobre as peles desses animais nos museus concluíram ainda que a nova espécie era menor e com pelagem mais comprida e densa.
Seu hábitat, uma única região das montanhas andinas, entre os 1.500 e os 2.700 metros acima do nível do mar, também foi determinante porque estava a uma altitude muito superior de onde vivem os olingos. Mas a informação foi obtida de espécimes coletados no começo do século 20 e os cientistas precisavam comprovar se os olinguitos ainda existiam na natureza.
Para isso, Helgen lançou-se a uma nova expedição de três semanas nos bosques andinos, ao lado de Roland Kays, diretor do Laboratório de Biodiversidade do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte (Sudeste dos EUA), e o zoólogo equatoriano Miguel Pinto. Os cientistas passaram dias gravando e documentando a vida, o comportamento e o hábitat dos olinguitos.


 A equipe determinou que a nova espécie é predominantemente noturna e come sobretudo frutas, embora também se alimente de insetos. Poucas vezes deixa as árvores e teria um único filhote por vez. Mas também encontraram que esses animais se veem ameaçados pelo desenvolvimento humano, com 42% de seu hábitat histórico agora transformado em áreas agrícolas ou urbanas. “Esperamos que o olinguito sirva como espécie embaixadora dos bosques nebulosos de Equador e Colômbia, para chamar a atenção do mundo para esses hábitats críticos”, disse o curador do Smithsonian.


Na era dos dinossauros

A descoberta do fóssil de um roedor de 160 milhões de anos na China, anunciada ontem na revista Science, contribui para explicar como os pequenos mamíferos pré-históricos se desenvolveram na era dos dinossauros. O esqueleto quase completo com cerca de 17 centímetros de comprimento corresponde ao mais antigo dos mamíferos multituberculados, pequenos roedores que desapareceram há mais de 60 milhões de anos. Pertenceu a uma nova espécie, denominada Rugosodon eurasiaticus, dotada de tornozelos flexíveis para escalar árvores e dentes afiados capazes de morder tanto plantas quanto animais. Essas adaptações ajudaram esses roedores ancestrais, similares a ratos, a se situar entre os mamíferos mais longevos da História, segundo o estudo realizado por Chong-Xi Yuan, da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, em Pequim. Originários do período Jurássico, eles viveram cerca de 100 milhões de anos, na era dos dinossauros, antes de os roedores modernos os sucederem. Suas habilidades também permitiram que evoluíssem e se diversificassem em uma série de mamíferos escaladores de árvores e comedores de plantas que os sucederam, explicaram cientistas da China e dos Estados Unidos

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