sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Em crise política, Natal vive colapso em saúde, educação e coleta de lixo


Cidade tem aulas suspensas, detritos acumulados em todos os bairros e falta de médicos
Caos por falta de pagamento a servidores e empresas ocorre após afastamento da prefeita por suspeita de desvios
DANILO SÁCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NATALÀs vésperas do início da temporada de verão, Natal está em colapso: o lixo se acumula nas ruas, a saúde está em estado de calamidade pública e o ano letivo será suspenso em escolas municipais.
O cenário ocorre em meio ao afastamento da prefeita Micarla de Sousa (PV), que deixou o cargo há um mês por decisão da Justiça, após denúncias de desvios de recursos dos cofres da cidade.
Há acúmulo de lixo em todos os bairros, situação que vem se agravando no decorrer do ano. Na praia de Ponta Negra, onde fica o morro do Careca, um dos cartões-postais da capital potiguar, o lixo permanece amontoado na areia.
As empresas contratadas para fazer a coleta pararam ou reduziram o serviço por atraso no pagamento. A Companhia de Serviços Urbanos de Natal, ligada à administração municipal, tem só neste ano R$ 19,4 milhões em dívidas por gastos de manutenção e limpeza.
SEM AULAS
A rede municipal de educação decidiu interromper suas atividades por tempo indeterminado. Os 15 mil estudantes do sistema devem ficar sem aulas a partir de segunda-feira.
A decisão foi tomada nesta semana pelos diretores das escolas. Entre os problemas apontados estão desde o atraso de três meses no pagamento a servidores até a falta de merenda e de gás de cozinha.
A presidente do sindicato da categoria no Estado, Fátima Cardoso, diz que professores chegam a fazer "vaquinha" para que merendeiras, vigilantes e outros servidores possam pagar o transporte.
A mãe de uma estudante da Escola Municipal Luíz Maranhão Filho, no bairro de Cidade Nova, está inconformada com a situação.
"Isso prejudica o futuro das crianças, já que o aprendizado fica comprometido", diz Rosângela Carvalho, 44.
Ontem, a 2ª Vara da Infância e da Juventude determinou que a prefeitura repasse R$ 12,7 milhões à Secretaria de Educação do município, para pagamento dos funcionários.
Se a metade não for depositada em 48 horas, todo o valor será bloqueado do caixa-geral da prefeitura.
SEM MÉDICOS
Além de problemas na educação, o vice-prefeito Paulinho Freire (PP), que assumiu a prefeitura após o afastamento de Micarla, decretou nesta semana estado de calamidade pública na saúde. A decisão ocorre por causa da falta de profissionais para atendimento em unidades locais.
A dona de casa Lourdes da Silva, 54, que procurava atendimento na manhã de ontem no posto de saúde do bairro Mãe Luiza, disse à reportagem que "a falta de médicos é comum". "Todos já se acostumaram com isso."


FRASE
"Isso [suspensão das aulas] prejudica o futuro das crianças, já que o aprendizado fica comprometido"
ROSÂNGELA CARVALHO, 44
mãe de aluna da rede municipal

OUTRO LADO
Prefeitura diz que fará mutirão de limpeza hoje
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NATALA Prefeitura de Natal não se manifestou ontem sobre as causas dos problemas que ocorrem nas áreas de limpeza urbana, saúde e educação.
O vice-prefeito Paulinho Freire (PP), que assumiu a prefeitura após o afastamento de Micarla de Sousa (PV), não respondeu às ligações da reportagem.
O Gabinete Civil disse que não poderia tratar do tema e sugeriu que a Folha procurasse a Secretaria de Comunicação. Já a pasta afirmou que apenas o vice-prefeito poderia se manifestar, mas que ele estava viajando.
A secretaria afirmou apenas que, desde sua posse, Freire cortou secretarias e cargos comissionados para reduzir custos. Sobre o lixo, disse que será lançado hoje um mutirão de limpeza na cidade, com apoio de diversos órgãos, incluindo o Exército.
A Companhia de Serviços Urbanos limitou-se a encaminhar um relatório sobre suas dívidas, que já havia sido entregue à Promotoria.
REUNIÃO
O secretário de Educação, Walter Fonseca, disse que faria uma reunião hoje com Freire e só depois disso poderia conceder entrevista.
A secretária municipal de Saúde, Joilca Bezerra, também afirmou que não poderia falar sobre os problemas. (DS)

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